A República em Portugal foi declarada na manhã de 5 de outubro de 1910, resultado da revolta de diversas forças militares contra a Monarquia. Logo no dia 5, a família real abandona Portugal para o exílio. Mas, apesar de já vivermos num regime republicano há mais de 100 anos, a verdade é que a Monarquia deixou as suas marcas, e preservam-se ainda diversos vestígios dela um pouco por todo o país.
Alguns dos monumentos mais ostensivos que podemos visitar são fruto da ostentação e riqueza de reis e rainhas, algo muito presente em palácios. Também aqui se fez muita da história de Portugal, sendo que vários dos momentos mais importantes do país aconteceram entre as paredes destes palácios.
Hoje, a grande maioria deles está aberta o público e pode ser visitada. Além de ser uma visita cultural e recreativa, é também uma ótima forma de conhecer um pouco mais da história de Portugal. Portanto, deixamos-lhe 10 palácios em Portugal que tem mesmo que visitar.
1. Paço dos Duques de Bragança (Guimarães)
Foi inspirado nas moradias senhoriais francesas, e mandado construir, entre 1420 e 1422, por D. Afonso de Barcelos, o primeiro Duque de Bragança, e filho de D. João I. Foi habitado ao longo do século XV pela família Bragança, mas foi assistindo a um abandono e consequente ruína, já que a residência dos Bragança passou a ser o Paço de Vila Viçosa.
Em 1807, o edifício tornou-se num quartel militar. Foi em 1937 que se iniciaram as obras de restauração e, em junho de 1959, este palácio ressurgiu na sua imponência gótica.
2. Paço Ducal de Vila Viçosa (Vila Viçosa)
Foi mandado construir em 1501, por ordem do quarto duque de Bragança, D. Jaime, embora as obras que lhe deram as suas caraterísticas atuais se tenham prolongado pelos séculos XVI e XVII. Foi a sede da Casa de Bragança durante séculos, família nobre que se tornou reinante em 1680, pelas mãos do oitavo duque de Bragança, o rei D. João IV. É considerada uma das obras-primas da Idade Moderna portuguesa, com a sua traça a dever-se ao arquiteto Nicolau de Frias.
A fachada tem 110 metros de comprimento e encontra-se revestida com mármore da região e, no interior, o Paço Ducal tem mais de 50 salas abertas ao público, com coleções de cerâmica, ourivesaria, escultura, mobiliário, escultura e pintura.
3. Palácio Nacional da Pena (Sintra)
É um dos locais mais belos da Europa, com a sua história a atravessar diversas gerações de reis e rainhas. Mas o palácio, tal como o conhecemos, foi fruto da visão de D. Fernando II, consorte de D. Maria II, que ficou conhecido como Rei-Artista por ser um dos homens mais cultos do Portugal do século XIX. O palácio e parque da Pena são o expoente máximo do Romantismo desse século no nosso país, tendo a estrutura sido construída no segundo ponto mais alto da serra.
O palácio ocupa o lugar do antigo convento dos Monges Jerónimos de Nossa Senhora da Pena, que tinha sido erguido em 1511, mas que se encontrava devoluto. Tem duas alas: a do antigo convento, e a edificada no século XIX, e ambas estão rodeadas por uma terceira estrutura. Curiosamente, foi neste palácio que a rainha D. Amélia foi surpreendida com a notícia da proclamação da República, tendo daí partido para o exílio.
4. Palácio Real de Queluz (Sintra)
É conhecido como o Palácio de Versalhes português, pelo seu aspeto e qualidade. Na sua construção, estiveram envolvidos os melhores arquitetos, decoradores e jardineiros da Europa, tornando-se assim numa referência da arquitetura do séc. XVIII (e um dos últimos grandes edifícios rococós a ser erguido na Europa). Apesar da influência francesa, o palácio tem detalhes portugueses, como os azulejos.
Foi erguido como recanto de verão de D. pedro de Bragança, futuro consorte da sobrinha, D. Maria I. Foi também aqui que esta se refugiou quando a sua loucura continuou a piorar, em 1786. Um grande incêndio no Palácio da Ajuda, em 1794, tornou o Palácio de Queluz residência oficial do regente, o futuro D. João VI, e da sua família, e todos aqui permanecerem até à sua fuga para o Brasil, em 1807.
5. Palácio Nacional da Ajuda (Lisboa)
A sua construção teve início em fins do século XVIII, substituindo a Real Barraca, um paço real feito de madeira que foi residência oficial dos reis portugueses após o terramoto de 1755. Tem inspiração neoclássica e foi habitado com várias interrupções, tendo ficado inacabado.
Foi paço real de D. Luís I, que aí se instalou em 1861. O palácio foi encerrado após a implantação da República, e foi reconvertido em museu a partir de 1968, tendo um importante acervo de ourivesaria, pratas, joalharia, pintura, cerâmica, escultura, fotografia e mobiliário, entre outros.
6. Palácio Nacional de Belém (Lisboa)
Foi construído em 1559 por D. Manuel de Portugal, filho do primeiro conde de Vimioso, mas foi apenas no século XVIII que passou para as mãos da Casa Real Portuguesa, através de D. João V, que o adquiriu ao conde de Aveiras e o alterou radicalmente. D. João V acrescentou-lhe uma escola de equitação (cujas cavalariças são hoje parte do Museu Nacional dos Coches) e adaptou o seu interior.
Em maio de 1886, passou a ser residência oficial dos príncipes D. Carlos I e D. Amélia, e aqui nasceram os seus filhos. Após subir ao trono, os reis mudaram-se para o Palácio das Necessidades, e o Palácio de Belém passou a ser residência de ilustres convidados estrangeiros. Já depois da proclamação da República, em 1912, foi designado residência oficial do Presidente da República, estatuto que ainda hoje mantém.
7. Palácio das Necessidades (Lisboa)
Foi a única residência real que sobreviveu ao terramoto de 1755, ocupando o lugar da antiga ermida de Nossa Senhora das Necessidades, construída em 1607. D. João IV comprou as casas ligadas à ermida e tornou-as sua residência e, por sua vez, D. João V, em 1742, comprou os terrenos em volta, para ampliar a ermida e construir um palácio. Durante o reinado de D. José, o palácio funcionava como residência de príncipes estrangeiros em visita a Lisboa.
Em 1833, por iniciativa de D. Pedro IV, realizaram-se aqui alterações significativas, alterando-se a sua original aparência conventual, de modo a receber a futura soberana, D. Maria II, assumindo o palácio o papel de residência real em setembro de 1833. Com a morte prematura de D. Maria II, o seu consorte e filhos aqui continuaram a residir, mas após a morte de D. Pedro V, com apenas 24 anos, o seu irmão D. Luís I, que lhe tinha sucedido no trono, muda-se para o Palácio da Ajuda.
Anos depois, o seu filho, D. Carlos I, volta a tomar o palácio como residência real. O palácio manteve-se inalterado até ao 5 de outubro de 1910, altura em que foi bombardeado por navios atracados no Tejo, ligados a forças republicanas, o que levou a que o rei D. Manuel II o abandonasse, para nunca mais voltar.
8. Palácio Nacional de Mafra (Mafra)
É mais conhecido como Convento de Mafra, mas o conjunto inclui o palácio de estilo barroco, a que se associa um jardim e tapada. A sua construção iniciou-se em 1717, por iniciativa de D. João V, como forma de cumprir uma promessa que tinha feito, já que lhe tinha nascido o primeiro herdeiro.
Foi a partir deste palácio que a corte do príncipe regente de D. Maria I, D. João, partiu para o Brasil, em novembro de 1807. Nos últimos anos de reinado da dinastia de Bragança, passou a ser usado como residência esporádica, especialmente nas épocas de caça e veraneio. Daqui partiu para o exílio o nosso último rei, D. Manuel II.
9. Palácio Nacional de Sintra (Sintra)
A sua construção teve início no século XV, tendo-se aproveitado uma antiga construção muçulmana. Tem caraterísticas da arquitetura medieval, gótica, manuelina, renascentistas e romântica, e foi usado pela família real até ao final da monarquia, em 1910.
Foi aqui que D. Manuel I recebeu a notícia da descoberta do Brasil que nasceu e morreu D. Afonso V, que foi encarcerado D. Afonso VI e foi aqui que D. João II se tornou rei. Nos últimos anos de monarquia, foi residência de verão da rainha-mãe, D. Maria Pia, que aqui oferecia diversas receções aos estadistas que visitavam o seu filho D. Carlos I.
10. Palácio da Cidadela (Cascais)
Foi usado como residência de verão da Casa Real a partir de 1870, mas ficou afeto à presidência da República após a sua proclamação, em 1910. Foi habitado por D. Luís I e por D. Carlos I, mas também por presidentes como Manuel de Arriaga (que foi o primeiro a usá-lo), Bernardino Machado, Óscar Carmona (que aí ficou residência oficial) e por Craveiro Lopes, último presidente a viver na Cidadela. Depois da Revolução de Abril, apenas Ramalho Eanes aqui passou uma breve temporada.