A tarefa de escolher o mais bonito monumento português é difícil, até porque temos imensos monumentos que competem para esse lugar. Mas a verdade é que há um monumento em Portugal que simplesmente não tem comparação: o Palácio da Pena.
Aliás, este conhecido palácio não tem sequer comparação com outros monumentos do género em toda a Europa, tendo apenas alguns palácios na Alemanha que se assemelham a ele na sua grandiosidade e beleza (o que não é incomum, porque a inspiração do palácio da Pena foi o romanticismo alemão).
Portanto, não é por acaso que se trata de um dos monumentos mais visitados de Portugal e de um autêntico símbolo nacional. O Palácio da Pena é presença constante nas campanhas turísticas portuguesas e nos postais que ilustram os principais monumentos nacionais.
O palácio ergue-se sobre uma rocha escarpada, o segundo ponto mais alto da Serra de Sintra (por curiosidade, o ponto mais alto é a Cruz Alta). A edificação encontra-se na zona oriental do parque da Pena, que deve ser percorrido para se chegar à íngreme rampa que o Barão de Eschwege construiu e que dá acesso ao palácio em si.
Este é constituído por duas alas: a do antigo convento manuelino, da Ordem de São Jerónimo, e a ala edificada no século XIX por D. Fernando II. As duas alas encontram-se rodeadas de uma terceira estrutura, na qual se fantasia um imaginário castelo com merlões, ameias, torres de vigia, túnel de acesso e até uma ponte levadiça.
Em 1838, D. Fernando II adquiriu o antigo convento, erguido em 1511 pelo rei D. Manuel I e que estava devoluto desde 1834, altura em que se extinguiram as ordens religiosas. O convento tinha o claustro e suas dependências, a capela, a sacristia e a torre sineira, que são hoje o núcleo norte do palácio, ficando também conhecida esta parte como Palácio Velho.
O rei começa por mandar fazer reparações no antigo convento, que se encontrava em mau estado. Para isso, remodelou-se todo o piso superior, substituindo as celas por salas de maiores dimensões e criando-se as abóbadas que hoje vemos.
Por volta de 1843, o rei decidiu ampliar o palácio e criar uma nova ala (o Palácio Novo), que tem salas de ainda maior dimensão (como o Salão Nobre), rematando-a com um torreão circular que se encontra junto das novas cozinhas.
Todas as obras foram dirigidas pelo Barão de Eschwege, sendo que, no restauro de 1994, se repuseram as cores originais do palácio: o ocre do Palácio Novo e o rosa-velho para o antigo mosteiro.
Toda esta obra foi fortemente influenciada pelo romantismo alemão, tendo o rei encontrado provável inspiração nos castelos à beira do Reno de Rheinstein e Stolzenfels, bem como na residência de Babelsberg em Potsdam. As obras do Palácio da Pena terminaram na década de 1860, embora se tenham feito, mais tarde, diversas campanhas de decoração de interiores.
D. Fernando II mandou também plantar o Parque da Pena à maneira dos jardins românticos. Com caminhos serpenteantes, pavilhões e bancos de pedra e árvores e plantas dos quatro cantos do mundo, aproveitando o clima húmido da serra. Assim se criou um parque exótico que tem mais de quinhentas espécies arbóreas.
Uma das construções mais interessantes do parque é o Chalet da Condessa, que se encontra no seu extremo ocidental, e que foi mandado construir por D. Fernando II para a sua segunda mulher, Elise Hensler (a Condessa d’Edla). Esta construção tem dois pisos, com forte carga cénica, inspiração albina e que mantém uma relação visual bastante expressiva com o palácio.
O Palácio da Pena é Monumento Nacional desde 1910, integrando-se na Paisagem Cultural de Sintra, que foi classificada como Património Mundial da UNESCO em 1995.