A capital portuguesa é uma cidade rica em museus, monumentos históricos e bairros pitorescos. Mas existe um lugar menos conhecido por muitos lisboetas e turistas que, no entanto, merece ser descoberto: o Palácio de Santos. Este é um dos mais importantes palácios de Lisboa, funcionando atualmente como embaixada de França em Portugal.
Este palácio conta com uma longa e rica história, que, por vezes, se confunde com a própria história da cidade de Lisboa. A origem do edifício remonta ao século XV, altura em que o rei D. Manuel I mandou construir uma casa junto ao rio Tejo, para albergar os seus filhos bastardos.
Ao longo dos anos, a casa acabou por ser ampliada e embelezada, até se tornar num palácio digno da corte portuguesa. Assim, não é de admirar que o local tenha sido habitado por diversos membros da família real, incluindo o rei D. Sebastião, que aqui passou os seus últimos dias antes de ir para Alcácer-Quibir, em 1578.
Após a sua morte sem herdeiros, o palácio passou para as mãos do duque de Bragança, que acabaria por se tornar no rei D. João IV, após a restauração da independência, em 1640. O duque vendeu o palácio ao conde de Aveiras que, por sua vez, o vende ao marquês de Abrantes. Foi este nobre que decidiu iniciar uma renovação extensa ao palácio, dando-lhe o seu atual aspeto barroco.
O marquês era um grande admirador da cultura francesa, tendo contratado arquitetos e artistas franceses para decorar este palácio. Incrivelmente, o local sobreviveu ao terramoto de 1755, que devastou grande parte da cidade.
Apesar disso, o palácio sofreu alguns danos devido ao maremoto e incêndios que se seguiram, e o marquês de Abrantes decide restaurar o palácio com a ajuda do arquiteto italiano Giacomo Azzolini, que acrescentou elementos neoclássicos à fachada principal.
O edifício esteve nas mãos da família Lancastre (título dos marqueses de Abrantes) até 1911, altura em que o governo francês adquiriu o local por 400 mil francos. Ali se instalou a embaixada deste país em Portugal, função que ainda hoje desempenha. Em 1948, o palácio foi classificado como Monumento Nacional pelo Estado Português.
Afinal, este edifício é uma obra-prima da arquitetura barroca portuguesa, contando com diversas influências francesas e italianas. O palácio tem uma planta em forma de U, contando com um pátio central rodeado por três corpos. O seu interior conta com diversas salas e salões, decorados com pinturas, azulejos, estuques e talhas douradas.
Algumas das suas salas mais cativantes são a Sala dos Embaixadores (onde se realizam receções oficiais, e que conta com um teto pintado e paredes revestidas a azulejos azuis e brancos); a Sala dos Espelhos (que deve o seu nome aos grandes espelhos que cobrem as paredes); a Sala de Jantar (ricamente decorada e com mobiliário de estilo Luís XVI); e a Sala do Trono (usada pelo rei D. Sebastião quando aqui residia).
Se ficou com curiosidade de conhecer o Palácio de Santos, saiba que este local pode ser visitado quatro dias por mês, mediante reserva online da entidade organizadora das visitas.
As visitas são guiadas por especialistas em história e arte, e cada uma tem a duração de uma hora, podendo ser feitas em português ou em francês, mediante a disponibilidade.
Cada bilhete custa 12 euros por pessoa, e convém que os compre com antecedência no site. Os visitantes devem apresentar-se 20 minutos antes da hora do início da visita e apresentar um cartão de identidade ou passaporte válido à entrada. É obrigatória a passagem pelo detetor de metais, assim como deixar as malas e sacos no sistema de segurança.
Visitar o Palácio de Santos é uma oportunidade única de conhecer mais de perto um pedaço da história de Lisboa, recheado de diversos tesouros artísticos e com uma arquitetura cativante. Certamente, uma visita a não perder!