Em Trás-os-Montes, ao longo de uma extensão de 70 km, existe uma série de lagos ligados entre si por gargantas e penhascos, que formam um santuário de vida selvagem e que oferecem aos visitantes paisagens de cortar a respiração. Falamos dos lagos do Sabor, que unem os concelhos de Alfândega da Fé, Macedo de Cavaleiros, Mogadouro e Torre de Moncorvo.
Estes lagos nasceram com a construção da barragem do Baixo Sabor, o que alterou a afluência da água e levou a uma mudança de cenário. Foi assim que o Sabor perdeu o título de “último rio selvagem de Portugal”, embora o rio não tenha deixado de ser arisco.
A barragem de Baixo Sabor foi a alternativa encontrada à barragem prevista para Vila Nova de Foz Côa. Apesar de anos de contestação, sobretudo porque esta é uma zona de proteção ambiental, a Comissão Europeia deu luz verde à construção da barragem, que custou cerca de 450 milhões de euros e que produz eletricidade para 300 mil pessoas.
Foi assim que, através da ação humana, a linha do horizonte entrecortado de Trás-os-Montes ganhou água nos vales. Apesar de tudo, ainda não há autorização para novas praias fluviais, ainda não existem aqui os famosos barcos-casa ou as casas palafitas, e os barcos de recreio ainda são poucos. Além disso, a pesca não está regulada e o regadio também não é programado.
Esta imensa extensão de água doce encontra-se por explorar e por organizar, o que dá a sensação aos visitantes de que são os primeiros a fazer tudo por ali. Onde antes apenas existia terra e um pequeno curso de água, nasceram 3 grandes lagos: o Lago de Cilhades, o Lago do Medal e o Lago dos Santuários. Com a subida do leito, a Foz do Azibo ficou maior e mais larga.
Como a zona ainda se mantém relativamente intocada, se quiser fazer praia nos novos lagos, ou se quiser passear de barco, terá de o fazer por sua conta e risco, uma vez que não existem empresas que possam fazer a exploração das margens das albufeiras criadas com a barragem.
No entanto, existem na zona duas praias fluviais que já existiam, a praia da Foz do Sabor e a praia da Foz do Azibo, com água mais quente do que seria de esperar para o rio, que ronda os 24° no final de agosto.
No cimo de um dos montes que circundam os lagos, encontra-se um santuário que foi transferido para este local, para fugir à subida das águas. O santuário, mandado construir no século XVIII pela família dos Távoras, encontra-se a cerca de 1 km do seu local original.
Ao longo de meses, equipas de restauradores desmontaram a igreja de um lado e montaram no outro, pedra sobre pedra, no cimo do monte da Parada e de frente para o novo Lago dos Santuários. Assim, nesta nova localização, consegue apreciar a nova paisagem criada pelas águas do Sabor.
Também aqui foi construído um pequeno museu em que se pode ver em fotografias a forma como o santuário subiu a encosta ao longo de meses. O museu tem também um espaço dedicado à vida de Santo Antão, e uma parede dedicada aos “ex-votos” que os crentes faziam a este Santo para pagarem as promessas. Fora deste espaço, há espaço para um restaurante panorâmico e um dormitório, na Casa do Romeiro.
A natureza que rodeia os Lagos do Sabor encontra-se ainda praticamente intocada e, por isso pode contactar com diversos animais, entre os quais se destacam a Lontra Europeia, a Águia de Bonelli e o Grifo.
Também pode fazer diversas atividades que o aproximarão da natureza, como o birdwatching, passeios botânicos e mitológicos, ou seguir a rota do lobo ou a Ecopista do Sabor. Por último, não perca a gastronomia tradicional destes concelhos, experimentando iguarias como o peixe frito do rio, as amêndoas de Moncorvo ou os cogumelos “Pantorra”.