A palavra “mãe” representa, sem dúvida, uma das expressões mais emotivas e significativas em todas as línguas, transportando consigo uma riqueza histórica que se entrelaça nas origens da comunicação humana.
Observamos uma surpreendente semelhança deste termo em diversas culturas – “mother” em inglês, “madre” em espanhol, “mère” em francês, entre outros exemplos -, evidenciando uma história fascinante que mergulha nas raízes etimológicas e culturais da linguagem.
Esta expressão tão universal encontra a sua origem imediata no latim, de onde a língua portuguesa herda a palavra “mater”. Durante os primórdios do idioma português, utilizava-se “madre”, que ao longo dos séculos evoluiu para a forma atual “mãe”.
Esta evolução linguística é igualmente visível em termos derivados, tais como “comadre” (indicativo de uma relação estreita com a mãe), “madrasta” (referindo-se a uma figura materna secundária) e “madrinha” (inicialmente um diminutivo carinhoso de mãe, evoluindo posteriormente para designar uma figura feminina de apoio e orientação).
Adicionalmente, do latim derivam também “mamma” (referente ao seio) e “mammare” (mamar), palavras que sublinham a importância da figura materna na alimentação e no cuidado da prole, reforçando a ligação essencial entre a maternidade e a amamentação, simbolizada pelo som primordial “MA”.
A similitude do termo “mãe” em diversas línguas ultrapassa os limites da família indo-europeia, que engloba uma grande parte das línguas faladas na Europa e na Ásia.
Línguas de horizontes vastamente diferentes, como o Navajo, o Quíchua, o Egípcio Antigo, o Coreano e o Suaíli, apresentam termos notavelmente semelhantes para se referirem à mãe, apontando para uma universalidade que vai além das divisões linguísticas convencionais.
Este fenómeno pode ser explicado pelos padrões universais do desenvolvimento da fala humana. Os sons “m”, “p” e “b” estão entre os primeiros que os bebés conseguem articular, devido à simples ação de abrir e fechar os lábios.
A preferência pelo som “MA”, em particular, poderá estar relacionada com o processo de amamentação, durante o qual o bebé produz um “sopro nasal” que remete para esse som, estabelecendo uma associação instintiva entre o mesmo e o conforto e alimentação proporcionados pela mãe.
Portanto, a palavra “mãe” reflete não apenas uma base linguística comum, mas também uma experiência humana universal de afeição, cuidado e laço emocional.
O som “MA”, inicialmente ligado à nutrição, evoluiu nas diversas culturas para simbolizar a figura materna, enraizando-se na linguagem indo-europeia e, por sua vez, em inúmeras outras línguas globais.
Este percurso etimológico não só sublinha a centralidade da maternidade na vivência humana, como também realça a capacidade extraordinária da linguagem de captar e transmitir os elementos mais vitais da existência.
Desde os alvores da humanidade, o termo “mãe” tem sido um símbolo de amor, proteção e zelo, uma verdade universal que transcende fronteiras linguísticas e culturais, unindo todos os seres humanos numa experiência comum de profundo valor emocional e social.