A enorme quantidade de conventos em Portugal explica-se de forma muito simples: durante muitos séculos, a herança de uma família era apenas atribuída ao filho mais velhos. Os restantes, fossem eles homens ou mulheres, tinham poucas alternativas: ou tinham a sorte de esperar que o primogénito fosse “caridoso” ou ingressavam numa instituição religiosa, vivendo como monges, frades ou freiras.
Por isso mesmo proliferou a construção de conventos e mosteiros um pouco por todo o país: era necessário albergar todos aqueles que, mais vezes por obrigação do que por vocação, viam as suas vidas limitadas à clausura. As ordens religiosas foram extintas em 1834 e, com o seu fim, muitos dos conventos ficaram completamente ao abandono, restando deles apenas as suas ruínas.
No entanto, alguns foram recuperados mais tarde. Transformados em museus, centros culturais e até hotéis de charme e pousadas, ganharam uma nova vida e hoje estão abertos ao público, em todo o seu esplendor. Conheça alguns dos conventos mais bonitos de Portugal.
1. Convento de Cristo (Tomar)
O conjunto monumental formado pelo Convento da Ordem de Cristo, pelo Castelo dos Templários, construído em 1160, e pela Cerca Conventual é património mundial da UNESCO desde 1983.
O Convento de Cristo é uma das maiores heranças da passagem dos Templários no nosso país, impressionando pela grandiosidade e beleza arquitetónica, da qual destacamos a Janela do Capítulo, ao estilo Manuelino, e a Charola Templária.
2. Convento dos Capuchos (Sintra)
Numa terra como Sintra, repleta de palácios e edifícios exuberantes, o Convento dos Capuchos destaca-se pela sua extrema modéstia e simplicidade. Não apresenta qualquer vestígio de luxo e de conforto e foi construído de acordo com os ideais franciscanos de desapego e pobreza.
Localiza-se em plena Serra de Sintra e funde-se em perfeita harmonia com a paisagem envolvente, com as pequenas divisões perfeitamente integradas na vegetação e nos enormes penedos de granito. O bosque que rodeia o Convento dos Capuchos foi mantido pelos frades que o habitavam, sendo hoje um dos mais notáveis de Sintra.
3. Convento de São Paulo (Redondo)
Foi construído no séc. XIV nas encostas da serra de Ossa, por monges que procuravam um local calmo para rezar e encontrar paz espiritual. No entanto, o convento hoje é um confortável hotel, com 600 hectares de floresta, dois grandes jardins, duas fontes estilo florentino, e 50.000 azulejos a revestir as paredes, e que são um grande ponto de interesse.
O local respira história e presenciou alguns eventos importantes. Foi visitado por D. Catarina de Bragança (que se casou com Carlos II de Inglaterra em 1661), por D. Sebastião e por D. João IV. E mesmo em 1892, o rei D. Carlos convidou toda a corte e nobreza para um piquenique nos jardins deste mosteiro.
4. Convento de Mafra
Diz-se que a obra se construiu devido a uma promessa feita relativa a uma doença de que o rei padecia. Com o nascimento da princesa D. Maria Bárbara, a promessa foi cumprida e o palácio e convento barroco, que hoje domina a vila de Mafra, começou a ser construído.
Os trabalhos de construção do Palácio e Convento de Mafra começaram a 17 de novembro de 1717, com o modesto projeto de abrigar 109 frades franciscanos, mas a entrada do ouro do Brasil nos cofres portugueses levou a que D. João V e o seu arquiteto Johann Friedrich Ludwig a iniciarem planos mais ambiciosos, não se poupando a despesas.
5. Convento de Santa Maria do Bouro (Amares)
Este imponente edifício espera-o após curvas e contracurvas pela estrada serrana, onde pode encontrar um Portugal serrano, bucólico e cheio de beleza, com velhotas de lenço na cabeça e rebanhos a pastar na serra.
O projeto arquitetónico que resultou da transformação do Convento de Amares em pousada foi realizado por Souto Moura, que procurou usar as pedras disponíveis para construir um espaço novo e cómodo, mas preservando as ruínas, que tanta influência histórica tiveram na região.
6. Convento da Graça (Tavira)
Tavira, com o seu casario baixo, o rio decidido e caraterístico e as suas ruas estreitas e movimentadas é o local perfeito para passar uns dias inesquecíveis. No que diz respeito ao alojamento, pode (e deve) optar pelo Convento de Nossa Senhora da Graça, atual pousada, rico em história e em conforto, é o ponto de partida perfeito para descobrir a arquitetura, cultura e lazer desta belíssima cidade.
7. Convento dos Loios (Arraiolos)
Localiza-se nos arredores de Arraiolos e foi fundado no ano de 1527. Pertenceu à Ordem de São João Evangelista mas com o decreto da extinção das ordens religiosas passou para mãos particulares. Mais tarde, foi reconvertido em Pousada e, atualmente, qualquer turista pode pernoitar nas suas instalações.
Nele é possível observar vários estilos arquitetónicos, que vão do gótico ao barroco e até ao classicismo renascentista. O seu grande destaque, no entanto, é o claustro, que conta com arcos sustentados por colunas toscanas e paredes completamente revestidas por azulejos com as tradicionais cores de azul e branco.
8. Convento de Santo António dos Capuchos (Guimarães)
É, talvez, um dos mais discretos e secretos museus de Guimarães mas também um dos mais surpreendentes. O edifício começou por ser um hospital da Misericórdia local em 1842 mas hoje alberga um conjunto de exposições, temporárias e permanentes, que refletem o património desta instituição de caridade.
9. Convento das Chagas de Cristo (Vila Viçosa)
Ficar nesta pousada é uma experiência única, que parece saída de um sonho. Procure passear entre as salas e corredores, apreciando as escadarias e os arcos de volta perfeita, naquele que foi um dos conventos mais opulentos de Portugal.
Esta casa religiosa foi erguida há mais de 500 anos para servir de Panteão às senhoras da Casa de Bragança. O espaço encontra-se inserido no Paço Ducal, que envolve o convento, igreja e palácio.
10. Convento de São Francisco (Beja)
Aqui encontra o melhor de dois mundos, com uma receção e atendimento que o vão fazer sentir em casa nesta estrutura do séc. XIII. O espaço sofreu diversas remodelações ao longo do tempo, mas os arcos originais do claustro permanecem bem à vista.
A entrada para o espaço é majestosa, com os seus passos a ecoarem no chão da nave da antiga igreja, com um pé-direito alto, e que nos deixa a imaginar a vivência nos tempos em que aqui viviam franciscanos.