Não será estranho não ter ouvido falar deste espetacular edifício, mas não se espante se lhe dissermos que é dos Palácios mais belo do nosso país. É de facto um dos mais belos, mas também dos menos afamados, Palácios de Portugal. Talvez isso aconteça por não de localizar em Sintra mas sim bem longe dos tradicionais domínios da realeza portuguesa.
Situa-se na cidade de Mangualde e intitula-se Palácio dos Condes de Anadia, sendo que a sua construção e enriquecimento da decoração de interiores se prolongou por vários séculos. Aqui é encontrada exposta ao público uma panóplia de várias correntes estilísticas.
O início desta construção data no longínquo ano de 1644, muito embora tenha sido no século posterior que surgiu o grande impulso para o seu avanço. Nesta altura dá-se o desenvolvimento da sua construção e decoração, a qual levou cerca de um século, e teve como grandes responsáveis membros da família Paes do Amaral.
Nos tempos atuais há um aspeto que tem de destacar-se, relacionado com a manutenção integral da estrutura original, situação contrária à da maioria das quintas. Por força da pressão urbana são muitos os exemplos de edifícios históricos profundamente alterados ou reconvertidos, para usar expressões suaves. E esse é um aspeto que aqui não ocorre.
Mas são muitas as características que marcam o Palácio dos Condes de Anadia, sendo que as suas dimensões são surpreendentes. A sua composição está associada não apenas a um imponente palácio, mas igualmente a áreas verdes como jardins, hortas, plantação de árvores de fruta e vinhas. Toda esta envolvência é marcada por uma combinação harmoniosa com uma zona de floresta.
A construção da casa é associada ao ano de 1730-40 e é da responsabilidade de Miguel Paiva do Amaral. Posteriormente, o seu filho, Miguel Pais do Amaral, e sua esposa, D. Joaquina Teodora de Sá e Meneses, foram responsáveis pelo redimensionamento interior com a colocação de azulejos estilo rococó.
O traço do monumento é atribuído ao arquiteto Nicolau Nasoni, que na altura residia no Porto. Este Palácio ficou ainda marcado por algumas alterações no séc. XVIII e durante o séc. XIX, tendo sido transformado num magnífico exemplo de um passado onde a arte e o requinte marcaram uma época importante na cultura portuguesa. A ligação a Anadia advém de um neto de D. Joaquina, Manuel de Sá Pais do Amaral ter casado em 1821 com a Condessa desse local.
As fachadas deste palácio são absolutamente marcadas por caraterísticas típicas. Assim, existe uma fachada ocidental, uma italianizante fachada sul e uma fachada nascente acastelada, pelas suas cantarias, pelos azulejos setecentistas, e obras de pintores como Pellegrini, Giagenti, ou Lanzarotto.
Se tivermos de localizar o Palácio dos Conde de Anadia a nível temporal, diremos que é um dos mais importantes exemplos da arquitectura senhorial setecentista. De destacar que o Palácio se associa a uma quinta adjacente e a uma zona de mata.
É um edifício que atualmente é classificado como sendo “Imóvel de Interesse Público”, podendo ser visitado com guia. É igualmente notado pela imponente fachada cor de rosa da casa e pela vinha de 10 hectares, sendo que já no século XVIII o vinho era produzido em lagares de pedra. Mas tudo isto soma 60 hectares que atualmente podem ser visitados em Mangualde.
O que visitar nos arredores do Palácio dos Condes de Anadia?
Como a caraterização do palácio nos remete para zonas de riqueza ambiental, vamos dar primazia neste espaço à Rota dos Jardins Históricos do Dão. Esta tem como ponto fulcral a cidade de Viseu, onde existe um notável conjunto de quintas de inegável valor.
Nesta zona onde a rocha dominante é o granito, associado a serras, nascentes e edificados, existem longas zonas de mata acoladas às quintas por zonas onde se encontram jardins ou pomares, o que cria uma envolvência magnífica. Para a enriquecer deve destacar-se a envolvência por várias serras, de que são exemplo o Caramulo e a Estrela.
Por nos encontrarmos na zona do Dão deve dar-se destaque aos seus vinhos, que tem fama justificada pela sua rota, castas e tipos, sejam Tintos, Brancos, Rosés ou Espumantes. Neste sentido, e porque o tema associado às serras é aqui muito importante, deve destacar-se que se visitar Mangualde, e para além da envolvência das serras do Caramulo e da Estrela já faladas, tem também próximo e com influência marcada no Dão a energizante Serra do Buçaco.
Estas proteções contra a humidade litoral e o vento continental permitem condições para produzir um vinho de caraterísticas inigualáveis. São de facto marcantes algumas variações climáticas que se traduzem no vinho desta região.
Como forma de comprovar estas afirmações aconselhamos uma visita a algumas quintas produtoras, podendo deixar sugerida uma pesquisa apurada sobre a região do Dão, onde certamente encontrarão espaços requalificados dedicados à gastronomia, produção de vinho e enoturismo de excelência.
Em Mangualde pode ainda desfrutar e ir a banhos numa infraestrutura muito interessante para miúdos e graúdos, a Live Beach, que proporcionará interessantes momentos de lazer. Neste local tem a primeira praia artificial da Europa que contribui para tornar Mangualde um destino de Verão.
Mas existem ainda outros locais em Mangualde ou nas imediações que podemos sugerir que visite, como a Citânia da Raposeira, a Praia Fluvial de Corvos à Nogueira e ainda os Museus da Cidade de Viseu para incursões mais culturais.
A Citânia da Raposeira é considerada a estação arqueológica romana mais antiga existente no concelho. Do que está explorado até hoje conclui-se que seria uma zona intimamente dedicada a atividades agrárias e domésticas e cronologicamente está associada ao século I a.C. e IV d.C.
Já a praia fluvial de Corvos à Nogueira situa-se nas margens do rio Sátão, e permite recarregar baterias em família num contexto de refúgio natural. É na Freguesia de Santos Êvos, que pode desfrutar e ir a banhos num local que embora com lotação limitada se apresenta virado para atividades familiares em comunhão com a natureza.
Relativamente aos Museus da cidade de Viseu há a destacar o Museu de História da Cidade onde pode vivenciar uma cronologia de mais de 2000 anos e o Museu Nacional Grão Vasco que representa o que existe de mais emblemático na obra do Mestre da Pintura Portuguesa no século XVI.