A cidade de Coimbra sempre foi conhecida pela sua Universidade, uma das mais antigas de Portugal e da Europa. Por isso mesmo, muitos dos mais famosos monumentos de Coimbra estão associados à universidade: a sala dos Capelos, a Capela de São Miguel ou a sala dos Archeiros, por exemplo. Mas o grande expoente é mesmo a sua Biblioteca Joanina.
Parte dos edifícios da Universidade de Coimbra são tão importantes que foram mesmo declarados Património Mundial pela UNESCO. Mas Coimbra não é apenas a sua Universidade e, um passeio pelas suas ruas, íngremes e sinuosas, permite constatar isso mesmo, por muito que a vida estudantil esteja sempre presente.
Coimbra é também conhecida também pelos amores de Pedro e Inês e, por isso mesmo, não pode deixar de visitar a Quinta das Lágrimas ou o Penedo da Saudade. Além destes pontos de interesse, existem ainda diversos edifícios religiosos, como igrejas e mosteiros, que valem a pena uma visita demorada. Descubra 15 fantásticos monumentos em Coimbra.
1. Sé Velha de Coimbra
Esta jóia do românico português é a única catedral, construída na época da Reconquista, cuja estrutura chegou intacta até aos nossos dias. Foi fundada durante o reinado de D. Afonso Henriques e representa a grandeza austera da arquitetura românica.
Atravesse o magnífico portal, que faz lembrar a entrada de uma fortaleza, e descubra o interior em pedra, num espaço imponente marcado pela alternância de luz e sombra, por entre colunas maciças e delicados capitéis com folhas e figuras de animais. Não deixe também de admirar um magnífico retábulo em talha dourada, no centro da capela-mor, uma obra renascentista de Olivier de Gand e de Jean d’Ypres.
2. Sé Nova de Coimbra
Em 1598, o Colégio das Onze Mil Virgens começou a ser construído, próximo da Universidade de Coimbra, a mando da Companhia de Jesus, que se encontrava instalada na cidade desde 1541. As obras desenvolveram-se com lentidão, e a igreja apenas foi inaugurada em 1698, com os jesuítas a ocuparem o local até 1759, ano em que a companhia foi extinta pelo Marquês de Pombal. Em 1772, a Sede Episcopal foi transferida da Sé Velha para este edifício, bastante mais espaçoso.
A fachada da Sé Nova obedece aos cânones arquitetónicos jesuítas, com um aspeto sóbrio e austero, com o interior de uma só nave. O transepto e capela-mor estão decorados com magníficos retábulos em talha dourada, construídos entre os séculos XVII e XVIII. Nas capelas laterais, encontram-se diversos altares em estilo barroco, dedicados a vários santos.
3. Biblioteca Joanina
Esta obra-prima do barroco foi edificada sob o patrocínio de D. João V, tendo originalmente sido chamada de Casa da Livraria. A designação de Biblioteca Joanina foi dada mais tarde, em homenagem ao seu patrono. Foi construída como forma de exaltar o monarca e a riqueza do Império, sendo também uma esplendorosa combinação de materiais exóticos, num autêntico cofre-forte de livros.
O interior é uma sucessão de três salas comunicantes, que conduzem o olhar do visitante para o retrato de D. João V, com autoria do pintor Domenico Duprà. O interior foi realizado por Manuel da Silva ao longo de 40 meses, e está integralmente revestido por estantes forradas a folha de ouro e decoradas com motivos chineses, numa relação cromática com fundos pintados a verde, vermelho e negro.
4. Mosteiro de Santa Clara-a-Nova
Este mosteiro foi construído em 1659 para substituir o primitivo mosteiro de Santa Clara-a-Velha, constantemente inundado pelo rio Mondego. O edifício atual, de estilo barroco, encontra-se rodeado por torres. Na decoração superior da igreja, existe uma urna de prata e cristal, do século XVII, onde se encontra o corpo da Rainha Santa Isabel.
Nas paredes laterais encontram-se painéis de azulejo que contam a sua vida. Ao nível inferior, existe uma estátua de pedra da padroeira da cidade, obra do Mestre Pêro, que a fez no ano de 1330.
5. Claustro da Manga
É uma das primeiras obras arquitetónicas totalmente renascentistas feitas no nosso país, com uma estrutura que evoca a Fonte da Vida. O claustro remonta à antiga Fonte da Manga do mosteiro de Santa Cruz, erguida em 1528. No jardim, encontra-se uma edificação da qual atualmente nos restam apenas a cúpula e a fonte centrais, ligadas a quatro pequenas capelas e circundadas por pequenos lagos retangulares. Destacamos três pequenos retábulos nas capelas muito mutiladas, que foram atribuídos a João de Ruão, sendo que originalmente eram quatro.
A tradição local afirma que o Rei D. João III visitava o mosteiro e se deparou com um amplo espaço desaproveitado. Assim, aproveitou a manga do seu gibão e esboçou um claustro e jardim circundante, que mais tarde mandou executar. Daí viria o nome Claustro da Manga, que se encontra classificado como Monumento Nacional desde 1934.
6. Igreja de Santa Cruz
O Mosteiro de Santa Cruz é um dos mais antigos e importantes monumentos em Coimbra, tendo sido fundado em 1131 pelos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. Era aqui que o primeiro rei de Portugal assistia aos ofícios religiosos quando regressava das batalhas da Reconquista cristã, e talvez por isso tenha escolhido o espaço como o seu local de repouso eterno, assim como do seu filho, D. Sancho I.
Os primeiros estudos medievais em Portugal deram-se em Santa Cruz, fortalecendo o poder real emergente através da sua ação educativa. Foi dentro das suas paredes que Santo António, Doutor da Igreja, aprofundou os seus estudos teológicos e o conhecimento das escrituras, tão presente nos seus Sermões.
7. Sala dos Capelos
Inicialmente conhecida como Sala do Rei, foi remodelada pelo mestre Marcos Pires na segunda década do século de quinhentos. Nesta sala ocorreram importantes episódios da vida da nação portuguesa, como a aclamação de D. João I. Aqui viveram também todos os reis de Portugal durante a primeira dinastia.
As grandes telas onde figuram os reis do nosso país, desde D. Afonso Henriques até D. João IV, são da autoria do pintor Carlos Falch, um dinamarquês radicado em Portugal. As restantes são da autoria de diversos pintores e foram sendo colocadas de acordo com a sucessão dos monarcas.
8. Mosteiro de Santa Clara-a-Velha
Este mosteiro foi mandado construir em 1314 por D. Isabel de Aragão, mais conhecida por Rainha Santa, em substituição de um pequeno convento de monjas clarissas, fundado em 1286. O mosteiro ficou totalmente concluído em 1330, com traça do arquiteto Domingos Domingues. No século XVII, o rei D. João IV mandou construir o convento de Santa Clara-a-Nova, num ponto alto da cidade, para onde as freiras se mudaram em 1677, porque o antigo mosteiro era constantemente inundado pelas águas do Mondego.
Santa Clara-a-Velha ficou ao abandono até chegar a um estado de ruína. Em finais do século XX, foram levadas a cabo profundas obras de recuperação que puseram a descoberto as estruturas e um diversificado espólio. O mosteiro está de novo aberto a visitas e oferece uma área de lazer num amplo percurso ao ar livre, onde poderá ver a igreja e outras estruturas arqueológicas restauradas. Poderá também saber mais sobre a história do mosteiro e da vivência monástica no Centro Interpretativo.
9. Capela de São Miguel
O edifício que hoje podemos admirar foi fruto de umas obras dirigidas por Marcos Pires e terminadas por Diogo de Castilho. A capela foi alvo de pequenas remodelações nos séculos XVII e XVIII. Foi também da Confraria de Lentes e Estudantes, sob a invocação de Nossa Senhora da Luz. A capela de São Miguel tem um estilo arquitetónico inconfundivelmente manuelino, como está bem patente nos janelões da nave central e no arco cruzeiro.
Quando a universidade adquiriu o palácio, adquiriu também a capela, embora esta tenha mantido o privilégio real. O revestimento em azulejo da capela-mor data de 1613. A pintura do teto deve-se ao lisboeta Francisco de Araújo, que a executou em finais do século XVII. O teto foi posteriormente renovado e o escudo real modernizado.
10. Quinta das Lágrimas
Este famoso jardim romântico foi palco da trágica história de amor entre D. Pedro e D. Inês de Castro, uma lenda que ainda hoje inspira literatura, poesia e música. A quinta está repleta de árvores e fontes antigas, contando com um palácio do século XIX (que é hoje um hotel) e ruínas neogóticas, num local envolto da mais pura beleza. A famosa Fonte das Lágrimas evoca as lágrimas e o sangue derramados por D. Inês de Castro, quando foi tragicamente executada em 1355, por ordem do rei D. Afonso IV, pai de D. Pedro.
11. Porta Férrea
A Alcáçova surgiu durante o período de dominação muçulmana, sendo a zona elevada da cidade onde residiam as autoridades, tendo funções de defesa. O Paço da Alcáçova, do qual a Porta Férrea fez parte, viria a ser habitado pelos reis portugueses a partir de 1130, sendo o primeiro Paço Real do país. Já não estão visíveis os elementos da arquitetura militar que protegiam a entrada desta fortificação medieval, embora no interior do edifício perdurem ainda vestígios de dois torreões semicirculares que a flanqueavam.
12. Arco da Almedina
Remonta ao século XI e fazia parte das muralhas medievais. Hoje é a entrada na Coimbra antiga, onde se pode ver uma escultura da oficina de João de Ruão. Também conhecido por Arco da Barbacã, encontra-se sobreposto por uma torre que teve várias funções ao longo dos séculos. Foi sede do poder municipal nos séculos XIV e XV, foi Casa da Câmara e, mais tarde, a Casa da Audiência, onde se reunia a vereação.
O sino no alto anunciava as sessões camarárias e o abrir e fechar das portas para a população, uma função que se manteve até 1870. Aqui se encontra também uma pequena capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, onde se realizava missa antes das reuniões.
13. Sala dos Archeiros
A Sala dos Archeiros está localizada na Universidade de Coimbra. Tem um teto datado do século XIX, no qual têm destaque as armas reais portuguesas. Aqui se encontra um conjunto de armas da Guarda Real dos Archeiros, que ainda hoje são utilizadas nas cerimónias académicas solenes. Ao lado, encontra a Sala Amarela, com paredes forradas a seda e com retratos de reitores da universidade durante o século XIX.
A última sala desta ala que se pode visitar é a Sala Azul, que ostenta também alguns retratos de antigos reitores da instituição. Estas salas são ainda hoje usadas no final das cerimónias académicas, servindo de acesso à Sala do Senado, onde, após doutoramentos, os professores e autoridades convidadas apresentam cumprimentos ao Reitor e ao novo Doutor.
14. Torre da Universidade de Coimbra
O Paço das Escolas é dominado por esta torre setecentista, que alberga o relógio e os sinos que regulam a vida académica. A torre tem origem em 1537, quando a universidade se encontrava prestes a alojar-se no Paço de D. João III, tendo-se visto a necessidade de um relógio para regular a vida académica.
Assim se começou a marcar o começo das horas de estudo em todas as vésperas do dia de aulas. Segundo a antiga tradição, o estudante que frequenta pela primeira vez a universidade não pode andar na rua após o badalar do sino.
15. Pátio e Paço das Escolas
Neste conjunto arquitetónico, destacam-se as construções do período do Estado Novo, sobretudo o Pátio e Paço das Escolas. Os Estudos Gerais funcionaram no edifício conhecido como Estudos Velhos, onde hoje se encontra a Biblioteca Geral, mas as escolas distribuíram-se também por vários locais, nomeadamente edifícios próximos do Mosteiro de Santa Cruz.
O Paço das Escolas juntou, em 1544, todas as faculdades da Universidade de Coimbra, após a instalação definitiva da universidade nesta cidade, em 1537 (no século XIV tinha havido uma itinerância entre Lisboa e Coimbra). No lado esquerdo da fachada, encontra-se o Colégio de São Pedro, uma construção maneirista. A sua fachada principal está virada para o pátio interior, com destaque para o portal barroco, datado de 1713.