O embate entre “catorze” ou “quatorze” parece retornar às pautas da língua portuguesa com certa frequência. Não raras vezes, é possível encontrar livros muito respeitados que apresentam distinção na grafia da palavra. Isso leva muitas pessoas a terem dúvidas se “catorze” ou “quatorze” é opção correcta.
Na prática, não há motivos para preocupação. As duas formas de se escrever a palavra podem ser utilizadas, pois tratam-se de formas gráficas variantes.
O facto de uma palavra ser mais utilizada que a outra depende muito da região e do contexto, mas, na prática, qualquer uma das duas pode ser aceite dentro da norma culta da língua portuguesa. Perceba os motivos pelos quais tanto faz utilizar “catorze” ou “quatorze”, e alguns cuidados especiais na utilização destas palavras:
O que são as formas gráficas variantes?
Numa língua tão rica e cheia de influências quanto a língua portuguesa, existem algumas palavras que podem ser escritas de mais de uma forma sem estarem erradas.
Isso ocorre por vários motivos, e é especialmente comum quando uma das formas faz menção à origem da palavra (mais próximo do latim, por exemplo), enquanto a outra adequada à grafia aos fonemas que ela representa de facto.
Esse é exactamente o caso da questão entre “catorze” ou “quatorze”, aliás. Isso não indica que uma forma esteja mais correcta do que a outra. Cada pessoa e região costuma ter uma preferência sobre a forma de escrever a palavra, e deve-se respeitar isso sem maiores preocupações.
As duas variantes são aceites na língua portuguesa, especialmente em contexto brasileiro. No caso de Portugal, especificamente, é mais comum encontrar “catorze” com “c”, mas a versão com “qu” não é tecnicamente incorrecta. Qualquer que seja a variante, todas são aceites para a indicação do cardinal 14.
Por que razão as duas palavras estão corretas?
Como mencionado no trecho anterior, o que justifica as duas palavras estarem correctas é o facto de serem formas gráficas variantes. Cada uma foi obtida de uma forma: uma por proximidade à língua original onde existia (neste caso, o latim); a outra, por proximidade à questão fonética na língua onde existe agora.
A palavra quatorze faz referência ao latim quatttuordecim, mantendo as letras de sua língua original. Isso é significativamente comum em diversas línguas que se modificaram ao longo do tempo. Por isso, aqueles que consideram que a origem etimológica apresenta um peso a ser considerado no uso da palavra, dão preferência à opção com “qu”.
O caso é diferente quando se utiliza a grafia “catorze”. Neste caso, há uma valorização da fonética da língua portuguesa. Mesmo quando escrito com “qu”, a palavra quatorze é pronunciada correctamente com o som de “ca” na primeira sílaba.
Por isso, escrever catorze é considerado igualmente correcto na língua portuguesa. Essa opção costuma ser especialmente utilizado por aqueles que buscam valorizar os fonemas actuais, não considerando a preservação da origem etimológica prioritária.
Cuidados ao utilizar o português de Portugal
Na língua portuguesa de forma geral, a utilização de “catorze” ou “quatorze” é correcta de qualquer maneira. Especificamente em Portugal, no entanto, a adopção do “catorze” é cada vez mais comum. Embora a opção com “qu” não esteja tecnicamente errada, ela torna-se cada vez menos utilizada.
A tendência é que, ao longo dos anos, ela seja abandonada (da mesma forma que aconteceu com a grafia “pharmácia”, por exemplo). Por isso, já é uma indicação no português do velho continente que se dê preferência para a grafia “catorze”.
Isso porque a linguagem, em Portugal, tomou um rumo mais definido de valorizar a relação entre grafia e fonética, o que provavelmente levará a “homenagem etimológica” ao desuso em breve.