Diz-se de Braga que é uma espécie de “Roma Portuguesa”, tal é a quantidade de igrejas que possui. Ao todo, serão mais de 80. Braga foi uma das primeiras cidades cristãs da Europa e um importante centro de difusão da fé na Península Ibérica. Mas os monumentos de Braga não se resumem a igrejas e há muito mais para descobrir.
De facto, Braga possui inúmeros vestígios da presença dos romanos, por exemplo, assim como palácios e casas senhoriais construídos ao longos dos séculos e que vieram enriquecer o património da cidade.
Um roteiro pelos monumentos de Braga inclui, como não poderia deixar de ser, o Sameiro e o Bom Jesus. No entanto, não perca o Theatro Circo, as termas romanas do Alto da Cividade ou a Fonte do Ídolo, por exemplo. Descubra alguns dos mais bonitos, famosos e icónicos monumentos de Braga.
1. Sé de Braga
Já alguma vez ouviu a expressão “mais velho que a Sé de Braga” quando alguém se refere à antiguidade de algo? Não é por acaso. A verdade é que, segundo a tradição, a diocese bracarense foi criada no século III, apesar de a história só a confirmar a partir do ano de 400. O edifício atual encontra-se implantado sobre outra construção religiosa, que foi possivelmente a anterior catedral.
A Sé apresenta duas torres na fachada, o que a aproxima das grandes catedrais do românico português, mas com o correr dos séculos foi muito modificada. Destacamos, no Coro Alto, o cadeiral e os órgãos em talha dourada, obras excecionais de conceção e execução artística. É um dos monumentos mais famosos de Braga, uma das cidades mais antigas de Portugal.
2. Santuário do Bom Jesus do Monte
Neste espaço alia-se a arte e a natureza, criando-se um ambiente sagrado e de repouso. A Igreja atual é um bom exemplar do neoclássico português, tendo começado a ser construída em 1784, substituindo um antigo templo que foi demolido por ameaçar ruína. As obras foram concluídas em 1811. Destacamos os escadórios que ligam a parte alta da cidade ao santuário e que estão divididos em 3 lanços.
Temos o Pórtico Barroco de 1723, onde começam os lanços de escadaria que conduzem às capelas da Via Sacra e às fontes contíguas; o Escadório dos Cinco Sentidos; e o Escadório das Três Virtudes Teologais, que foi construído em 1837.
3. Santuário de Nossa Senhora do Sameiro
O Santuário do Sameiro é um monumental santuário neoclássico, cuja construção começou em 1863 e só foi concluída no século XX. Em 1964, o Papa Paulo VI elevou o Santuário a Basílica. A famosa imagem de Nossa Senhora do Sameiro encontra-se no altar principal.
Em frente ao santuário, encontra uma imponente escadaria, e no topo desta, dois altares, em cima dos quais estão as imagens da Virgem Maria e do Sagrado Coração de Jesus. Ao redor, encontra um recinto para missa campal, um parque arborizado, jardins, um cruzeiro, algumas fontes e uma capela.
4. Mosteiro de Tibães
Foi a antiga casa-mãe da Congregação Beneditina Portuguesa e está situado na freguesia de Mire de Tibães, a cerca de 6 km de Braga. Foi fundado em finais do século X, inícios do XI, e foi reconstruído no último terço do século XI, o que o transformou num dos mais ricos e poderosos mosteiros do norte do país. Com a extinção das ordens religiosas, em 1833-1834, o mosteiro foi encerrado e os seus bens são vendidos em hasta pública, um processo que só terminou em 1864, com a compra do próprio edifício do convento.
A partir dos anos 70, o mosteiro assiste à delapidação dos seus bens, à ruína e ao abandono. Foi adquirido em 1986 pelo Estado Português e iniciou-se então um projeto de recuperação do espaço, o que permitiu oferecê-lo à fruição pública, dinamizá-lo culturalmente e conceber a sua reutilização.
5. Palácio do Raio
Foi construído entre 1754 e 1755, por encomenda de um poderoso comerciante, João Duarte de Faria. O projeto de André Soares é um dos mais notáveis edifícios de arquitetura civil da cidade, no estilo barroco joanino. Em 1853, o palácio foi vendido a Miguel José Raio, Visconde de São Lázaro, e daí ficou conhecido como Palácio do Raio. Miguel José Raio era um capitalista brasileiro que nasceu em Braga, na rua da Cruz de Pedra, em 10 de maio de 1814, e que faleceu a 14 de agosto de 1875.
Em 1863, o Visconde de São Lázaro abriu a rua em frente ao palácio, permitindo uma melhor visão da sua casa e a construção de duas habitações para as suas filhas. Em 1882, os seus herdeiros venderam o palácio ao Banco do Minho, que, por sua vez, o revendeu no ano a seguir à Santa Casa da Misericórdia, que nele instalou alguns serviços do hospital de São Marcos.
6. Theatro Circo
Aquele que é um dos maiores e mais belos teatros portugueses começou a ser edificado em 1911, com a construção a ser terminada em 1914. A estreia foi a 21 de abril de 1915. Este teatro tem capacidade para 1500 pessoas. Em 1999, o Theatro Circo foi submetido a obras de restauro e reestruturação espacial, que o modernizaram. E que repuseram a traça original do Salão Nobre, liberto agora das alterações que foi sofrendo ao longo dos anos.
7. Fonte do Ídolo
A Fonte do Ídolo está localizada perto da Avenida da Liberdade, e os dados históricos que revela são de enorme importância. Permitiu, por exemplo, confirmar a existência de uma mitologia lusitana, que em nada diferia das mitologias romana e grega. Alguns investigadores consideram que o monumento poderá ter sido parte integrante de um domus da periferia, de acordo com vestígios encontrados nas imediações. Já outros pensam que estamos perante um santuário público oferecido à comunidade bracarense por Celico Fronto, o que tornaria a fonte um dos escassos exemplos de evergetismo na cidade de Bracara Augusta.
8. Arco da Porta Nova
Esta edificação icónica foi mandada construir em 1512 pelo arcebispo D. Diogo de Sousa, que também foi responsável por obras como a Arcada ou a cabeceira da Sé Catedral. O Arco da Porta Nova nunca chegou a ter uma porta, uma vez que na data de construção as guerras já não se verificavam com a frequência do século anterior, e por isso, uma porta foi considerada redundante.
O Arco da Porta Nova foi também o primeiro, de um total de oito existentes na cidade, que não conduzia a nenhum caminho. As outras portas da época levavam a caminhos criados já no tempo dos romanos, mas o Arco da Porta Nova levava a uma praça com uma fonte, onde se podia encontrar um mercado de peixe.
A versão que hoje conhecemos deste arco foi edificada em 1772, por iniciativa do arcebispo D. Gaspar de Bragança. No entanto, se não há dúvidas quanto ao responsável pela diligência da construção, o mesmo já não acontece com a autoria do desenho do arco, onde se levanta a incerteza.
9. Termas romanas do Alto da Cividade
Encontram-se próximas do museu arqueológico D. Diogo Sousa e são um grande complexo de banhos, compostos por valiosas ruínas que contam com um teatro anexado, datado do século II d.C. As termas foram descobertas durante escavações levadas a cabo em Cividade, uma pequena freguesia do concelho de Braga, durante o ano de 1977.
Os balneários públicos eram construções usadas pelos habitantes da cidade e visitantes. Segundo a tradição romana, o banhista tinha que passar no corpo azeites e praticar diversos exercícios de ginástica. Após se lavarem noutra sala, entravam numa espécie de sauna, onde poderiam usufruir de mergulhos numa piscina com água fria, e terminar com uma massagem com óleos aromáticos.
10. Igreja do Pópulo
Esta igreja foi construída no século XVI por vontade do arcebispo D. Frei Agostinho de Jesus, que aí foi sepultado. Falecido em 1609, o seu corpo foi transladado em 1628 para um túmulo de madeira mandado fazer pela cidade de Braga, que foi colocado no arcossólio da capela-mor. O caráter maneirista da igreja foi alterado no século XVIII, altura em que se reconstruiu a fachada em estilo neoclássico, segundo desenhos de Carlos Amarante.
O templo é consagrado à Virgem venerada na Igreja de Santa Maria do Pópulo, em Roma. Vale bem a visita pelo seu interior ricamente decorado, com destaque para o revestimento azulejar azul e branco, que é atribuído ao ceramista Policarpo de Oliveira Bernardes (séc. XVIII).
11. Paço Episcopal Bracarense
Situado em frente à Sé de Braga, o Paço começou a ser construído durante o século XIV e foi ampliado durante os séculos XVII e XVIII. Hoje, o Paço alberga departamentos da universidade e uma biblioteca municipal, com uma sala de computadores coberta por um teto de talha dourada e numerosas pinturas. Vale a pena visitar o edifício em si e prestar atenção aos azulejos que ladeiam a escadaria principal.
Se sair pela medieval ala norte, poderá ver os belos jardins de Santa Bárbara, uma praça do século XVII com caminhos estreitos por um mar de flores e sebes chamativas. Em alturas de bom tempo, as ruas dos seus arredores enchem-se de músicos amadores e esplanadas de cafés com muito bom ambiente.
12. Arcada
Regra geral, a zona mais nobre ou central de uma cidade chama-se de “baixa”, mas não é o caso em Braga. É na Arcada que todas as manhãs os habitantes mais velhos e experientes de Braga se reúnem para comentar as notícias da atualidade e conviverem. A Arcada tem origem na Idade Média e é um projeto do arcebispo D. Diogo de Sousa.
Durante o século XVI, era neste largo que eram comercializados os bens que abasteciam a cidade, e por isso, a arcada propriamente dita servia de alpendre para acolher animais e mercadorias. A Arcada que hoje podemos ver não é a original, mas foi construída no mesmo local em substituição da anterior. Data de 1715 e foi erguida por iniciativa do Bispo D. Rodrigo de Moura Teles, sendo constituída por 8 arcos em cada uma das laterais e 3 na parte central, contabilizando um total de 19 arcos.
13. Jardim de Santa Bárbara
Este é um dos jardins mais bonitos de Braga, equilibrando as regras da geometria com a aleatoriedade das cores das flores. Situa-se no centro da cidade, e interrompe a sequência de construções de cimento e tijolos, o que o torna num lugar muito especial e uma espécie de oásis citadino que nos convida ao descanso. A parede alta em pedra recortada por ameias, ao fundo do jardim, faz lembrar um castelo.
Essa fachada faz parte do Paço Medieval de Braga e foi construída no final da Idade Média, por iniciativa dos arcebispos D. Gonçalo de Pereira e de D. Fernando da Guerra. Hoje, o espaço funciona como Arquivo Distrital de Braga e faz parte de um complexo maior chamado Paço Episcopal de Braga.
14. Igreja de Santa Cruz
Foi mandada construir pelo fundador da Confraria de Santa Cruz, Jerónimo Portila. À Confraria, foi posteriormente dado o título de Irmandade Real, pelo rei D. João VI. A construção da igreja iniciou-se em 1625, mas só terminou em 1737, e é por essa razão que aqui se encontram elementos maneiristas e barrocos.
O projeto inicial é da autoria de Francisco Vaz e os custos foram pagos graças a esmolas de devotos dos Passos do Senhor. Destacamos, no interior, as abóbadas trabalhadas em pedra, o trabalho de qualidade do órgão e dos púlpitos, e toda a decoração interna em talha dourada, datada do século XVIII.
15. Basílica dos Congregados
Encontra-se na freguesia de São José de São Lázaro e está incluída no antigo Convento dos Congregados. A Basílica tem autoria do arquiteto André Soares e foi construída no século XVI, embora a obra só terminasse no século XX. O início da construção foi em 1703, tendo sido benzida a 27 de outubro de 1717, mesmo faltando construir as torres e colocar as estátuas nos nichos respetivos.
Esses trabalhos seriam já levados a cabo no século XX, com a torre poente a ser concluída em 1964, por ação de António Augusto Nogueira da Silva e com projeto do arquiteto Alberto da Silva Bessa. As estátuas da fachada foram içadas para os seus locais a 16 de fevereiro de 1964 e são da autoria de Manuel da Silva Nogueira.