Por aqui, ainda se benze a massa do pão, antes de a levar ao forno de lenha. Falamos da Aldeia do Xisto de Martim Branco, que faz parte do concelho de Castelo Branco e que se ergue nas margens da ribeira de Almaceda, envolvida pela paisagem. O casario é modesto, e a aldeia é pequena, o que lhe dá um encanto familiar e genuíno, bem longe da correria das cidades.
As construções são na sua maioria habitações, de carater humilde, singelas e robustas, mas há também palheiros, açudes e fornos comunitários a destacarem-se. Aliás, estes últimos foram recentemente recuperados e são hoje ponto de encontro de habitantes e de visitantes.
Aqui se coze todos os dias o pão, mas também cabrito e outras iguarias, que fazem depois as delícias de quem as prova, e que são acompanhadas pelo melhor da doçaria regional. Tudo seguindo as mais antigas receitas e tradições da aldeia, passadas de geração em geração como quem transmite um segredo.
Outro dos destaques da aldeia é a ribeira da Almaceda, que circunda a povoação e vai desaguar na margem direita do rio Tripeiro, um afluente importante do rio Ocreza. Aconselhamos que passeie pela zona da ribeira e que tire o seu tempo para apreciar a paisagem e o património natural.
Apesar de a aldeia não ter património construído do tipo religioso, a visita aos moinhos e aos fornos comunitários promete ocupar-lhe toda a tarde, já que a população terá muitas histórias para lhe contar. Afinal de contas, estas pedras guardam histórias de tempos idos, vidas difíceis mas, em certa medida, simples e felizes.
Procure também visitar a Casa das Artes e Ofícios, uma antiga residência que foi transformada para reativar os moinhos e a cultura do linho e do tear. Aqui funciona a Loja Aldeias do Xisto, onde pode encontrar trabalhos feitos por artesãos locais. Reserve algum tempo para visitar este espaço e conhecer melhor a cultura da região, que os habitantes tanto se esforçam por preservar.
Uma das melhores formas de conhecer Martim Branco e a vida rural dos seus habitantes é percorrendo o trilho PR2 CTB – Caminho do Xisto de Martim Branco – Pela Ribeira de Almaceda. São 9.5 quilómetros de distância que se fazem em 5 horas mas de dificuldade fácil.
Ao longo deste trilho, é possível avistar açudes, levadas, ribeiros e moinhos de água. Tudo isto inserido numa paisagem marcadamente agrícola que moldou a cultura e as tradições dos habitantes da aldeia. Se resolver percorrer este percurso pedestre não se esqueça da máquina fotográfica e das regras elementares do bom senso!
Na região, encontra muitos alojamentos onde pode pernoitar, e onde vai ser recebido com todo o conforto e simpatia. No que toca às refeições, consegue encontrar facilmente restaurantes onde saciar a fome, e onde pode provar iguarias como o cabrito e os enchidos, bem como doces que o farão querer comer mais e mais.
E já que está por aqui, saiba que Martim Branco se encontra a 2 km da EN112, que sai de Castelo Branco e passa pela serra do Muradal e da Gardunha, rompendo a Serra do Açor no seu caminho para a Serra da Lousã. Percorra esta belíssima estrada e desfrute das cores da paisagem, que encanta em qualquer altura do ano.
Aliás, nos arredores de Martim Branco é possível visitar outras belíssimas aldeias. Destacam-se as aldeias de xisto de Janeiro de Cima e Janeiro de Baixo e também as aldeias históricas de Castelo Novo e Monsanto. Todas elas se encontram a uma curta distância de carro e proporcionam um ótimo passeio.
E no final da sua visita a Martim Branco, não vá embora sem antes comprar uma pequena lembrança ou um produto regional. Além de ajudar o comércio local, irá também contribuir para que os seus habitantes possam continuar a viver aqui e a recebê-lo sempre de braços abertos.