O Porto é um local cheio de encantos, rico em história e edifícios deslumbrantes. Um dos locais a não perder na cidade é o Palácio da Bolsa ou Palácio da Associação Comercial do Porto, que se situa em pleno Centro Histórico e que está classificado como Património Mundial da UNESCO.
À semelhança de outras construções palacianas locais, este edifício não foi casa oficial nem residência de reis e rainhas, até porque, desde a Idade Média, o Porto sempre foi uma cidade burguesa. Aliás, o nascimento do Palácio da Bolsa, construído no século XIX, está ligado ao lado burguês portuense.
O local foi erguido sobre as ruínas do antigo Convento de São Francisco, que foi completamente destruído durante o Cerco do Porto, em 1832. Em 1834, a rainha D. Maria II deu as terras deste convento ao corpo do comércio da cidade, de modo a que ali se instalasse o Tribunal do Comércio e da Associação Comercial, que foi criado nesse mesmo ano.
No entanto, foi só em 1842 que foi lançada a primeira pedra para a construção deste palácio, que demorou cerca de 7 décadas a estar concluído e que envolveu diversos estucadores, arquitetos, pedreiros, pintores e centenas de operários, resultando num edifício que mescla diversos estilos.
São muitos os recantos deste belíssimo edifício que merecem a sua visita, e que se destacam pela sua imponência. Comece a sua visita no imponente Pátio das Nações, que é a porta de entrada para o Palácio da Associação Comercial do Porto.
Aqui subsistem os únicos vestígios do antigo convento, assim como diversos brasões de pontos geográficos diferentes, que representam as 20 nações com quem Portugal tinha relações comerciais no século XIX.
Depois, prossiga em direção à Escadaria Nobre, um dos motivos pelos quais esta obra demorou tanto a ser concluída. Estima-se que foram necessários cerca de 40 anos para que todos os detalhes desta escadaria ficassem prontos, até porque esta conta com diversos pontos de interesse e muitos detalhes. Nesta escadaria encontrará dois lustres em bronze, da autoria de Soares dos Reis, assim como diversos bustos e frescos.
O ponto seguinte na sua visita é a Sala das Audiências, que era o antigo Tribunal do Comércio, onde se resolviam os litígios comerciais da cidade. O seu mobiliário encontra-se praticamente intacto, e o espaço apresenta uma decoração maravilhosa, com destaque para as suas pinturas. Poderá também conhecer salas como a Sala das Assembleias Gerais ou a Sala dos Retratos, igualmente interessantes.
Mas um local que não pode perder é o Salão Árabe, que nos transporta para um lugar exótico. Tudo aqui nos remete para a cultura e arquitetura muçulmana, com o projeto de Gustavo Adolfo Gonçalves e Sousa a revelar-se uma autêntica obra-prima. Este arquiteto inspirou-se no famoso Palácio de Alhambra, em Granada, que foi durante séculos o apogeu da presença muçulmana na Península Ibérica.
A decoração da sala é dominada pelos detalhes feitos em materiais como a madeira, o estuque e a folha de ouro. Nas paredes, existem inscrições árabes que se repetem e que glorificam Deus e a rainha. Os únicos elementos que fazem referência a uma identidade portuguesa são o brasão da cidade do Porto e outro com as divisas nacionais.
O local conta também com uma curiosidade. Se olhar com atenção, perceberá que entre a porta de entrada principal e o pavimento não há simetria. Este erro foi propositado, já que no Islão apenas Alá é perfeito e, portanto, uma reprodução arquitetónica não poderia ser perfeita.
Existem também outras curiosidades guardadas no Palácio da Bolsa. Por exemplo, poderá conhecer o gabinete de Gustave Eiffel, que aqui teve escritório entre 1875 e 1877.
O palácio tem também objetos valiosos e raros, como a pena de ouro que foi usada por D. Maria II quando assinou a doação dos terrenos para a construção do edifício.
Como pode ver, visitar o magnífico Palácio da Bolsa, no Porto, é conhecer um local de requinte e com uma história rica, que encanta todos os visitantes que por aqui passam. Um local a não perder!