No vasto e rico domínio da língua portuguesa, certas palavras geram frequentemente confusão, não apenas pela similaridade fonética, mas também pelos contextos em que podem ser empregadas.
Este é o caso de “descriminar” e “discriminar”, dois verbos que, apesar de próximos na escrita e na pronúncia, carregam significados distintos e importantes de serem distinguidos para uma comunicação clara e precisa.
Discriminar
O verbo “discriminar” origina-se do latim “discriminare”, que significa “fazer uma distinção”, “separar”. Na língua portuguesa contemporânea, este verbo tem um uso predominante relacionado com a ação de tratar de forma diferente e injusta indivíduos ou grupos com base em critérios como raça, género, idade, religião, entre outros.
Discriminar é, portanto, uma prática socialmente reprovável e legalmente condenável, que remete à ideia de preconceito e exclusão.
Exemplo de uso de “discriminar”:
- “A legislação proíbe discriminar pessoas com base na sua orientação sexual.”
Descriminar
Por outro lado, “descriminar”, menos frequente no uso quotidiano, refere-se ao ato de retirar a caracterização de crime de uma determinada prática, ou seja, deixar de considerar algo como criminoso.
Este verbo está, assim, intrinsecamente ligado ao âmbito legal e judicial, remetendo ao processo pelo qual determinadas ações deixam de ser vistas sob a ótica criminal pela lei.
Exemplo de uso de “descriminar”:
- “O movimento defende descriminar o uso de certas substâncias para fins medicinais.”
Como distinguir entre “descriminar” e “discriminar”?
Para evitar erros e garantir o uso adequado de cada verbo, é essencial compreender o contexto e o significado que se pretende transmitir. Uma forma prática de distinguir entre os dois é associar “discriminar” com a ideia de “distinção” ou “separação” baseada em preconceito, e “descriminar” com a ação de “eliminar o caráter criminoso” de algo.
Essa distinção é crucial para assegurar a precisão e a clareza da comunicação, especialmente em textos formais ou académicos, onde a escolha correta das palavras reflete o cuidado e a profundidade da análise do autor.
A importância da escolha correta
O domínio da língua portuguesa implica não apenas uma compreensão gramatical, mas também uma sensibilidade para as nuances semânticas das palavras. A diferença entre “descriminar” e “discriminar” exemplifica como uma letra pode alterar completamente o sentido de uma frase, destacando a importância de uma escolha lexical cuidadosa.
Em contextos jurídicos, sociais, e educacionais, o emprego preciso destes termos é essencial, não só para a correta interpretação dos textos, mas também para promover uma comunicação responsável e consciente.
Além disso, o entendimento e a aplicação correta de “descriminar” e “discriminar” refletem o respeito pela rica complexidade da língua portuguesa e pela precisão que a comunicação eficaz requer.
Neste sentido, o recurso a dicionários, guias de estilo e outras ferramentas de apoio linguístico é recomendável para esclarecer dúvidas e enriquecer a expressão escrita e oral.
Conclusão
“Descriminar” e “discriminar” são apenas um exemplo entre muitos que ilustram a beleza e a complexidade da língua portuguesa. A atenção aos detalhes e o compromisso com a precisão não só enobrecem o uso do idioma, como também promovem uma comunicação mais eficaz e inclusiva.
Ao dominar as subtis diferenças entre palavras de sons semelhantes, os falantes e escritores da língua portuguesa reforçam o seu poder de expressão e contribuem para uma sociedade mais informada e consciente.