Nos domínios da ribeira de Loriga e da ribeira de Alvôco, no concelho de Seia, podemos encontrar cinco Poços da Broca, cada um inserido numa paisagem incrível. Apesar de estas não serem cascatas naturais, o local atrai ainda assim muitas pessoas, muito graças à sua beleza e tranquilidade.
Os Poços da Broca são locais que não existiriam se não fosse a intervenção do homem, já que todos derivam de um corte (ou broca) que os antigos habitantes da Serra da Estrela fizeram no caudal original das ribeiras que por ali passavam.
Faziam isto para tornar a terra mais rentável, de forma a aproveitar o raro chão plano que por aqui existia. Por estes lados, o espaço plano estava muitas vezes ocupado pelas violentas águas dos rios e ribeiras, e a gente da Serra propôs a ideia de perfurar as margens destes meandros, escoando o curso fluvial para outro lado, e aproveitando as terras planas para a agricultura, algo que terá de ter acontecido pelo século XVIII ou XIX.
Desde então, as águas desviadas criaram novas formações na Serra, como cascatas e poços. Alguns foram aproveitados como tanques para irrigação de terrenos, outros como energia, através da colocação de azenhas para a moagem.
Hoje, são 5 os poços que podemos encontrar em Seia, embora seja provável que existam outros, escondidos ou bloqueados pela vegetação. Caso pretenda visitar os Poços da Broca, terá de preparar previamente o percurso, uma vez que não há nenhuma rota oficial que os ligue a todos.
Mesmo assim, existem opções para fazer essa visita. A melhor forma de visitar todos os poços é pegar num carro e ir até Loriga, de modo a visitar o Poço da Broca do Serapitel. Daí, deverá descer pela M518, passando pela aldeia de Cabeça, até encontrar a povoação do Muro, onde vai encontrar o poço com o mesmo nome.
Depois, deverá usar a mesma estrada até Vide, fletindo de seguida para leste, e indo pela Nacional 230 até Barriosa, onde encontramos a rua 1 de maio, que vai de Frádigas até Aguincho, e que passa ao lado de 3 poços.
Não podemos deixar de falar um pouco de cada poço, já que cada um tem as suas caraterísticas e a sua própria beleza. Começamos pelo Poço da Broca do Muro, também conhecido por Poço Fundeiro, numa alusão à sua profundidade (ou devido ao facto de se situar no fundo de um vale). Situa-se na ribeira de Loriga e é um dos mais tranquilos dos poços aqui falados. O seu acesso faz-se pela ponta sul da povoação do Muro.
Segue-se o Poço da Broca da Barriosa, o mais famoso dos cinco. O local conta com uma praia fluvial e um restaurante (muito conhecido na região), assim como com ótimos acessos.
A sua paisagem é marcada pelos socalcos, mais uma prova da intervenção humana. Uma vez que este é o poço mais conhecido, é também o mais concorrido e, no verão, encontra-se quase sempre lotado. Mesmo assim, merece uma visita demorada.
O segundo poço mais procurado por banhistas e curiosos é o Poço da Broca de Frádigas. É um local bastante fácil de encontrar, bastando ir até à igreja de Frádigas, onde encontrará um trilho que vai lá dar direitinho.
A cascata em si é bastante larga, parecendo-se com uma descarga de dezenas de torneiras, que correm pelo frágil xisto. Acima, poderá encontrar uma ponte, que foi construída para ligar ambas as margens.
Por sua vez, o menos famoso é o Poço da Broca do Aguincho, até porque é também o que conta com piores acessos. Tem duas possibilidades de o conhecer: seguindo por um trilho, pelo lado oeste; ou, mais facilmente, através de uma estrada em terra que se faz a partir da hospedaria Retiro do Aguincho. A cascata em si forma-se numa trincheira bastante estreita, mas a sua envolvência é imperturbável e convida-nos a apreciar a tranquilidade do local.
O último dos poços é o Poço da Broca do Serapitel, que se encontra na ribeira de Loriga. Este poço encontra-se a uma altitude superior aos restantes e, por isso, encontrará por aqui temperatura mais baixas, especialmente quando o sol fica tímido. A queda de água não é especialmente corpulenta, mas a viagem acaba por compensar pelo resguardo da piscina e, claro, pela paisagem.