É menos falada do que a mundialmente reconhecida N222, mas a N108, que percorre a margem oposta do Douro, é igualmente rica em paisagens sublimes, com vista privilegiada para o rio e para os socalcos das suas margens. Trata-se de uma das melhores opções para quem pretende descobrir esta belíssima região através de um passeio de carro.
A famosa N222 começa em Vila Nova de Gaia e corre ao longo da margem direita do Douro até Vila Nova de Foz Côa. Por sua vez, a sua “irmã” começa na margem esquerda, à saída da ponte do Freixo, e termina o seu percurso em Bagaúste, junto à Barragem da Régua.
Até à década de 40 do séc. XX, não existia nenhuma estrada na maioria da margem esquerda do Douro, e foi apenas em 1945, por alturas da elaboração do Plano Rodoviário Nacional, que se começou a planear esta estrada, apesar de, dos mais de 170 quilómetros previstos, só se terem construído os primeiros 120. Até 1990, a N108 foi uma das mais importantes ligações entre o Porto e Trás-os-Montes e Alto Douro, zona que estava então mais isolada.
Saindo do Porto, e deixando Valbom e Gondomar para trás, irá passar por Canelas e chegar a Entre-os-Rios, local onde o Tâmega termina o seu percurso e desagua no Douro. Passando a emblemática ponte Duarte Pacheco, inaugurada em 1941, chegará a Torrão, onde começa verdadeiramente o percurso ao longo do Douro.
a partir deste ponto, é altura de pegar na sua câmara fotográfica e começar à procura dos melhores miradouros com vista para o rio Douro. Em vários locais do percurso ao longo da nacional 108 existem miradouros (alguns oficiais e outros improvisados), onde é possível para durante alguns minutos e apreciar toda a beleza da paisagem e do rio.
É claro que não pode deixar de visitar a região, até porque aqui encontra um vasto património, com monumentos como a Capela de Santo António, a Igreja de Santa Maria de Eja ou a Igreja Românica de São Miguel de Entre-os-Rios.
Infelizmente, Entre-os-Rios ficou tragicamente conhecida quando, a 4 de março de 2001, a antiga ponte Hintze Ribeiro ruiu, o que resultou na morte de 59 pessoas. Em homenagem a essas vítimas, existe hoje no local um monumento, conhecido como o “Anjo de Portugal”, que constitui um bom local de reflexão sobre a tragédia ocorrida.
Seguindo caminho, poderá visitar a capela da freguesia de Ribadouro, que se situa mesmo à beira do rio. É neste ponto que a N108 se afasta do Douro, que voltará a encontrar em Mesão Frio, local onde terá muito que visitar, entre miradouros e igrejas. É a partir daqui que a estrada mostra o melhor da paisagem vinhateira do Douro, com os miradouros a sucederem-se.
Recomendamos que pare em alguns, para melhor admirar a paisagem. A paragem seguinte é Caldas do Moledo, conhecida pelas suas termas, que eram recomendadas para dermatoses, doenças das vias respiratórias e reumatismo. Apesar de as termas estarem fechadas, pode desfrutar do Parque das Caldas de Moledo.
A última paragem desta viagem é em Peso da Régua, local onde se encontra o Museu do Douro, que é dedicado à cultura e história do vinho na região. Esta cidade encontra-se já no distrito de Vila Real e é tida como a capital da região demarcada dos vinhos do Douro.
Peso da Régua pode ser o destino final da Estrada Nacional 108 mas não tem necessariamente que ser o seu destino final. A partir desta cidade é possível descobrir as redondezas e mergulhar num mundo de quintas, solares e aldeias vinhateiras. São muitos os alojamentos de turismo rural na região e em algumas das quintas é possível fazer provas de vinhos ou até participar numa típica vindima.
Aproveite bem a paisagem, até porque a cidade se encontra em Pleno Vale do Douro, que está classificado como Património da Humanidade pela UNESCO. Descobrir todos os seus cantos e recantos é conhecer um país longe dos grandes centros urbanos mas mais perto da autenticidade e da cultura portuguesa. Um passeio a não perder!
Trocaram as margens. A N222 corre pela margem esquerda e a N108 pela margem direita. A margem é determinada pelo sentido montante/jusante do rio. De nada!