A presença dos ciganos em Portugal remonta há cerca de 500 anos, quando grupos provenientes do Nordeste da Índia chegaram à Península Ibérica após longas jornadas migratórias.
Durante este percurso, muitos permaneceram nos territórios por onde passaram, assimilando influências culturais e linguísticas distintas, mas mantendo uma identidade comum. Contudo, a sua história em solo português foi marcada por desafios e períodos de forte discriminação.
O primeiro registo da chegada dos ciganos a Portugal data do século XV. A sua língua peculiar, trajes vistosos e hábitos diferenciados despertaram curiosidade, mas também desconfiança.
Se, por um lado, eram vistos com fascínio, por outro, foram rapidamente marginalizados e obrigados a viver à margem da sociedade. Esta segregação reforçou a identidade cigana, preservando as tradições familiares e culturais, mas também alimentou preconceitos que perduram até aos dias de hoje. Só em 1822 lhes foi concedida a cidadania portuguesa, garantindo-lhes direitos equivalentes aos restantes cidadãos do país.
Apesar das transformações sociais ao longo dos séculos, as comunidades ciganas continuam a enfrentar dificuldades. Se, por um lado, muitos ciganos denunciam a discriminação de que são alvo, por outro, parte da sociedade critica a sua resistência à integração e a manutenção de costumes considerados incompatíveis com os padrões sociais modernos. Esta relação tensa tem raízes profundas na história de Portugal.
Desde a sua chegada, os ciganos foram alvo de políticas de repressão. A sua presença foi vista como um problema, e vários países europeus tentaram expulsá-los, sem sucesso.
Portugal adoptou uma estratégia inédita para lidar com a questão: a deportação para as colónias ultramarinas. No século XVI, durante o reinado de D. João III, foi decretado o envio de ciganos portugueses para territórios como o Brasil e África.
O historiador Angus Fraser refere que esta medida visava, não só a expulsão desta comunidade, mas também o repovoamento das colónias, que careciam de mão-de-obra e de mulheres para os colonos.
O primeiro registo oficial de um cigano deportado data de 1574, quando João de Torres e a sua família foram enviados para o Brasil. As mulheres ciganas eram geralmente destinadas às colónias africanas, enquanto os homens eram frequentemente condenados a trabalhos forçados nas galés.
No século XVII, os ciganos considerados mais problemáticos eram enviados para o Maranhão, no Brasil. No século seguinte, a comunidade cigana já tinha uma presença significativa naquele país, o que levou a novas medidas repressivas impostas pelo rei D. José I.
Ao longo dos séculos, vários decretos reforçaram a tentativa de expulsão dos ciganos. Em 1526, D. João III proibiu a entrada de novos grupos no reino e ordenou a saída dos que já estavam instalados.
Esta medida foi repetida em 1538 e agravada em 1592, quando os ciganos que não abandonassem o país no prazo de quatro meses foram ameaçados com penas severas.
No século XVII, D. João IV determinou a sua deportação para o Maranhão, Cabo Verde e São Tomé. D. João V seguiu a mesma linha e, em 1718, voltou a decretar a expulsão deste povo. Apesar destas tentativas, os ciganos nunca deixaram de fazer parte da sociedade portuguesa.
Os preconceitos contra esta comunidade têm origens históricas. Durante a Idade Média, os ciganos estavam associados a atividades como a música, a adivinhação e o trabalho com metais – profissões mal vistas na época. Muitos eram ferreiros, obrigados a recolher ferro-velho para trabalhar, o que os ligou ao conceito de lixo.
Algumas lendas populares reforçaram a desconfiança, como a crença de que um ferreiro cigano teria fabricado os pregos utilizados na crucificação de Cristo, sendo por isso amaldiçoado a uma vida de errância. O nomadismo, característica marcante deste povo, acentuou ainda mais o afastamento entre ciganos e não ciganos.
Este isolamento forçado contribuiu para que os ciganos mantivessem as suas tradições, mas também impediu uma verdadeira integração na sociedade. Muitas comunidades vivem ainda em condições de vulnerabilidade, enfrentando dificuldades no acesso à educação e ao mercado de trabalho.
A desconfiança mútua entre ciganos e não-ciganos perpetua um ciclo de exclusão social, que só poderá ser quebrado com políticas de inclusão eficazes e um esforço colectivo para desconstruir preconceitos enraizados.
A história dos ciganos em Portugal é um reflexo da complexidade das relações interculturais. Compreender os 500 anos de desafios, perseguições e resistência desta comunidade é essencial para construir um futuro mais inclusivo e justo.
O diálogo e o reconhecimento da diversidade cultural são passos fundamentais para ultrapassar os estereótipos e garantir que todos têm as mesmas oportunidades na sociedade portuguesa.
“A verdade chega a indivíduos e não a multidões”. Enquanto que a carneirada segue o que a maioria faz, pois se tanta gente o faz, é porque estará certo. Já os que desdêm esse falso moralismo alcançam inimagináveis percepções, provavelmente mais próximas de como poderíamos viver em harmonia connosco e com com os demais: com a vida e mundo. Sem inveja, sem egoísmo, com mais amor por favor. O poder cigano é progressivo, veio justo para abalar o mundo.
Boa noite Gabriela!!!Parabéns pela visão de mundo que tem!!!Por pensar fora da caixa,por não seguir o gado (carneirada) como dizemos aqui no Brasil!!!Abraços querida irmã,e que Deus sempre esteja com você!!!