O Centro de Portugal é riquíssimo em história e património arquitetónico. Os seus monumentos são belos e imponentes e resultam da fusão de vários estilos. Foi no centro que se construiu alguns dos mais imponentes castelos portugueses com o objetivo de defender o território nacional aquando da expansão para sul ou das ameaças de Castela.
Por isso mesmo, a tipologia dos monumentos varia consoante a região: no interior do Centro de Portugal predominam os castelos defensivos, dispostos ao longo da raia, muitos deles localizados em aldeias históricas. À medida que caminhamos para o litoral, começam a aparecer as igrejas, os conventos, os mosteiros e até alguns palácios.
Alguns destes monumentos são Património Mundial da UNESCO e visitá-los é fazer uma autêntica viagem pela história nacional. Descubra alguns dos mais bonitos, importantes e emblemáticos monumentos do Centro de Portugal.
1. Convento de Cristo
Pertenceu à Ordem dos Templários, tendo sido fundado pelo Grão-Mestre D. Gualdim Pais. O convento conserva ainda recordações desses cavaleiros, que fizeram deste edifício a sua sede em Portugal. O Infante D. Henrique, Mestre da Ordem de Cristo desde 1418, mandou construir os claustros entre a Charola e a fortaleza dos Templários. No reinado de D. João III, deram-se as maiores modificações, com a construção da Igreja e dos claustros com ricos floreados manuelinos.
2. Mosteiro de Alcobaça
O mosteiro está classificado como Património Mundial pela UNESCO e é considerada uma das mais importantes abadias Cistercienses da Europa. O local foi doado por D. Afonso Henriques a Bernardo de Claraval, e as obras começaram em 1178, sendo esta a primeira obra verdadeiramente ao estilo gótico a ser erguida em Portugal. Os traços gerais são de rigor, austeridade e de pureza das formas, num ambiente que se queria de oração, penitência e em constante comunidade, em absoluto silêncio.
3. Igreja Paroquial de Válega
Se há Igreja que impressiona é esta, verdadeira obra-prima da arte da pintura do azulejo. A fachada da Igreja de Válega, virada para Poente, destaca-se particularmente ao pôr do sol, banhada pela luz, e constitui uma visão única graças aos seus azulejos de múltiplas cores. Até 1150, o patronato da Igreja pertencia a mãos privadas.
A partir daí, e até 1288, foi o Mosteiro de São Pedro de Ferreira. Entre 1583 e 1833, foi propriedade do Bispo e da Sé Catedral do Porto. Esta igreja encontra-se na sua localização atual desde meados do século XVIII.
4. Biblioteca Joanina
Esta obra-prima do barroco foi edificada sob o patrocínio de D. João V, tendo originalmente sido chamada de Casa da Livraria. A designação de Biblioteca Joanina foi dada mais tarde, em homenagem ao seu patrono. Foi construída como forma de exaltar o monarca e a riqueza do Império, sendo também uma esplendorosa combinação de materiais exóticos, num autêntico cofre-forte de livros.
5. Mosteiro da Batalha
O mosteiro de Santa Maria da Vitória é uma daquelas obras-primas incontornáveis da arquitetura nacional e até europeia. O conjunto arquitetónico nasceu de uma promessa feita por D. João I, como agradecimento da vitória na batalha de Aljubarrota, que lhe assegurou o trono e a independência nacional face aos espanhóis. As obras duraram 150 anos, o que justifica a existência de elementos góticos, manuelinos e renascentistas.
6. Castelo de Almourol
O castelo está situado numa pequena ilha, já habitada em tempos de ocupação romana, e que foi mais tarde ocupada por visigodos e muçulmanos. Almourol foi conquistado por D. Afonso Henriques no âmbito da reconquista cristã, em 1129, que entregou a fortificação à Ordem dos Templários. A Ordem reconstruiu o castelo e deu-lhe as suas características templárias. Segundo as inscrições existentes sobre o portão principal, as obras terminaram em 1171.
7. Sé da Guarda
Ergue-se majestosa no centro da cidade e foi mandada erigir durante o reinado de D. João I, por iniciativa do bispo D. Vasco de Lamego. As obras iniciaram-se em 1390, mas só terminaram 150 anos depois. Assim, não é de admirar que esta igreja seja uma perfeita simbiose entre o gótico e o manuelino, sendo uma das construções mais emblemáticas do nosso país.
8. Castelo de Sortelha
Sortelha foi fundada por D. Sancho I, com população oriunda das proximidades de Santo Estêvão. Nesta altura, a reconquista tinha já avançado bem para lá do Tejo, mas havia diversas escaramuças a leste entre portugueses e leoneses. Assim, houve necessidade de se definir uma fronteira e a proteger. Leão fortifica a vila do Sabugal, a leste do Côa, e Portugal responde com a fundação, no séc. XIII, da praça militar de Sortelha.
9. Sé Velha de Coimbra
Esta jóia do românico português é a única catedral, construída na época da Reconquista, cuja estrutura chegou intacta até aos nossos dias. Foi fundada durante o reinado de D. Afonso Henriques e representa a grandeza austera da arquitetura românica.
Atravesse o magnífico portal, que faz lembrar a entrada de uma fortaleza, e descubra o interior em pedra, num espaço imponente marcado pela alternância de luz e sombra, por entre colunas maciças e delicados capitéis com folhas e figuras de animais.
10. Palácio do Buçaco
Este Palácio Real, em plena Mata do Buçaco, foi projetado em finais do séc. XIX por Luigi Manini, contando com intervenções de Nicola Bigaglia, Manuel Joaquim Norte Júnior e José Alexandre Soares. É Imóvel de Interesse Público desde 1996 e encontra-se num conjunto paisagístico e arquitetónico único na Europa.
A arquitetura em si é um misto de elementos encontrados em outros monumentos como o Convento de Cristo ou o Mosteiro dos Jerónimos, sendo o interior decorado com azulejos, frescos e painéis alusivos aos Descobrimentos.
11. Igreja Matriz de Cortegaça
Com o nome completo de Igreja Matriz de Santa Marinha de Cortegaça, está localizada na vila e freguesia de Cortegaça, no concelho de Ovar. As fontes documentais relativas aos séculos X e XI não referem o templo, a sua padroeira ou o seu abade, sendo que a referência documental mais antiga a esta igreja se encontra em testamento de 1163, onde Garcia Gonçalves lega ao Mosteiro de Grijó o seu direito de padroado sobre a Igreja Matriz de Cortegaça.
12. Castelo do Sabugal
A região foi palco de acesas disputas entre os reis de Portugal e de Castelo, tendo finalmente D. Dinis tomado a sua posse, bem como das terras de Riba-Coa, em 1296, o que foi confirmado no Tratado de Alcanizes em 1297. D. Dinis procedeu então ao repovoamento do local e deu-lhe Carta de Foral, mandando ao mesmo tempo erigir o castelo. O castelo serviu, ao longo da história, a sua função militar, embora tenha chegado a ser convertido em prisão.
13. Mosteiro de Santa Clara-a-Nova
Este mosteiro foi construído em 1659 para substituir o primitivo mosteiro de Santa Clara-a-Velha, constantemente inundado pelo rio Mondego. O edifício atual, de estilo barroco, encontra-se rodeado por torres. Na decoração superior da igreja, existe uma urna de prata e cristal, do século XVII, onde se encontra o corpo da Rainha Santa Isabel.
14. Castelo de Óbidos
A apenas 75 quilómetros de Lisboa, em Óbidos, encontra de tudo, desde livrarias espetaculares, a chocolates, vinho, e um fabuloso castelo. Do alto das suas muralhas pode contemplar a envolvente, como os telhados em cascata, o contraste das telhas com as fachadas brancas e com o verde dos jardins e, mais além, as vinhas e campos. A cidade é também conhecida como “Vila das Rainhas”, já que era muitas vezes oferecida como prenda de casamento às soberanas.
15. Pátio e Paço das Escolas da Universidade de Coimbra
Neste conjunto arquitetónico, destacam-se as construções do período do Estado Novo, sobretudo o Pátio e Paço das Escolas. Os Estudos Gerais funcionaram no edifício conhecido como Estudos Velhos, onde hoje se encontra a Biblioteca Geral, mas as escolas distribuíram-se também por vários locais, nomeadamente edifícios próximos do Mosteiro de Santa Cruz.
16. Castelo de Penedono
A mais antiga referência a este castelo é de 960, mas crê-se que este deve ser anterior, já que na base da estrutura se encontraram fiadas paralelas, caraterísticas das construções árabes. O castelo está associado à figura do Magriço, Álvaro Gonçalves Coutinho, natural de Penedono, e que foi imortalizado por Camões n’Os Lusíadas, onde narra os feitos dos Doze de Inglaterra. O castelo foi classificado como Monumento Nacional a 16 de junho de 1910.
17. Castelo de Tomar
Este é outro exemplo de um castelo templário português, com uma surpresa dentro: o Convento de Cristo, criando-se assim um complexo monumental que é Património da Humanidade. A construção deste bastião dos Cavaleiros do Templo iniciou-se em 1160, e, hoje, podemos encontrar no seu interior detalhes que vão do românico ao barroco, passando pelo manuelino, numa visita que nos transporta até à época dourada dos monges cavaleiros que construíram o conjunto.
18. Palácio dos Condes de Anadia
Está situado em Mangualde, a cerca de 20 km de Viseu, e é um local mágico pronto a ser descoberto. Este é um dos mais importantes exemplos da arquitetura senhorial setecentista, sendo uma das casas mais importantes do país, contando com traços típicos da época da sua construção, o século XVIII.
Esta obra, classificada como Imóvel de interesse Público, pertenceu à família Paes do Amaral, cujos antepassados foram embaixadores de Portugal em Nápoles durante finais do século XVIII e inícios do século XIX. Aqui se produz vinho do dão através da marca Casa Anadia. Para além das vinhas, possui jardins, estufas e largos campos de sementeira, bem como uma extensa mata.
19. Castelo de Montemor-o-Velho
O castelo que se ergue hoje é o resultado de sucessivas campanhas medievais. Com a conquista definitiva de Coimbra em 1064, o castelo foi reedificado por Afonso VI de Castela, tendo fundado na mesma época, dentro das muralhas, a Igreja de Santa Maria da Alcáçova, muitas vezes reedificada ao longo dos seguintes séculos. É o castelo mais antigo de Portugal.
20. Palácio Nacional de Mafra
Diz-se que a obra se construiu devido a uma promessa feita relativa a uma doença de que o rei padecia. Com o nascimento da princesa D. Maria Bárbara, a promessa foi cumprida e o palácio e convento barroco, que hoje domina a vila de Mafra, começou a ser construído.
Os trabalhos começaram a 17 de novembro de 1717, com o modesto projeto de abrigar 109 frades franciscanos, mas a entrada do ouro do Brasil nos cofres portugueses levou a que D. João V e o seu arquiteto Johann Friedrich Ludwig a iniciarem planos mais ambiciosos, não se poupando a despesas.
A construção empregou 52 mil trabalhadores e o projeto final acabou por abrigar 330 frades, um palácio real, e uma das mais belas bibliotecas da Europa, decorada com mármores preciosos, madeiras exóticas e inúmeras obras de arte.