Fica no concelho de Seia, em plena Serra da Estrela e chamam-lhe a “Suíça Portuguesa”. Falamos de Loriga, um dos locais mais carismáticos da montanha mais alta de Portugal Continental e que contém em si própria toda a alma desta região. As paisagens ao seu redor fazem realmente lembrar as montanhas da Suíça, mas Loriga é portuguesa, com certeza.
Localizada a cerca de 770 metros de altitude, entre as silhuetas de montanhas e vales e as águas cristalinas da ribeira que lhe dá vida e nome, Loriga é um pedaço de paraíso em plena Serra da Estrela. As imponentes montanhas que a rodeiam ultrapassam os 1700 metros de altitude (Penha do Gato, com 1771 metros, e Penha do Abutre, com 1828 metros).
O ar é fresco e puro e as suas águas são límpidas e cristalinas. Talvez por isso mesmo tenha sido escolhida por vários povos para aqui viverem. Foi fundada pelos romanos mas existem vestígios de outros povos anteriores e terá sido mesmo um importante local para os lusitanos, a tribo celta considerada como os antepassados dos atuais portugueses.
A vila é rodeada por socalcos, fruto do árduo e intenso trabalho do povo que desesperava por conseguir algum terreno arável neste local montanhoso. E conseguiram! Mas além de conseguir semear as suas culturas e ter pastagens para os seus animais, conseguiram também criar uma paisagem capaz de deixar qualquer turista boquiaberto.
Além da agricultura, também a indústria dos lanifícios teve uma grande expressão na história de Loriga. A escolha era óbvia: trata-se apenas de rentabilizar a lã das muitas ovelhas que pastam nos campos verdes ao redor da vila. Mas com o declínio da indústria e o pouco rendimento da agricultura, muitos jovens partiram à procura de melhores condições de vida. E não voltaram…
Mas Loriga não se deixaria abater… aos poucos, o turismo foi aumentando e ajudou a fixar algumas famílias nesta localidade isolada da Serra da Estrela. Chegam aqui não apenas pela sua belíssima paisagem envolvente mas também por causa da sua maravilhosa praia fluvial e dos trilhos que por aqui passam e nos conduzem a outros destinos na serra.
Os percursos pedestres são muitos e variados, com vários níveis de dificuldade e que podem ser feitos tanto por montanhistas experientes como por principiantes. Passam por caminhos de pastores, barragens, covões, levadas, eiras, socalcos e até um vale glaciar. As duas principais sugestões que lhe deixamos são a Rota da Garganta de Loriga e a Rota da Levada.
O primeiro tem apenas 9 quilómetros mas é considerado de elevada dificuldade. Passa por vários covões e também pelo vale glaciar de Loriga. O segundo, mais longo e com 16 quilómetros, é um pouco mais fácil de fazer e leva-o até à belíssima aldeia de Cabeça ou à cascata existente no Poço da Broca de Serapitel.
Tal como já mencionado, o outro grande destaque de Loriga é a sua praia fluvial, especialmente no Verão. A água é límpida, cristalina e… gelada! Mas acredite: só custa o primeiro mergulho. Localiza-se a 1 quilómetro da vila, no vale glaciar, e consiste numa série de pequenas piscinas fluviais entre rochedos gigantes de onde pode pular para um mergulho. É muito procurada pelos habitantes das redondezas durante o Verão e é uma das melhores praias fluviais da Serra da Estrela.
Dentro de Loriga, existe também um vasto património que vale a pena explorar com calma. A melhor forma de conhecer a vila é deambulando pelos seus becos e ruelas e ir encontrando, aos poucos, os seus numerosos fontanários, as suas igrejas e capelas e o seu pelourinho. Existe ainda uma ponte romana sobre a Ribeira das Naves e um troço de calçada romana.
Como não poderia deixar de ser, qualquer visita que se preze à Serra da Estrela deve incluir uma prova da sua gastronomia. Aqui dominam as carnes e os enchidos, mas existem também licores, mel e outros produtos regionais de qualidade. O grande destaque, no entanto, é o delicioso Queijo da Serra. Prove e compre mais uns quantos para levar para casa!
A broa de milho, o bolo negro de Loriga e a aguardente de zimbro são outras iguarias que pode provar. Qualquer um dos restaurantes da vila serve pratos de cabrito no forno de comer e chorar por mais e que sempre nos fazem querer repetir.
No final da sua visita, não vá embora de Loriga sem antes comprar uma pequena lembrança ou um produto regional. Para além de comprar um produto de excelente qualidade, estará também a ajudar a economia local e a fazer com que os seus habitantes possam continuar aqui a viver e a receber os turistas como tão bem sabem fazer.