O Alentejo é a maior região de Portugal e é conhecido pela sua gastronomia, pelos seus vinhos, pelas paisagens bucólicas e pelas construções incríveis, como belos castelos medievais ou monumentos com milénios de idade. Mas entre essas construções, encontram-se algumas mais inusitadas e com uma história um pouco diferente.
Alguns são monumentos com histórias de rituais pagãos e de superstições. Outros revelam reviravoltas impressionantes no decorrer da sua história. E há aqueles que surpreendem pela sua inusitada e curiosa origem. Conhecê-los e descobrir as suas histórias e lendas é também absorver e compreender um pouco mais da cultura do Alentejo.
Poucos destes monumentos são encontrados nos guias turísticos. Afinal de contas, a grande maioria deles não é imponente nem grandiosa. Mas as lendas, caraterísticas e peculiaridades que eles encerram fazem com que mereçam uma visita. Descubra 8 monumentos do Alentejo com histórias curiosas e invulgares.
1. Capela dos Ossos (Évora)
É uma das atrações mais conhecidas do Alentejo, já que esta capela tem as paredes e pilares revestidos com milhares de ossos e crânios retirados dos cemitérios locais. Fica na igreja de São Francisco, em Évora e foi construído no século 17, com a intenção de fazer os visitantes refletirem sobre a fragilidade da vida, algo bem patente na mensagem gravada logo à entrada:” Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos”.
2. Cromeleque dos Almendres (Évora)
Viaje para a pré-história visitando este monumento megalítico, com 95 monólitos de pedra dispostos num formato circular e que se encontram em perfeito estado de conservação. Não se sabe bem o que era este local, mas sabe-se que a construção se encontra alinhada de forma que os seus eixos imaginários coincidam com os eixos dos pontos cardeais e com os solstícios e equinócios.
Existem também vestígios de que o local foi usado para o culto de deuses ancestrais e para observações astronómicas. O Cromeleque dos Almendres é também mais antigo do que o famoso Stonehenge.
3. Igreja de Nossa Senhora da Anunciação (Mértola)
Pode parecer uma igreja normal à primeira vista, mas tem uma característica muito diferente das construções cristãs tradicionais: a sua entrada é na lateral, em relação à nave da Igreja. Isto acontece porque, nos tempos da ocupação árabe, este espaço era uma mesquita, com a sua orientação relacionada à localização de Meca. Desses tempos, restam ainda 4 portas de arco em “ferradura”, e o mihrab, nicho de oração muçulmana.
4. Sinagoga de Castelo de Vide (Castelo de Vide)
Esta sinagoga, construída no século 14, altura em que existia uma importante comunidade judaica na região, guarda uma parte importante da história dos Judeus Alentejanos. Com o desaparecimento dessa comunidade, a construção foi usada como escola e até como casa particular. Foi restaurada em 1972, e hoje alberga um museu dedicado à herança judaica na região.
5. Cais Palafítico da Carrasqueira (Alcácer do Sal)
Apesar de não ser uma construção centenária, é um local com um visual bastante curioso, verdadeiro labirinto de tábuas e estacas de madeira, que os locais ergueram para facilitar o acesso aos barcos em períodos de maré baixa. Recomendamos que percorra o cais ao pôr-do-sol, altura em que a paisagem se ilumina de uma forma especial.
6. Anta de Pavia
As antas foram eram usadas como sepulturas e foram construídas um pouco por toda a Europa há mais de 3 mil anos. Mas em Pavia, no Alentejo, fica uma das mais especiais de Portugal. Para além de estar bem conservada, alguém teve a curiosa ideia de transformar o seu interior numa capela. E assim, é possível orar e meditar num pequeno cubículo onde, há uns milénios, foi enterrado alguém muito importante. É um dos edifícios mais curiosos de Portugal.
7. Anta de São Brissos
Este é outro caso de uma anta que foi transformada em monumento religioso. Mas neste caso, será mais antiga do que a Anta de Pavia. Diz-se, aliás, que a ideia de transformar a Anta de Pavia numa capela terá tido como inspiração a Anta de São Brissos, localizada em Montemor-o-Novo. Foi no século XVII que se deu a radical transformação, deixando de ser uma sepultura para passar a ser uma pequena capela.
8. Rocha dos Namorados
Localizada perto da aldeia de São Pedro do Corval, em Reguengos de Monsaraz, a rocha dos namorados parece, na realidade, um cogumelo com 2 metros de altura. Mas ela esconde de paganismo e de superstições. Diz-se que seria um local de culto pagão associado à fertilidade. Na tentativa de conter esses rituais, a igreja encarregou-se de esculpir uma cruz na rocha.
Mas parece não ter adiantado muito. Ainda hoje é possível encontrar pequenos calhaus no topo desta enorme rocha. Porquê? São atirados por jovens mulheres que aqui chegam para tentar perceber quanto tempo falta para casarem. Devem atirar o calhau de costas e este deve ficar no topo da rocha. Se cair, devem acrescentar mais um ano ao tempo de espera pelo casamento.