Percorrendo o centro de Portugal, é possível encontrar diversas aldeias e vilas encantadoras, muita delas ricas em história e com um património que ainda hoje cativa todos os visitantes. Um desses maravilhosos locais é a vila de Penedono, onde podemos encontrar diversos pontos de interesse históricos. Uma visita a não perder!
Antigamente chamada de “Pena do Dono”, esta vila medieval encontra-se nos limites da Beira, a um passo dos socalcos da Região Demarcada do Douro, no distrito de Viseu. Na sua paisagem deslumbrante, enriquecida por contrastes impressionantes, destaca-se o seu castelo, também conhecido como Castelo do Magriço, uma fortaleza militar que ainda hoje conserva o seu encanto.
Este castelo conta com uma longa história. É referida a existência de uma fortificação primitiva em Penedono por volta do ano de 930, referência feita no âmbito da reconquista cristã da Península Ibérica. Em 960, o castelo é referido numa doação de D. Flâmula ao Mosteiro de Guimarães, dando-se a entender que o castelo era uma fortaleza de elevada importância.
E a verdade é que Penedono e o seu castelo foram palco de intermináveis lutas ao longo do século XI, trocando de mãos constantemente, ora para o lado cristão, ora para o lado muçulmano.
Foi só com o rei leonês Fernando Magno que se fez a reconquista definitiva da fortaleza. Em finais do século XIII, D. Dinis manda reforçar as defesas do castelo, reconhecendo a sua ótima localização.
No final do século XIV, D. Fernando doou estas terras e o seu castelo a Vasco Fernandes Coutinho, senhor do Couto de Leomil. Este nobre fez diversas modificações e reconstruções ao local, que se manteve como residência da sua família até finais do século XV.
Em 1512, Penedono recebeu o Foral Novo, momento histórico que teve lugar durante o reinado de D. Manuel. Apesar de tudo, aquando da visita de Alexandre Herculano ao local, em 1812, a fortificação estava em ruínas. O castelo que hoje podemos ver é o resultado de obras de consolidação e restauro feitas em 1940, promovidas pelo Estado Novo.
O castelo encontra-se a quase mil metros de altitude, revelando-se um excelente exemplo de arquitetura militar. A construção tem caraterísticas únicas, tendo um formato triangular que tem ainda uma traça românica, do século XIV.
Diz a lenda que a fortificação foi o local de nascimento de Álvaro Gonçalves Coutinho, conhecido como “Magriço”, e que foi imortalizado por Luís de Camões na sua obra “Os Lusíadas”, no canto VI, num episódio que ficou conhecido como “Magriço e os 12 de Inglaterra”.
Mas Penedono tem muito mais a conhecer para além do seu castelo, até porque este é um local abençoado pela natureza e com uma forte ocupação ao longo da história. Assim, pode aqui encontrar diversos monumentos megalíticos, como o Menir de Penedono, o Dólmen da Lapinha e a Necrópole Megalítica de Lameira de Cima, entre outros locais.
As seculares igrejas e capelas, assim como o pelourinho, são também um valiosos e muito interessante património histórico que não pode deixar de conhecer. Outro espaço que merece a sua atenção é o Solar dos Freixos, recuperado há poucos anos com o objetivo de acolher os Paços do Concelho.
E se quiser explorar um pouco mais os arredores de Penedono, saiba que existem muitos motivos de interesse para prolongar a sua visitar. Esta região, no interior centro de Portugal, tem muito mais para oferecer aos turistas do que aquilo que possa imaginar.
O grande destaque são as aldeias medievais, algumas delas classificadas como “Aldeia Histórica de Portugal”. Comece por dar um salto até Marialva, no concelho de Mêda. A seguir, faça um desvio para outra maravilhosa vila medieval de Trancoso.
Bem perto, vale a pena visitar pequenas localidades como Almendra, Castelo Melhor, Longroiva ou Freixo de Numão. Trata-se de aldeias que tiveram uma importância histórica fundamental na defesa do território português. Hoje, apesar de terem perdido a sua posição estratégica, continuam a ostentar castelos e fortificações que vale a pena conhecer.
E no final da sua visita a Penedono e a toda a região circundante, não deixe de experimentar a gastronomia local e de comprar uma lembrança no comércio da região. Para além de usufruir de um serviço de elevada qualidade, irá também contribuir para que o povo que aqui vive possa continuar a recebê-lo de braços abertos.