Cada vez mais, o turismo de emoções está na moda, com os turistas a não se contentarem em visitar apenas os locais mais conhecidos de um determinado sítio, procurando em vez disso locais que o tempo fez cair no esquecimento, que se encontram abandonados e que muitas vezes têm a fama de assombrados.
São locais repletos de histórias e de lendas urbanas que foram criando, ao longo do tempo, uma áurea especial em torno deles. Hoje, são visitados sobretudo pelos entusiastas do turismo de locais abandonados, algo cada vez mais comum.
Um pouco por todo Portugal, podemos encontrar velhos locais nos quais a população acredita viverem espíritos. São locais que vale a pena conhecer, caso tenha coragem para os visitar e, por isso, deixamos-lhe algumas sugestões.
1. Palacete de Marques Gomes (Vila Nova de Gaia)
Diz quem já inspecionou o interior desta propriedade abandonada, junto ao Douro, que ali se prova que as almas de outro mundo existem. Situada na margem de Vila Nova de Gaia, mesmo aos pés do rio, esta mansão esconde segredos arrepiantes.
Uma das visitas mais famosas registou uma voz metálica e brusca, que gritou “saiam já daqui, vão-se embora!”, algo que é assustador o suficiente para que ninguém ouse fazer pesquisas mais aprofundadas sobre o local.
2. Casa do Diabo em Felgueiras
Em Felgueiras, mais concretamente na Lixa, existe uma casa, agora em ruínas, a que chamam de Casa do Diabo. Diz a lenda que a mesma está assombrada e que um casal de agricultores, que ali viveu durante 3 ou 4 anos, passou por diversas situações inexplicáveis. Para complementar os rendimentos, a mulher fazia alguns bordados.
Certo dia, quando acabou de bordar uns panos que lhe tinham sido encomendados, deixou-os num dos quartos já dobrados e passados a ferro. No dia seguinte, quando ia entregar a encomenda, viu que os panos estavam todos cobertos de urina e remexidos, algo estranho, já que só ela e o marido estavam em casa. Diz-se também que nesse mesmo quarto, objetos voavam e móveis se arrastavam sozinhos. O casal acabou por abandonar a propriedade.
3. Castelinho de São João do Estoril
Este é um dos locais assombrados mais conhecidos do país, com diversas pessoas famosas a terem tentado comprar a casa ao longo do tempo, embora as descrições do fantasma da menina que morreu nos penhascos, perto da casa, tenha afastado os futuros proprietários.
A verdade é que este local sempre esteve associado à paranormalidade, podendo o fenómeno estar associado à história de uma menina cega, que morava numa casa perto do Castelinho, que terá caído acidentalmente das arribas. Há também quem diga que essa menina que morreu na falésia era a filha dos primeiros proprietários do Castelinho. O que é certo é que muita gente diz ter visto uma menina com uma boneca na mão a passear pelos muros da propriedade.
4. Casa de chá de Caxias
Em Caxias, junto à curva que dá acesso à A5 e próximo do farol da Gibalta, encontra-se uma casa em ruínas, que se diz ser assombrada pelos antigos donos, que não desejam que o local volte a ser habitado ou que ali se estabeleça um novo negócio.
Nesta casa, funcionava em tempos uma famosa casa de chá. Apesar disso, prevê-se que toda aquela zona seja recuperada e transformada numa zona habitacional e comercial.
5. Pátio do Carrasco (Lisboa)
Diz-se que o nome deste pátio se deve ao facto de ali ter vivido o último carrasco português, de seu nome Luís Alves. Ao que parece, ouvem-se com frequência sons estranhos e os lamentos do senhor, que faleceu em 1863.
A lenda diz que no Pátio do Carrasco existia um túnel subterrâneo, que Luís usava para ir até a prisão do Limoeiro, mesmo ali ao lado. No local onde essa passagem existiria, ainda hoje se ouvem gritos, que os moradores pensam ser do próprio Luís, atormentado pelas mortes que causou.
6. Casa Amarela de Ovar
Sobre esta misteriosa casa, correm duas versões. A primeira diz-nos que ali vivia um pai com a sua jovem filha, e que esta começou a namorar às escondidas, sabendo que o progenitor não ia aprovar a relação. No entanto, o pai encontrou os dois namorados e, enraivecido, atirou-os ao poço. Dias depois, enforcou-se naquele mesmo local.
A segunda versão diz-nos que ali vivia um empresário de sucesso, que perdeu tudo devido a negócios arriscados. Ao que parece, quiseram retirar-lhe a mansão para pagar as dívidas, mas ele recusou-se a sair e acabou por se matar na propriedade.
Diz-se que quem adquire a casa sai de lá rapidamente, assustado com os fenómenos paranormais que ali ocorrem. Diz-se também que já se tentou demolir a casa, mas que as máquinas pararam inesperadamente, não se conseguindo concluir os trabalhos.
7. Sanatório de Valongo
Foi construído em 1910, com a finalidade de abrigar doentes com tuberculose. Ao que parece, esses doentes ainda se mantêm por lá, ou pelo menos assim dizem alguns relatos, que contam que barulhos e vultos são uma constante no local.
O sanatório esteve ativo entre 1958 e 1975 e acolheu numerosos pacientes com tuberculose, chegando a estar internadas cerca de 350 pessoas em simultâneo, apesar de a lotação ser de 50 camas. Após o seu encerramento, o local foi pilhado, vandalizado e danificado por incêndios, estando hoje abandonado.
8. Palácio Beau Séjour (Lisboa)
Foi mandado construir pela Viscondessa da Regaleira em 1849, na Quinta Campainhas. Foi mais tarde adquirido pelo Barão da Glória e sofreu algumas modificações, tendo sido a fachada do palácio revestida a azulejo e o jardim aumentado. Por morte do Barão, os seus sobrinhos e herdeiros encetaram uma profunda remodelação dos interiores, tendo contratado para o efeito os irmãos Bordalo Pinheiro e o decorador Francisco Vilaça.
Hoje, o local é uma biblioteca, e alguns empregados afirmam que o Barão ainda por lá anda a fazer das suas, com os livros e arquivos a aparecerem em lugares onde ninguém os colocou e com os barulhos estranhos a serem uma constante.
9. Casa das Pedras (Cascais)
Esta moradia, construída no século XX, situada na Parede, concelho de Cascais, tem sido alvo de diversas histórias que relatam situações de assombração. Diz-se que aqui se passam fenómenos estranhos, que as luzes se apagam e acendem sem explicação e que os vultos nas janelas são uma constante.
Quem por lá passa diz que a casa se encontra desabitada e que ninguém a quer comprar devido aos fantasmas, mas, neste caso em específico, os relatos não passam de puras fantasias, até porque a Casa das Pedras é habitada por Fernanda Benedita Azevedo Gomes, de 91 anos, e pelo seu irmão João Paulo, também nonagenário. A casa foi mandada construir pelo seu avô, o capitão Manuel de Azevedo Gomes, em 1930, e inicialmente era uma casa de férias para a família.
10. Palácio de Valenças (Sintra)
Este palácio, antiga residência do conde de Valenças, tem sido presença constante nas histórias sobre casas assombradas portuguesas, dizendo-se que aqui se encontra o fantasma de Palmira, uma serviçal do conde que, apaixonada por ele e vendo que o seu amor era impossível, se terá suicidado ali.
Mas esta história tem uma origem bastante comum: a Câmara Municipal de Sintra instalou no Palácio de Valenças a sua biblioteca, e aí trabalhou durante muito tempo uma senhora chamada Palmira, tendo inclusivamente chegado a habitar numa zona inferior do edifício durante alguns anos.
Quando esta funcionária faleceu, alguns funcionários mais brincalhões tentaram assustar os colegas mais crédulos e começaram a pregar partidas em torno do seu suposto fantasma. A história pegou e assim se criou o fantasma da serviçal do conde.
11. Sanatório da Serra da Estrela
Mostra-se vaidoso a quem lhe põe o olho, nos seus mais de 1000 metros de altitude, e até custa a crer que um hotel de luxo, que se encontra de portas abertas desde 2014, tenha nascido das raízes de um sanatório, que acolheu trabalhadores tuberculosos. Em 1944, foi inaugurado o hotel-hospital, onde terão morrido centenas de pacientes que não resistiram à doença.
Com o tempo, o sanatório caiu no esquecimento e ficou em ruínas, mas a fama de que o edifício estava assombrado ganhou vida própria. Assim, diz-se que os espíritos dos doentes que ali viveram e morreram deambulam ainda pelos corredores do antigo sanatório, que, entretanto, deu lugar a um hotel. Apesar das histórias, não existe registo de queixas dos hóspedes que já ali pernoitaram.
12. Teatro Lethes (Faro)
Existem dois episódios marcantes na mística deste teatro: o primeiro é o de uma bailarina, que se terá suicidado no palco devido a um amor não correspondido; e o segundo é o de um militar napoleónico, cujo esqueleto foi encontrado emparedado, no local onde hoje está uma cabine elétrica.
Diz-se que, quando tudo está em silêncio, se podem escutar passos e a madeira do palco principal do teatro a ranger. Ao que parece, ainda hoje deambula pelo local a alma da bailarina que ali se suicidou.