No tempo do imperador Augusto, Lisboa chamava-se Felicitas Julia Olisipo, e era um importante porto da província da Lusitânia. A capital desta província era Augusta Emerita (a atual Mérida), com Olisipo a ser um dos portos da capital, apesar de ter a importância concedida às grandes cidades romanas. Diz a lenda que terá sido fundada por Ulisses, um antigo herói grego.
Ulisses terá navegado pelo Mediterrâneo após o término da Guerra de Tróia. Atravessou o estreito de Gibraltar e navegou ao longo da costa que hoje corresponde a Portugal. Quando encontrou o estuário do Tejo, terá ficado deslumbrado com a beleza do local e decidido fundar aquela que ele dizia ser a cidade mais bela do mundo.
Trata-se apenas de uma lenda e o mais certo é que não tenha qualquer fundamento. O que se sabe, é que o sufixo “ipo”, era comum na designação das cidades fundadas pelos Sefes, um antigo povo que viveu nesta região ainda antes dos Lusitanos. Um dos grandes exemplos em Portugal é a antiga cidade de Dipo, localizada em Evoramonte, e que seria a antiga capital dos Sefes.
O valor de Olisipo residia no rio Tejo, que a tornava numa próspera e relevante via de comunicação, com a sua atividade económica a ser sustentada pela abundância de peixe, vinho e azeite, transportados para todo o mundo romano.
Tal como era costume na política expansionista de Roma, os povos que eram dominados deviam receber o cunho da civilização romana, com todos os setores a serem influenciados, da língua à arquitetura.
Foi durante a romanização de Olisipo que o imperador Augusto decide mandar construir um teatro virado a sul, marca da propaganda do Império que chegava à cidade. Hoje, é possível visitar as ruínas deste antigo teatro e ter uma noção da sua real imponência antes de ser destruído.
Este edifício situava-se na encosta da colina onde hoje está o castelo de São Jorge. Tinha uma estrutura semicircular, capacidade para cerca de 4000 pessoas e estava decorado com fustes e capitéis pintados. Neste teatro, exibiam-se peças do período clássico.
O teatro, datado do séc. I d.C, assim como grande parte de Lisboa, acabou por “desaparecer” durante o terramoto de 1755. As suas ruínas, descobertas durante a reconstrução da cidade, em 1798, foram esquecidas e, sobre elas, construíram-se edifícios de habitação.
Foi só muito mais tarde, na década de 60 do século XX, que o que estava escondido debaixo dos pés se revelou e veio à superfície. Através de diversas campanhas de escavações arqueológicas, foi possível recuperar a história da velha Olisipo.
Assim, aprendemos que, na época romana, a praça D. Luís I era uma pequena baía, onde os navios podiam ancorar, sendo por isso importante no trânsito de cargas e passageiros, com as mercadorias que transportavam a ser por vezes lançadas ao rio.
É através da análise dos materiais recolhidos que conseguimos perceber melhor o tipo de relações comerciais e marítimas que Olisipo mantinha com o restante império, ao longo de mais de 700 anos, durante os quais aqui chegaram navios vindos de todos os cantos do Mediterrâneo.
Olisipo era também um importante centro de transformação de pescado, existindo, na margem sul do estuário do Tejo, vestígios de olarias que fabricavam as cânforas onde se exportavam as conservas.
Assim, no geral, Olisipo era um dos mais importantes portos da faixa Atlântica. Por aqui passava uma rota que, partindo do mediterrâneo, abastecia os exércitos de Roma que se encontravam na Britânia e Germânia Inferior, as atuais regiões da Grã-Bretanha e parte da costa norte da moderna Alemanha.
A cidade passou por muitas transformações e foi governada por diferentes povos até ser conquistada pelos portugueses. Infelizmente, o grande sismo de 1755 destruiu praticamente todos os seus edifícios e, os poucos que restaram, foram destruídos em nome da expansão e do desenvolvimento urbano.
Hoje, são poucos os vestígios romanos existentes em Lisboa. No entanto, sabemos que Olisipo era uma das cidades mais importantes da Península Ibérica naquele tempo. Resta apenas preservar o pouco que ainda existe e imaginar como poderia ter sido.
Ola, estou a escrever ou a terminar um livro sobre a Civilização Romana, pergunto se por favor posso usar os desenhos / fotografias no meu livro quando falo sobre Olisipo, fico muito grato da vossa resposta