Somos, frequentemente, estrangeiros dentro da nossa própria cidade. E não são raras as vezes em que, quem vem de fora, quem aqui vem apenas de visita ou para fazer turismo, conhece mais sobre os segredos de Lisboa do que os próprios lisboetas.
Os turistas, munidos da curiosidade própria de quem quer descobrir os locais mais belos de Lisboa, possuem uma maior tendência para visitar alguns locais e monumentos que infelizmente, passam despercebidos à grande maioria dos alfacinhas. Talvez isso aconteça por causa da rotina, porque já estamos tão habituados à cidade que nem sequer reparamos nos seus segredos, nos seus detalhes.
De qualquer das formas, se quer inverter esta tendência e conhecer realmente a cidade onde mora, siga as nossas dicas e descubras os locais mais secretos de Lisboa… para os seus próprios habitantes. Talvez após ler este artigo passe a olhar para a sua cidade com outros olhos e descubra uma Lisboa (ainda) mais bela do que aquilo que imaginava.
1. Palácio Fronteira
Este palácio, numa “quinta” característica da região de Lisboa, é a mais notável eclosão do barroco português, um dos melhores exemplos da arquitetura palaciana portuguesa do séc. XVII. Foi mandado construir pelo 1º Marquês de Fronteira, D. João de Mascarenhas, durante o séc. XVII, sendo que, após o terramoto de 1755, o local foi alvo de ampliações e melhoramentos.
O palácio Fronteira é rodeado por magníficos jardins, sendo que todo o conjunto contém um admirável espólio de azulejaria. Hoje, o palácio é património da Fundação das Casas de Fronteira e Alorna, estando classificado como Monumento Nacional.
2. Palácio Foz
Chamado inicialmente de Palácio castelo Melhor, foi projetado no séc. XVIII, mas a sua construção prolongou-se até ao séc. XIX. A fachada e estrutura são do estilo setecentista, mas o interior, remodelado posteriormente, tem estilo revivalista, característico da segunda metade do séc. XIX. Na altura em que foi construído, apenas havia hortas em volta do palácio; hoje, está rodeado de casas. A família que mandou construir este edifício ficou pouco tempo com ele.
Em 1889, a marquesa D. helena de Vasconcelos vendeu o espaço a Tristão Guedes, nobre de grande fortuna e que era administrador da Companhia Real do Caminho-de-Ferro. Segundo se conta, este último ter-se-á aproveitado das suas funções para comprar este palácio por uma pechincha.
3. Reservatório da Patriarcal
Este reservatório fica por baixo do jardim do Príncipe Real, e foi construído entre 1860 e 1864 para fazer parte da rede de distribuição de água em Lisboa. O reservatório encontra-se protegido por 31 pilares que suportam um teto abobadado.
O local encontra-se desativado desde os anos 40 e pode ser visitado através do Museu da Água ou num dos espetáculos que decorrem por vezes no local.
4. Basílica da Estrela
Na Praça da Estrela, encontra aquela que é uma das últimas grandes igrejas barrocas e um dos mais belos monumentos de Lisboa, por dentro e por fora. O seu interior é coberto de mármore e conta com um enorme presépio do escultor Machado de Castro. Aqui encontra também o túmulo de D. Maria I, que mandou construir a basílica.
Suba os 112 degraus para ter uma vista de longo alcance sobre Lisboa, podendo ver o Jardim da Estrela, a Lapa, e o Tejo a partir de uma perspetiva única, num local que não é muito frequentado. Para o fazer, terá de pagar bilhete, mas a verdade é que a experiência vale a pena.
5. Igreja de São Roque
No Largo Trindade Coelho, no Bairro Alto, encontra esta igreja, de fachada simples, mas com um dos interiores mais magníficos da capital, contendo uma capela que se diz ser “a mais valiosa do mundo”. Trata-se da Capela de São João Batista, que foi encomendada em Roma em 1742 e trazida peça por peça para Lisboa.
É de uma verdadeira obra de arte, que usa materiais ricos como o marfim, lápis-lazúli e ouro, e que teve uma boa condução artística dos trabalhos. Mas as restantes capelas da igreja são também ricas em talha dourada, azulejos, telas e mármore.
6. Palácio dos Condes de Óbidos
Junto ao jardim 9 de abril e ao Museu Nacional de Arte Antiga, encontra este palácio, chamado também de Palácio das Janelas Verdes, em Santos. Construído no séc. XVII a mando de D. Vasco de Mascarenhas, a sua fachada marcada pela sobriedade das linhas é pontuada com torreões quadrangulares, ao estilo dos velhos solares medievais.
A sul, encontra-se um grande terraço com vista para o rio, decorado com um fantástico painel de azulejos. Hoje, é a sede da Cruz Vermelha Portuguesa e no seu interior pode visitar uma das bibliotecas mais bonitas de Portugal.
7. Igreja do Convento da Madre de Deus
Na Rua da Madre de Deus, em Xabregas, encontra-se o Convento da Madre de Deus, que é hoje o Museu Nacional do Azulejo. A igreja do convento é ainda hoje considerada uma das mais belas do país, já que mistura o azulejo ao estilo barroco, a talha dourada e a pintura em tela.
Os azulejos usados na decoração do espaço são de autoria portuguesa e holandesa. Já as 20 telas que adornam o teto, e que ilustram a vida da Virgem, são da autoria do pintor Marcos Cruz e foram criadas entre 1660 e 1670.
8. Palácio Burnay
Foi mandado edificar no séc. XVIII por D. César de Meneses, na altura principal da Sé de Lisboa, e por isso é também chamado de Palácio dos Patriarcas. Foi palácio de verão dos patriarcas de Lisboa, até ter sido comprado no séc. XIX pelo banqueiro Henrique Burnay, que o mandou decorar sumptuosamente. Destacamos as estufas, que integram o edifício, e o zimbório, que envolve a escadaria.
O palácio, anexos e jardim são considerados Imóvel de Interesse Público. O edifício alberga hoje os serviços de Reitoria e Ação Social da Universidade Técnica de Lisboa e o Instituto de Investigação Científica Tropical.
9. Igreja Menino de Deus
Em Alfama, na Calçada do Menino Deus, existe uma igreja que se encontra sempre fechada, apesar de ter tido a porta aberta no dia em que completou três séculos, em julho de 2011.
Mas não se preocupe: para aceder ao interior, apenas tem de tocar a campainha da porta ao lado. Esta igreja, que fica quase escondida, perto do castelo, foi mandada construir em 1711 por D. João V e destaca-se pelo uso do mármore e de outros materiais nobres, tendo servido de base para outras construções de estilo barroco no nosso país.
10. Palácio da Ega
Também conhecido como Palácio do Pátio do Saldanha ou Palácio dos Condes da Ega, está situado na Calçada da Boa-Hora, em Alcântara. Uma das suas salas interiores, o “Salão Pompeia”, é Imóvel de Interesse Público desde 1950.
A construção do palácio iniciou-se no séc. XVI, havendo uma fonte com a inscrição do ano de 1582, altura em que já existia a Casa Nobre. O edifício tem 3 partes distintas, que derivam das obras feitas no séc. XVIII, altura em que se criou o “Salão Pompeia” e se demoliu a antiga capela. É um dos mais secretos palácios em Lisboa.
11. Casa do Alentejo
Na freguesia de Santa Justa, em Lisboa, encontra-se este palácio, também conhecido como Antigo Palácio Pais do Amaral, Antigo Palácio São Luís e Casa do Alentejo. O edifício foi caracterizado como Imóvel de interesse Público pelo IGESPAR. A construção do local deu-se no final do séc. XVII, e ao longo do tempo, chegou a funcionar aqui um liceu e um armazém de mobiliário.
Em 1919, nele esteve instalado um dos primeiros casinos de Lisboa, o Majestic Club, altura em que o edifício foi remodelado a fundo e as decorações ganharam um estilo revivalista. Em 1932, o Grémio Alentejano adquiriu o imóvel, tendo em 1981 passado para a propriedade da Casa do Alentejo.
12. Palácio Galveias
Situado na zona das Avenidas Novas, numa das laterais da Praça de Touros do Campo Pequeno, o palácio Galveias foi construído no séc. XVII como casa de campo da nobre família Távora. Desde 1929, uma biblioteca ocupa todo o palácio. No jardim exterior, existe um quiosque com esplanada.
O conjunto foi alvo de obras de requalificação durante dois anos, tendo voltado a abrir em junho de 2017. Pode visitar o palácio gratuitamente e aproveitar para procurar algumas obras nas suas estantes.