Manuel António Gomes nasceu em Arcos de Valdevez em 1868 e faleceu em Viana do Castelo em 1933. Vinha de uma família extremamente pobre e tinha seis irmãos. Após concluir os seus estudos no Seminário de Braga, decidiu seguir o caminho do sacerdócio, ganhando fama pelo seu impressionante porte físico, o que lhe rendeu o epíteto de Padre Himalaia.
O Padre Himalaia foi um dos pioneiros das energias renováveis em Portugal e no mundo, com destaque especial para a energia solar. O seu interesse pela ciência e as suas invenções surgiram com o objetivo em particular de encontrar uma forma de capturar o azoto atmosférico e utilizá-lo como fertilizante.
Para alcançar esse objetivo, desenvolveu o Pirelióforo, uma máquina gigante composta por espelhos que aproveitava a energia solar e atingia temperaturas de até 3500 ºC. Em 1904, viajou para os Estados Unidos para apresentar a sua invenção na Exposição Universal de Saint Louis, onde o Pirelióforo foi a grande estrela e recebeu duas medalhas de ouro e uma de prata.
Grandes empresários americanos e japoneses tentaram comprar a patente da sua invenção, mas o Padre Himalaia sempre recusou as ofertas. No entanto, após o término da exposição, a máquina foi misteriosamente roubada. Embora não se saiba quem foi o responsável, máquinas semelhantes começaram a aparecer nos Estados Unidos nos anos seguintes.
O Padre Himalaia permaneceu nos Estados Unidos durante algum tempo em busca de apoio financeiro para desenvolver uma bateria capaz de armazenar eletricidade gerada por energia solar. Infelizmente, as suas tentativas foram em vão e regressou a Portugal sem conseguir o apoio desejado.
Ao longo da sua vida, frequentou cursos de matemática na Universidade de Coimbra e medicina em Paris. Durante as suas viagens, adquiriu conhecimentos sobre a importância da hidroterapia, naturopatia e tratamento de doenças com águas termais e plantas medicinais. Também defendia a prática de exercícios físicos e uma alimentação equilibrada, tendo adotado o vegetarianismo. Além disso, escreveu artigos sobre os riscos do abuso de álcool e medicamentos.
Em Londres, o Padre Himalaia vendeu as suas patentes relacionadas ao uso de calor obtido a partir da energia solar para a fusão de metais, e as suas descobertas foram aplicadas em várias indústrias inglesas. Ao regressar a Portugal, participou na fundação do Jardim Botânico de Coimbra e escreveu crónicas para um jornal, defendendo a doutrina social da Igreja, que preconizava a ajuda aos mais pobres e desfavorecidos.
Em Portugal, fundou uma empresa dedicada à produção de explosivos, que ele mesmo inventou, com usos agrícolas e em pedreiras. Também trabalhou na pesquisa de minérios no subsolo.
Em 1913, afirmou ter criado uma máquina capaz de provocar chuva, utilizando um gigantesco canhão que disparava uma substância criada por si contra as nuvens. Foram feitos testes na Serra da Estrela e, segundo relatos, funcionaram. No entanto, o projeto nunca foi colocado em prática devido aos elevados custos envolvidos.
Diz-se que os alemães terão roubado as suas patentes dos explosivos e do canhão gigante para produzirem armamento utilizado na Primeira Guerra Mundial. O Padre Himalaia também registou patentes para a construção de um motor que utilizava biogás e para a transformação de crustáceos em alimentos para humanos e animais.
Mais tarde, viajou para a Argentina, onde estudou a fauna e a flora locais, e possivelmente também visitou a China e o Japão. Ao regressar a Portugal, foi viver com o seu irmão em Viana do Castelo, onde exerceu o sacerdócio num asilo para idosos.
O Padre Himalaia faleceu em 1933, aos 65 anos, deixando para trás uma vida marcada pela pobreza e pelo esquecimento. A sua visão e convicções estavam muito à frente do seu tempo, defendendo causas que só se tornariam populares 100 anos depois, como as energias renováveis, a preservação do meio ambiente e a consciencialização sobre o uso excessivo de medicamentos.
Poderia alguém pegar agora no projeto da máquina de fazer chuva? Existirão os planos do Padre? O bem que não faria hoje em dia!…