Quem disse que apenas existem palácios em Sintra? A região de Trás-os-Montes convida a passeios todo o ano, quer esteja calor que esteja frio, oferecendo sempre passeios incríveis, onde o sossego e a paz reinam, e que nos permitem descobrir autênticas pérolas nesta bela região do país.
Uma dessas pérolas é o Palácio de Mateus, situado na freguesia de Mateus, em Vila Real, considerado uma das mais bonitas representações da arquitetura barroca em Portugal. Encontra-se a apenas 2 km de Vila Real e há quem o conheça exclusivamente pelo seu vinho Mateus Rosé.
No entanto, os maravilhosos jardins, os terrenos dedicados à viticultura que rodeiam o edifício, o espelho de água e o próprio solar imponente fazem deste um dos monumentos mais importantes do Norte de Portugal.
O palácio é datado de 1619, embora não se saiba ao certo quando é que o edifício original deu lugar ao Palácio de Mateus atual. Apenas se sabe com certeza que, em 1721, a propriedade era de António José Botelho Mourão, o terceiro Morgado de Mateus, e que as obras do palácio ficaram concluídas com o seu filho, em 1750.
Pensa-se que o Palácio de Mateus foi assinado pelo italiano Nicolau Nasoni, que foi também responsável pela Torre dos Clérigos no Porto, já que há uma concordância de estilos entre o palácio e outras obras deste autor.
O edifício é constituído pela casa principal, onde destacamos a biblioteca, por uma adega, uma capela e uns magníficos jardins, onde desde há 37 anos, dorme no lago uma escultura de João Cutileiro. O palácio foi considerado Monumento Nacional em 1911.
A casa em si é visitável, sendo constituída por várias salas que nos levam ao longo da sua história e dos costumes de outros tempos. No salão de entrada, podemos ver os brasões de armas do construtor da casa, António José Botelho Mourão.
Destacamos também as salas de Mateus d’Allém, onde podemos observar diferentes leitos e móveis, como se fossem receber um hóspede a qualquer momento; a sala do Tijolo, com os retratos de D. João V e de D. Maria Ana de Áustria; a sala da Louça Azul, que foi um antigo escritório, e onde pode observar os retratos da família, gravuras e fotografias da época.
A sala Rica é outro dos destaques, conhecida como sala de visitas, onde encontra um conjunto de móveis vindos das mais diferentes partes do mundo e de diversas culturas; e a sala de Arte Sacra e sala dos Paramentos, onde funcionou o museu primitivo mandado instalar por D. Francisco, 3º Conde de Mangualde, e onde encontra um acervo notável de arte sacra.
A biblioteca merece também a sua visita, já que aqui encontra, para além de inúmeros títulos, uma versão ilustrada dos Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, editada em 1816.
A capela, que se encontra já no exterior do solar, começou a ser construída ainda em vida por António José Botelho Mourão, que pretendia dar uma maior honra e glória a Deus na sua propriedade. No entanto, foi apenas inaugurada pelo seu filho, em 1759, e guarda hoje uma imperiosa coleção de relíquias.
Tal como o restante conjunto, a capela é de uma elegância arrebatadora, e encontra-se repleta de pormenores ricos e encantadores. Os jardins incríveis que rodeiam a casa dão-lhe ainda mais charme, com a sua beleza natural de cortar a respiração.
Foram mandados plantar pela Condessa de Mangualde no fim dos anos 30, mas foi o seu filho que, com um desenho de António Lino, plantou o famoso túnel de Cedros que cobre a escadaria nascente, e que, com o desenho de Paulo Bensliman, reformulou os jardins de bucho.
Para além do túnel de Cedro, há no Jardim lagos, espaços ajardinados geometricamente desenhados, e bancos que convidam a respirar o sossego e a paz do ambiente bucólico que este espaço tem. Há que ter em conta, no entanto, que uma vez que os descendentes da família Sousa Botelho ainda moram na casa, algumas salas e espaços não têm visita permitida, o que torna o espaço ainda mais misterioso e encantador.
Não pode deixar de terminar a sua visita sem conhecer as salas da adega, construída no século XVI e incluídas na casa por D. Maria Coelho Mourão e o seu marido, em 1655. Este é o local certo para uma prova de vinhos que não vai querer perder, existindo 2 modalidades: a prova de vinhos do Porto e a prova de vinhos DOP do Douro.
Assim, mais do que um monumento, o Palácio de Mateus é uma experiência maravilhosa que vai deixar boas memórias e que vai querer inúmeras vezes com aqueles que mais ama. E é também a prova de que podem existir palácios em Trás-os-Montes, bem longe da mais cosmopolita Sintra.