Sabe qual é o palácio mais antigo de Portugal? Quando pensamos em palácios, pensamos em um edifício sumptuoso, de grandes dimensões e recheado de luxos, onde habitava a família real. Mas se esta é uma associação perfeitamente válida, a verdade é que também não nos podemos esquecer dos chamados “Paços” nesta designação. Os Paços eram edifícios de menores dimensões, podendo este termo ser usado para residências de bispos ou para locais onde o Rei teria dormido pelo menos uma vez.
Assim, quando falamos em palácios, não nos podemos esquecer dos Paços, já que alguns deles podem ter sido, temporariamente ou definitivamente, residências reais.
E a verdade é que o palácio mais antigo de Portugal é o chamado “Paço das Escolas”, que hoje integra a Universidade de Coimbra. Foi edificado ao longo de várias centenas de anos, desde o reinado de D. Afonso Henriques até ao século XVI. A construção original, a Alcáçova (o local onde vivia o governador da cidade no período de domínio muçulmano) foi construída sob as ordens de Almançor nos finais do séc. X.
A partir de 1131, D. Afonso Henriques viria a habitar o Paço Real da Alcáçova, tendo-se este tornado o primeiro paço real do país. Aqui nasceram praticamente todos os reis da primeira dinastia.
Este paço é progressivamente abandonado a partir do reinado de D. Dinis, ganhando uma nova vida durante o séc. XVI, durante o reinado de D. Manuel I, altura em que se inicia uma grande reforma nos edifícios do Paço.
Já no reinado de D. João III, em 1544, foi aqui instalada a totalidade das faculdades da Universidade de Coimbra. Após ser adquirido a D. Filipe I, em 1597, o antigo Paço da Alcáçova passou a pertencer definitivamente à Universidade, tomando a designação de Paço das Escolas pela qual hoje é conhecida.
O Paço das Escolas engloba diversos edifícios emblemáticos, que foram acrescentados ao Paço original ao longo dos séculos, entre os quais se incluem a Biblioteca Joanina, a Sala dos Capelos, a Sala do Exame Privado e a capela de São Miguel.
Biblioteca Joanina
A Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra veio substituir a antiga Casa da Livraria Universitária, devendo o seu nome ao monarca que a mandou erigir, D. João V, em 1717. Este rei ficou conhecido como patrono das artes, ciência e cultura, sendo esta biblioteca um exemplo da notável política cultural do rei.
Como destaque, no pórtico deste elegante edifício, com quatro colunas de estilo jónico, encontra-se o escudo real, barroco, e que com toda a sua majestade traduz o espírito de magnificência tão característico do mais auspicioso reinado da história do nosso país.
Capela de São Miguel
Também conhecida como Capela da Universidade de Coimbra, remonta ao século XVI, tendo provavelmente sido construída por cima de uma antiga capela do séc. XII, de estilo manuelino. O edifício atual resulta dos trabalhos dirigidos por Marcos Pires, terminados por Diogo de Castilho.
Esta capela passou por pequenas remodelações nos séculos XVII e XVIII. A Real Capela, dedicada a São Miguel, foi sede da Confraria de professores e alunos, sob a invocação a Nossa Senhora da Luz. A estrutura arquitetónica é inconfundivelmente manuelina, como pode ser observado nas enormes janelas da nave central e no arco cruzeiro.
Sala dos Capelos
A atual Sala dos Capelos foi em tempos uma sala do trono, antes de o Paço Real de Coimbra se ter tornado Paço das Escolas. Foi nesta sala que se deu a aclamação de D. João I como Rei de Portugal.
Quando, a partir de 1544 o palácio aglutinou todas as Faculdades da Universidade de Coimbra, que se tinha instalado na cidade em 1537, a antiga Sala do Trono passou a ser utilizada em cerimónias académicas de maior importância.
Sala do Exame Privado
Esta sala era o local onde pernoitava o monarca, sendo parte integrante do antigo Palácio Real. Mais tarde, foi transformada na Sala do Exame Privado, que era um ato solene e noturno onde se fazia a prova de licenciatura, à porta fechada. Ainda hoje decorre aqui a cerimónia da Abertura Solene das Aulas.
A atual configuração da Sala do Exame Privado é resultado de uma remodelação feira em 1701, levada a cabo pelo mestre-de-obras José Cardoso. Na decoração, destaca-se um lambril de azulejos executados por Agostinho de Paiva, e um conjunto de retratos de antigos reitores. A pintura do teto foi realizada por José Ferreira Araújo, constituindo ainda hoje um ponto focal do espaço.
Quantos viajam por esse mundo fora procurando ver maravilhas existentes, mas muitos, sem antes procurarem ver as que têm dentro de seu País.