Com uma imensidão de obras para escolher, com uma literatura tão rica e tão variada, fazer uma selecção deste género será sempre injusta e sujeita a subjectividade. No entanto, a lista foi elaborada tendo por base a crítica internacional, os prémios recebidos e o impacto que cada obra em questão teve na literatura portuguesa. Descubra os 15 melhores livros portugueses de sempre.
1. Mensagem – Fernando Pessoa
Os 44 poemas de Fernando Pessoa foram publicados um ano antes da morte do poeta, em 1935. O livro evoca os Descobrimentos portugueses, estando dividido em três partes.
2. Os Maias – Eça de Queirós
A história do amor entre Carlos da Maia e Maria Eduarda, publicada em 1888, faz parte das memórias de muitos alunos portugueses. É considerado uma das maiores obras da literatura portuguesa.
3. Os Lusíadas – Luís Vaz de Camões
Os Lusíadas é uma obra poética do escritor Luís Vaz de Camões, considerada a epopeia portuguesa por excelência. Provavelmente concluída em 1556, foi publicada pela primeira vez em 1572 no período literário do classicismo, três anos após o regresso do autor do Oriente.
4. Memorial do Convento – José Saramago
Memorial do Convento é um romance de José Saramago, conhecido internacionalmente, publicado pela primeira vez em Outubro de 1982. A acção decorre no início do século XVIII, durante o reinado de D. João V e da Inquisição. Este rei absolutista, graças à grande quantidade de ouro e de diamantes vindos do Brasil, mandou construir o magnânimo Palácio Nacional de Mafra, mais conhecido por convento, em resultado de uma promessa que fez para garantir a sucessão do trono.
5. Auto da Barca do Inferno – Gil Vicente
Nesta peça de Gil Vicente, poucas personagens escapam ao Inferno. A crítica mordaz que o dramaturgo faz da sociedade terá sido representada pela primeira vez em 1517.
6. O crime do Padre Amaro – Eça de Queirós
Trata do romance entre Amaro e a jovem Amélia, que surge num ambiente em que o próprio papel da religião é alvo de grandes discussões e a moralidade de cada um é posta à prova. Enquanto a trágica história de amor se desenvolve, personagens secundários travam instigantes debates sobre o papel da fé.
7. Viagens na minha terra – Almeida Garret
Em Viagens na Minha Terra, publicado inicialmente em folhetim entre 1845 e 1846, Almeida Garrett descreve a viagem que fez entre Lisboa e Santarém, bem como as suas impressões sobre os locais por que passou. No meio destas deambulações, conta a história de Joaninha, a menina dos rouxinóis, de Carlos, que encarna o herói romântico, e de Frei Dinis, entrelaçando a tragédia que liga estas personagens com as suas crónicas de viagem.
8. Não entres tão depressa nessa noite escura – António Lobo Antunes
O pai de Maria Clara foi internado e vai morrer. O livro é composto pelas divagações de Maria Clara, as suas recordações e as suas histórias e personagens inventadas, enquanto o pai está a morrer.
9. Sonetos Completos – Florbela Espanca
Compêndio poético da poetisa reunido por Guido Battelli num volume chamado Sonetos Completos, publicado pela primeira vez em 1934. Somente duas antologias, Livro de Mágoas (1919) e Livro de Sóror Saudade (1923), foram publicadas em vida da poetisa. Outras, Charneca em Flor (1931), Juvenília (1931) e Reliquiae (1934) saíram só após o seu falecimento.
10. A Sibila – Agustina Bessa-Luís
A Sibila é um romance de Agustina Bessa-Luís publicado em 1954. O título remete para as figuras clássicas das sibilas, como a Delfos, a mais célebre de todas. No romance, a palavra indica a protagonista, a Quina. Este romance venceu o Prémio Delfim Guimarães e o Prémio Eça de Queiroz.
11. A criação do mundo – Miguel Torga
Neste livro, Torga, primeiro escritor a receber o prémio Camões, narra as principais lembranças de sua vida, como a infância em Trás-os-Montes, as paisagens do campo, sua primeira viagem pela Europa, o encontro em Paris com exilados políticos portugueses, as rebeliões anti-salazaristas, sua prisão e a morte de seus pais.
12. Poesia – Sophia de Mello Breyner Andresen
Era o ano de 1944, Sophia publicava o primeiro livro, com o mais justo dos títulos: Poesia. Todos os outros livros, mais tarde, poderiam receber o mesmo baptismo, o mesmo nome preciso: essa condição de poesia, que é feitura do poema, trabalho oficinal, mas também resgate entre ruínas e morte, renascimento da exaltação.
13. A ilustre casa de Ramires – Eça de Queirós
A história aparente narra a vida de Gonçalo Mendes Ramires, a sua chegada à política e as tradições familiares portuguesas, mas fica evidente a analogia que Eça faz com a História portuguesa, as suas mudanças políticas e a sua tradição. O administrador Gouveia, uma das personagens, chega a afirmar, nas últimas linhas da obra, que o seu amigo Gonçalo se parece com Portugal.
14. Aparição – Vergílio Ferreira
A “Aparição”, o romance de Vergílio Ferreira, publicado em 1959, começa com um prenúncio de tragédia: Alberto Soares, o personagem do romance, chega a Évora como novo professor do liceu. Um homem de luto, sombrio e descrente ainda a refazer-se da morte do pai, acaba de entrar numa cidade católica, branca e luminosa, deixando adivinhar que a sua relação com a cidade não será fácil.
15. Poemas – Mário de Sá Carneiro
Primeiro, Sá-Carneiro teve sobretudo o génio de querer ter génio, pois a sua ânsia de Novo apenas encontrou formas recolhidas da tradição, de Nobre a Pessanha, tornadas mais intensas pelo luxo das imagens e pelo desfazer anti-romântico do Eu sentimental — no que acompanhou o seu grande amigo Pessoa. Desse caos decadente emergiu um último Sá-Carneiro, que desde Orpheu 2 escreve alguns dos poemas mais dilacerantes da língua, num tom de singularidade radical, fulgurante e excessivo.