Não podemos negar que Guimarães é uma cidade muito atrativa, cheia de cultura e tradições que formam uma identidade muito especial, fruto de uma história única, rica e muito fascinante. Nesta cidade, poderá encontrar inúmeros monumentos com valor inestimável, sendo que, para além do castelo, um dos mais icónicos é certamente o Paço dos Duques de Bragança, um dos palácios mais bonitos do Norte de Portugal.
Tudo começou com D. Afonso, filho ilegítimo do rei D. João I, que recebeu extensas doações deste, e que acabou por se casar com D. Beatriz, filha do Condestável D. Nuno Álvares Pereira, passando a ostentar o título de oitavo Conde de Barcelos.
Ao longo da sua vida, D. Afonso viajou pela Europa em compromissos diplomáticos e participou em campanhas militares em Ceuta, viagens que proporcionaram um enriquecimento cultural assinalável e que influenciaram o modo como edificou o seu Paço em Guimarães.
A construção deste Paço deve ter sido iniciada por volta de 1420, por alturas do segundo casamento de D. Afonso com D. Constança de Noronha, filha do Conde de Gijón, tendo as obras terminado em 1433.
Apesar do nome do edifício, foi apenas em 1442 que foi concedido a D. Afonso o título de duque de Bragança, dando-se início a uma das casas senhoriais mais poderosas da Península Ibérica. Após a morte do duque, em 1461, a duquesa viúva ainda aqui viveu até à data do seu falecimento, em 1480.
Pensa-se que este Paço ainda foi usado como residência dos duques de Bragança durante a centúria de quinhentos, mas, mais tarde, entrou numa fase de abandono, até que ficou em ruínas. Prova desse abandono é o facto de, em 1666, ter sido dada autorização aos monges capuchos de Guimarães para retirarem pedras do Paço, para a construção do seu novo convento.
Por altura das invasões francesas, no século XIX, o Paço foi adaptado a um quartel militar. No século seguinte, no entanto, foi reconstruído, em pleno regime do Estado Novo, sendo que a obra esteve sob a responsabilidade do arquiteto Rogério de Azevedo.
Após esta intervenção, que decorreu entre 1937 e 1959, o Paço dos Duques passou a ser a Residência Oficial do Presidente da República no Norte de Portugal. Hoje, é possível visitar este maravilhoso palácio, do qual podemos destacar diversas salas.
Começamos pela Sala de Cipião, um dos três espaços interiores que serviam como aposentos privados de D. Afonso, e que deve o seu nome às quatro tapeçarias em lã e seda, datadas do segundo quartel do século XVII, que retratam episódios importantes da vida de Cipião, general estadista e político romano.
Encontraremos também a Câmara de Dormir, que fazia igualmente parte dos aposentos privados de D. Afonso, e que se encontra ricamente decorada com mobílias, cerâmicas e têxteis datados dos séculos XVII e XVIII.
Uma das salas mais deslumbrantes do edifício é o seu Salão Nobre, com o seu curioso teto em forma de barco invertido. A sala foi projetada em madeira de castanho, no segundo quartel do século XX, sendo que a cobertura atual é uma reprodução bastante fiel ao original.
A capela é um espaço que tem também diversas atrações, contando com muitas peças de mobiliário em madeira de castanho, executadas em 1959. Outro grande destaque da capela são os seus vitrais, pintados por António Lino, que representam diversas figuras, incluindo o próprio D. Afonso e D. Constança de Noronha.
Na sua visita, poderá também encontrar locais com um nome enigmático, como o Salão dos Passos Perdidos, cuja verdadeira função original se desconhece. Aqui encontrará duas tapeçarias monumentais com elementos curiosos, que remetem para a conquista de Arzila e Tânger, em 1471.
Outra divisão curiosa é o Salão dos Banquetes, que, apesar do seu nome, não se sabe se tinha efetivamente esse uso para os duques de Bragança. Aqui encontrará um teto idêntico ao do Salão Nobre, uma longa mesa de jantar e uma tapeçaria, da mesma coleção das que estão presentes no Salão dos Passos Perdidos.
Outro espaço destinado às refeições dos duques de Bragança era a Sala de Comer Íntima, que, apesar de ser uma simples recriação, é bastante fidedigna. Aqui encontrará diversas obras relacionadas com alimentos, arcas e armários em madeira, peças de cerâmica, porcelana oriental e faiança portuguesa.
Se ficou com vontade de conhecer este lugar, saiba que é possível fazer uma visita virtual ao Paço dos Duques de Bragança, o que não é certamente o mesmo que o conhecer em pessoa, mas que já lhe permitirá descobrir alguns dos segredos deste magnífico palácio, que é, certamente, um dos mais bonitos do Norte de Portugal.