Nos últimos anos, o Parque Nacional Peneda-Gerês tornou-se um destino de moda, especialmente para quem procura aventura. Assim, para além das cascatas, poços e piscinas naturais de águas cristalinas, os visitantes procuram também alguns dos vários percursos pedestres sinalizados no parque.
Infelizmente, ao longo dos últimos anos, têm-se sucedido as notícias sobre acidentes, muitas vezes fatais, que envolvem pessoas que se aventuram pelo Gerês sem os devidos cuidados e bom senso. De acordo com os bombeiros e a proteção civil, os locais onde ocorrem mais acidentes no Parque Nacional da Peneda-Gerês são a Fraga do Sarilhão, o Trilho dos Carris e as cascatas de Fecha de Barjas. O parque tem outras zonas consideradas perigosas, mas como estas são as mais frequentadas, são as que apresentam maior taxa de acidentes.
Também nunca é demais recordar que, como se tratam de locais isolados, o socorro apenas pode chegar muitas vezes por caminhos pedestres, já que o acesso de ambulâncias é limitado. Não o estamos a desencorajar de visitar o parque, pelo contrário, recomendamos a visita, desde que siga as indicações e tenha cuidado e bom senso. Assim, deixamos-lhe aqui os locais mais perigosos no Gerês:
1. Cascatas do Tahiti (Fecha de Barjas)
É um dos locais mais belos do Gerês, situado a 3 km da aldeia de Ermida, e é acessível apenas por caminhos pedestres e bastante sinuosos, o que aumenta a dificuldade no acesso. Uma vez que não existem proteções, recomenda-se a cautela.
Chegado à cascata, será surpreendido pela beleza e serenidade das águas cristalinas e que convidam a um mergulho. No entanto, tenha cuidado, já que as cascatas se tornam muito perigosas, graças ao piso escorregadio e íngreme. Recomenda-se o uso de calçado adequado e, claro, de muito bom senso.
2. Cascata do Arado
Este é uma queda de água fluvial que se localiza no Rio Arado, perto da aldeia de Ermida, no distrito de Braga. A cascata é caracterizada por se localizar num curso de água de alta montanha, em que o desnível do terreno é vencido por uma sucessão de cascatas que terminam num lago de águas cristalinas.
O caminho para a cascata faz-se a partir da aldeia de Ermida, através de uma estrada florestal rodeada de vegetação abundante, até chegar ao cruzamento desta com o entroncamento que vai para o sítio da Pedra Bela. Aqui chegado, faltam cerca de 1,5 km até à ponte sobre o Rio Arado. Tenha atenção aos mergulhos, às rochas, ao piso íngreme e escorregadio, e procure usar calçado adequado.
3. Vale do Rio Fafião
O Rio Fafião é um dos maiores afluentes do Cávado, tendo aproximadamente 12 km de extensão. Normalmente é dividido em 3 seções, cada uma com diferentes percursos, que muitas vezes se interligam. A primeira secção do Fafião vai desde a sua nascente, no coração do Parque Nacional, e segue ao longo de 7 km, através de paisagens de cortar a respiração.
Há um trilho da Vezeira que passa por estas bandas, com um enquadramento paisagístico único, mas que é apenas aconselhável a pessoas mais experientes em montanha, ou que deve ser apenas seguido com a ajuda de um guia experiente. Apesar da beleza deslumbrante, o vale do Fafião encontra-se repleto de locais de difícil acesso e, por isso, não é de estranhar que este seja um dos sítios onde ocorrem mais acidentes.
4. Trilho dos Carris
Alguns lugares encerram em si muita história, tanto geral como pessoal, com a vida de diversas pessoas e famílias a estarem ligadas àqueles espaços. Um desses sítios são as Minas dos Carris, onde a vida não seria fácil devido à serra dura e agreste, aos invernos rigorosos e aos verões muito quentes. Mas este complexo mineiro, de onde se extraía volfrâmio, esteve em funcionamento desde 1941 até ao final da Segunda Guerra Mundial e, mais tarde, na década de 50 e finalmente nos anos 70.
Por aqui passaram centenas de pessoas, já que o complexo era grande e poderia provavelmente albergar trabalhadores e famílias, tornando-se praticamente numa aldeia no cimo da serra. O lugar é hoje apenas ruínas, cheias de história e que se continuam a degradar. O trilho até chegar às Minas é bastante penoso, apesar de ter apenas 10 km, já que se encontra muito degradado.
Assim, não é adequado a crianças nem a pessoas pouco preparadas fisicamente, já que é incrivelmente desgastante. Tenha em conta que, caso haja algum problema, apenas poderá ser resgatado de helicóptero.
5. Fraga do Sarilhão
O Trilho da Águia Sarilhão deve o seu nome à Fraga do Sarilhão, onde a águia-real construía os seus ninhos. O percurso é plano até a encosta da Fraga, onde a vegetação se adensa e passamos a encontrar alguns declives. O trilho pertence a uma rede de percursos pedestres intitulada “na senda de Miguel Torga”, criado em homenagem ao escritor que por aqui gostava de passear e retirar inspiração para muitos dos seus poemas.
Este trilho atravessa parte da Geira Romana, antiga estrada militar que ligava Braga a Astorga, em Espanha, e que foi construída por volta do último terço do século I d.C., e onde podemos encontrar um núcleo de marcos miliários, que eram colocados em intervalos de 1480 metros ao longo do percurso. De acordo com os bombeiros e a proteção civil, este é um dos locais do Parque Nacional da Peneda-Gerês onde os acidentes são mais frequentes.
6. Poço da Corga de Pena Calva
Algumas piscinas perdidas ao longo do Parque Nacional apenas são alcançáveis de um dos lados, sendo rodeadas por autênticas muralhas de rochas escorregadias, onde apenas desliza água.
Esse é o caso da Pena Calva, uma das zonas mais imponentes da Serra do Gerês. Nem todos estes locais são de fácil acesso, embora nenhum deles seja segredo. Na maioria dos casos, o caminho torna-se bem complexo e torna-se necessário estar constantemente alerta, devido às rochas aguçadas e à água que corre com bastante pressão.