No nosso país, podemos encontrar inúmeros monumentos que nos cativam pela sua beleza e, ao mesmo tempo, nos dão autênticas lições de história. Um desses casos é precisamente o do Mosteiro de Alcobaça, considerado um dos mais belos e interessantes de Portugal. Este monumento situa-se precisamente em Alcobaça, no distrito de Leiria, cidade de grande beleza e com um património natural muito rico. O seu nome deriva do facto de estar nos vales dos rios Baça e Alcoa.
Este monumento que se destacou de um universo de 794 monumentos diferentes e foi considerado uma das 7 maravilhas de Portugal encontra-se também muito associada à história de amor de D. Pedro I e de D. Inês de Castro, até porque foi aqui que se decidiu o destino dela, e é aqui que se encontram os seus túmulos. Mas vamos à história.
D. Pedro I era filho de D. Afonso IV e de D. Beatriz de Castela. Inicialmente, estava previsto que se casasse com D. Branca, mas o seu matrimónio acabou por ser com D. Constança de Castela. Durante o seu casamento, D. Pedro apaixonou-se por uma das aias da sua mulher, uma jovem galega descendente da nobreza do noroeste peninsular. Foi assim que começou a relação de amor entre D. Pedro e D. Inês de Castro, que ficou para sempre na nossa história e imaginação.
Humilhada, D. Constança ainda chegou a convidar Inês para madrinha do seu filho D. Luís, até porque os costumes da época proibiam o relacionamento com comadres. Infelizmente, D. Luís faleceu poucos dias depois, e D. Constança acabaria por falecer após o parto de D. Fernando, em 1345.
Após o falecimento da esposa, Pedro e Inês assumiram o seu relacionamento e viveram o seu amor com toda a intensidade, apesar de a relação ser muito mal vista pelo rei, pela nobreza e pelo povo. Isto porque existia a preocupação de que o relacionamento colocasse em risco as boas relações entre Portugal e Castela, assim como o próprio trono português, circulando a ideia de que D. Fernando, o herdeiro de D. Pedro I, se encontrava em perigo.
Apesar de toda a polémica, a relação prosseguiu, sendo que o casal teve 4 filhos. Um deles faleceu, mas sobreviveram D. João, D. Dinis e D. Beatriz. Mesmo assim, a influência exercida pelos irmãos de Inês representava uma séria ameaça para o trono português e, após ouvir os conselhos de três homens da sua confiança,
D. Afonso IV decidiu mandar matar Inês, e essa decisão surgiu precisamente no mosteiro de Alcobaça. Inês foi degolada em Coimbra, no dia 7 de janeiro de 1355, numa altura em que D. Pedro andava à caça. Mas isto foi só o início da história.
Este assassinato desencadeou uma guerra civil, apenas pacificada pela intervenção de D. Beatriz de Castela, mãe de D. Pedro. Em 1356 morre D. Afonso IV e D. Pedro assume a coroa, conseguindo assim o poder que necessitava para executar a sua vingança.
Dois dos assassinos de D. Inês foram brutalmente assassinados, tendo-lhes sido arrancado o coração ainda em vida. O terceiro conseguiu escapar. Para além deste brutal episódio, sabe-se que D. Pedro mandou transladar o corpo de D. Inês para um magnífico túmulo no mosteiro de Alcobaça.
A este episódio encontra-se associada a lenda da coroação de D. Inês após a sua morte, dizendo-se que o rei exigiu perante a corte a sua admissão enquanto rainha, assim como o beija-mão ao seu cadáver, dizendo que se tinha casado secretamente com ela, de maneira a assim legitimar os filhos que com ela tinha tido.
Verdade ou não, o que é certo é que os túmulos de ambos se encontram no mosteiro de Alcobaça, com os dois túmulos a estarem ricamente decorados, contando com as estátuas de cada um coroadas. Os dois túmulos encontram-se frente a frente, de modo a que, quando ambos ressuscitarem (segundo a crença cristã), se possam levantar e verem-se um ao outro imediatamente.
Voltando ao mosteiro em si, de seu nome completo Abadia de Santa Maria de Alcobaça, a sua construção encontra-se ligada à fundação de Portugal. Após a conquista de Santarém, D. Afonso Henriques ofereceu o terreno onde este monumento se encontra edificado à Ordem de Cister, sendo que o local foi construído no século XII segundo o modelo da casa da ordem, em Claraval, França. Foi a primeira obra da arquitetura portuguesa inteiramente construída no estilo gótico.
O mosteiro tem mais de 200 metros de comprimento e encontra-se dividido numa tríade de corpos, existindo uma igreja com uma fachada de mais de 40 metros de altura. Para além disso, existem duas alas, sendo que a ala Norte era usada pelo rei e a sua corte quando visitavam o local, e a ala Sul era usada para habitação dos monges, dirigidos pelo seu abade.
Como pode ver, uma visita ao mosteiro de Alcobaça revela-se indispensável, não só pela sua rica história, como pela sua beleza impressionante. Temos a certeza que este vai ser um daqueles locais que ficará na memória por muito tempo!