O Mosteiro dos Jerónimos é um dos monumentos mais conhecidos e visitados no nosso país, sendo procurado tanto por portugueses como por turistas. E não é de admirar: este local conta-nos, com grande esplendor, a história da Expansão Marítima Portuguesa. Aliás, para melhor entender o monumento, temos que aprofundar um pouco a história.
Com a descoberta das primeiras ilhas atlânticas e uma vez dobrado o Cabo Bojador, o projeto real português concentrou-se na chegada à Índia, de maneira a obter o monopólio de especiarias. Esse objetivo foi atingido no reinado de D. Manuel, com Vasco da Gama a chegar á Índia em 1498.
O Mosteiro dos Jerónimos é a encarnação arquitetónica desta época, sublinhada pelo uso do estilo Manuelino, um refinamento do gótico que incorpora elementos marítimos. O conjunto monumental tornou-se Património Mundial da UNESCO em 1983.
O Mosteiro dos Jerónimos chama a atenção não só pela sua grandiosidade, mas também pelo requintado trabalho artístico. Tem uma elaborada fachada com mais de 300 metros, e uma igreja com um acentuado peso histórico. Numa das salas, encontram-se os túmulos de Vasco da Gama e de Luís Vaz de Camões.
Na capela-mor, estão as arcas funerárias de D. Manuel I e dos seus descendentes; na Sala do Capítulo, estão os restos mortais do escritor e historiador Alexandre Herculano e, no transepto da igreja, podemos ver os túmulos do Cardeal-Rei D. Henrique e a arca vazia do rei D. Sebastião, cujo corpo se perdeu em batalha nos campos de Alcácer-Quibir.
Para além do rendilhado da fachada, é no claustro que o estilo Manuelino está mais presente, existindo uma profusão de decorações de elementos marítimos e exóticos. Muitos são os visitantes que procuram as figuras dos animais exóticos que as viagens dos portugueses deram a conhecer à Europa, e que aparecem esculpidos em diversos recantos insuspeitos.
Dentro da temática da Expansão marítima, podemos encontrar, próximo do Mosteiro e em frente ao Tejo, o Padrão dos Descobrimentos, obra do século XX que mostra diversos navegadores célebres liderados pelo infante D. Henrique.
A fechar o conjunto monumental de Belém, temos outra obra do Manuelino, construída numa ilha do rio, mas que hoje se encontra em terra. Falamos da Torre de Belém, que encanta todos os visitantes e observadores.
Assim, passear pela zona histórica de Belém é fazer uma caminhada pelos momentos mais grandiosos da nossa história e das nossas viagens entre o primeiro quartel do século XV e meados do século XVI.
É precisamente essa época que monumentos como a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos celebram e enaltecem, num misto de arquitetura e história que é simplesmente maravilhoso.
E se é fã deste estilo arquitetónico tipicamente português, pode sempre partir à descoberta de outros monumentos onde ele foi utilizado, embora tenha que sair de Lisboa para ver alguns dos exemplares mais icónicos.
O Convento de Jesus, em Setúbal, é uma das melhores escolhas perto de Lisboa. Afinal de contas, este terá sido o primeiro grande monumento a ser construído segundo este estilo arquitetónico. As obras iniciaram-se em 1490 e terminaram em 1496 e a iniciativa da construção do Convento partiu de Justa Rodrigues Pereira, ama do próprio D. Manuel I.
Um pouco mais longe, pode apreciar o Mosteiro da Batalha. O conjunto arquitetónico nasceu de uma promessa feita por D. João I, como agradecimento da vitória na batalha de Aljubarrota, que lhe assegurou o trono e a independência nacional face aos espanhóis. As obras duraram 150 anos, o que justifica a existência de elementos góticos, manuelinos e renascentistas.
E, claro, não poderíamos esquecer o Palácio de Dom Manuel, em Évora. Trata-se de um elegante pavilhão do século XV, o único edifício não destruído, no século XIX, do antigo Paço Real de Évora. Nele existem vários elementos com claras influências mouras, decoração naturalista e manuelina e alguns detalhes romanos.
Mas se procura um daqueles pequenos segredos que quase mais ninguém conhece, então o ideal para si é a Quinta de Ribafria, em Sintra. O solar de Ribafria foi construído em 1541, por Gaspar Gonçalves, e trata-se de um belíssimo edifício da arquitetura civil manuelina. O destaque vai para a sua magnífica torre, edificada 100 anos depois do solar.