Hadem convir que todos os dias são cometidos verdadeiros atentados á língua portuguesa. Derivado a isso, resolve-mos ir há procura dos erros mais frequentes, e irritantes, de português. Na frase anterior, à quatro e nesta há um. Sabe quais?
Hades é o deus do mundo inferior e dos mortos, na mitologia grega, mas há quem insista em usá-lo em lugar de hás de, a forma correta da segunda pessoa do singular do presente do indicativo do verbo haver com a preposição de.
Este é um erro fatal e quando aparece escrito, por exemplo, no mural de Facebook de alguém, constitui justa causa para desamigamento. Estamos é a conjugação, no presente do indicativo, da primeira pessoa do plural do verbo estar e é uma palavra só, sem hífen.
Derivado de. Devido a. Tão simples.
Não. À leva acento grave. Algumas pessoas teimam no acento agudo, o que é uma injustiça para o grave, tão pouco usado na língua portuguesa. À é das poucas palavras que o tem. Façam-lhe justiça.
Por vezes confunde-se o à com o há, sobretudo quando o verbo haver é usado para descrever a passagem do tempo. Quando queremos dizer que foi há pouco tempo, usamos o h, há, do verbo haver. Já se quisermos dizer que precisamos de ir às compras, dispensamos o h e vamos.
Há o nome ou substantivo masculino grama, que é uma unidade de medida de massa e há o nome ou substantivo feminino grama, conceito semelhante a relva. Diz-se um grama, dois gramas, duzentos gramas.
«Destrocar» existe. É desmanchar a troca. Compra um bolo de chocolate e tem um insecto lá dentro. Devolve o bolo. Opera uma destroca, ou simplesmente, destroca. Deformação popular é empregar o verbo no sentido de trocar notas por moedas.
Há dois anos, há quatro jogos, há duas aulas. Acaso seria possível há duas semanas à frente ou ao lado?
A cerca media um metro. O presidente recusa falar acerca de novas contratações. Veja todas as notícias acerca do que se passa na Líbia. Há cerca de doze anos, deixei de fumar.
«Beje é um erro ortográfico e beige é francês. A cor é bege.
Persistimos na confusão do adjectivo «bom» com o advérbio «bem». «Estás bom?» e «estás boa?». A pergunta deve ser: «Estás bem?» Quem utiliza o «bom» ou «boa» que faça o exercício de utilizar os antónimos: «Estamos/passaste mau/má?». Quando expressamos assentimento, aquiescência, digamos «está bem» – como dizemos «está mal» – e nunca «está bom».
Damos um conselho. Os ministros reúnem-se num conselho de ministros. Temos conselhos científicos e outros órgãos colegiais. Temos os concelhos de Loures, de Sintra, ou seja, a ideia de circunscrição territorial.
«Com certeza» – duas palavras. Com ou sem certeza. Não existe «concerteza».
Para tudo e mais alguma coisa, os portugueses dizem e escrevem «situação constrangedora». Constranger é impedir os movimentos, comprimir, subjugar, coagir. Constrangido é que foi forçado, obrigado, coagido. Confrangedor é aquilo que aflige, atormenta, angustia, «causa dor».
Despensa é o pequeno compartimento da casa onde guardamos os produtos alimentares. Dispensa é o ato de dispensar, a permissão para não executar um dever ou um trabalho.
«Desfolhar» é tirar folhas ou pétalas. Quem desfolha livros… arranca as páginas. «Folhear» é ler apressadamente, virando as páginas com ritmo acima da leitura normal.
Evacuam-se espaços. Não se evacuam pessoas. As pessoas evacuam, claro está, no sentido de expelir excrementos. Etimologicamente, evacuar é esvaziar. Em situações extremas, as pessoas são desalojadas.
«Fossemos» – lemos a primeira vogal como u – é do verbo fossar, revolver a terra com o focinho. «Fôssemos» é do verbo ser e do verbo ir. A importância de um acento circunflexo.
Os inimigos são figadais. O ódio é figadal. Oriundo do fígado, profundo, íntimo. Fidagal não existe – temos «fidalgal», relativo a fidalgo.
A política do Governo não foi de encontro às ideias da tróica. Foi ao encontro das ideias da tróica. «Ir de encontro a» significa tão só esbarrar fisicamente, implica colisão.
A palavra é «insossa». Insosso, do latim insulsu, «sem sal» «sem sabor».
O termo em português é «inclusive», palavra latina que entrou tal qual na língua portuguesa. O seu antónimo é «exclusive».
Tanto pode dizer «já» como «agora». Já agora é uma redundância não-intencional, ou seja, um lugar comum.
A palavra correta é «losango» do francês losange.
Leitor, quando emprega esta expressão, pretende transmitir a ideia de imundície? Pretende dizer mal e suinamente?, mal e sordidamente? A expressão original é «mal e parcamente» que significa «fez mal e, ainda por cima, fez pouco».
A expressão é «morrer de fome». Como morrer de tédio, de ciúmes, de riso. Ter morrido ao frio não significa que se tenha morrido de frio.
Onde é um locativo, localiza no espaço e por isso não deve substituir, como abusivamente tem feito, o em que ou o na qual. Por exemplo: um período da minha vida onde, um filme onde, uma música onde, uma frase onde. Tudo errado. Em que e na qual seriam a fórmula adequada.
A expressão idiomática é «ovelha ronhosa». Provém de «ronha» e não de «ranho».
Mnemónica: «pedir algo» e não «pedir para algo». Exemplo: O juiz pediu que se calassem.
Estamos perante um particípio passado – no caso em apreço, do verbo ver. A expressão correta é «pelo visto». Perante aquilo que foi visto.
Por que razão se lê «quanto muito» todos os dias? Muito parece pedir «quanto». A condição quando muito equivale à condição «no máximo».
Correctamente, «reouvéssemos».
A expressão acertada e lógica «é saudades de ti».
«Come menos doces, senão engordas»: a palavra senão utiliza-se sempre que queiramos transmitir a ideia de «caso contrário», «de outra forma», «de outro modo», «de contrário», «excepto», «defeito». Já «se não» tem outro sentido: «se não te apressas, chegas atrasado».
Alguém dorme sob a ponte se dormir debaixo da ponte e dorme sobre o jornal se o jornal estiver debaixo do seu corpo. A situação está sob controlo.
A expressão é ter que ver. «Ter que ver» como «ter pouco que fazer».
Correcto é «colher as impressões digitais». Se tirasse as impressões digitais, ficaria sem elas – imagine a sua pele a ser rasgada, o sangue…
Em português, grafa-se «ioga».
Fonte: noticiasmagazine.pt
“Ter a ver”. Gralha na legenda.
Corrigido. Obrigado.
Por baixo da apresentação “Já agora”, tem logo 4 ou 5 erros…nem verifiquei o que vinha a seguir…
Pois é! E começamos muito mal…(Derivado a isso, resolvemos ir há procura dos erros mais frequentes)
Meu caro, creio que quando falamos devemos estar certos do que dizemos e você da Língua Portuguesa, não entende nada, talvez entenda de Brasilês!… Para ser Português correcto teria de dizer, Devido a isso, resolvemos ir à procura!.
Fica muito feio, vir aqui falar de uma Língua que tem mais de 800 anos e não entender nada da mesma!
Pobre, Luís Vaz de Camões, que tão vasto foi teu conhecimento e sofrimento, por esta Língua tão Nobre e Bela. Se hoje voltaras, estes que se apoderaram da Língua Portuguesa, cortariam tuas mãos, não te tiravam um olho!.
“Brasilês”? Qual seria o motivo para ofender os brasileiros? Parei de ler ali…
Parece que nos querem fazer compreender os erros que damos mas … corrigir os que erram implica saber e não dar erros.
Corrija lá o “resolve-mos” para ver se “resolvemos” as questões sem dar erros.
Atenção que colher as impressões digitais NUNCA poderia envolver remoção de pele: as impressões são, por definição, uma transferência de imagem de um objecto para uma superfície, por meio de pressão – sendo que é a imagem impressa que ganha o descritivo de “impressão”.
No caso, a expressão é aplicada exactamente no mesmo contexto – e com o mesmo princípio físico – do que “tirar uma fotocópia” – o que, na verdade, deveria dizer-se “fazer uma fotocópia”, e daí “fazer uma impressão digital”.
“Colher” impressões digitais também não me parece correcto, porque nada é removido da origem, no processo!
“Derivado a isso, resolve-mos ir há procura dos erros mais frequentes, e irritantes, de português. Na frase anterior, à quatro e nesta há um. Sabe quais?”
Na frase anterior há 2 erros (que eu identifico). Na anterior a essa, há mais dois.
O correcto seria “Nas frases anteriores”, ou não?