Portugal é um país pequeno mas com uma história rica em feitos extraordinários, com diversos portugueses a destacarem-se e a ficar na nossa memória coletiva ao influenciar drasticamente a história do mundo. Muitas destas pessoas destacaram-se na época dos Descobrimentos, altura em que Portugal tinha apenas 1 milhão de habitantes, que mesmo assim conseguiram influenciar a sociedade e o mundo em que vivemos.
Poucos conseguem imaginar o alcance de alguns dos feitos dos portugueses. Sabia, por exemplo, que foi Portugal a abrir o caminho à globalização? Sabia que foi Portugal quem impediu que muçulmanos ou asiáticos fossem as potências mundiais dominantes em vez das europeias?
Estes e outros pormenores da história de Portugal devem-se, sobretudo, ao empenho e à sagacidade do seu povo. Mas não podemos deixar de destacar algumas figuras individuais. Conheça as façanhas de 7 portugueses que mudaram o mundo e o rumo da história.
1. Infante D. Henrique
Era o 5º filho de João I de Portugal, fundador da dinastia de Avis, e de D. Filipa de Lencastre. Não se sabe muito da sua vida até aos 14 anos. Em 1414, D. Henrique convenceu o pai a montar uma campanha para a conquista de Ceuta, e a cidade foi conquistada em agosto de 1415, assegurando a Portugal o controlo das rotas marítimas de comércio entre o Atlântico e o Levante. Nessa ocasião, D. Henrique foi armado cavaleiro e recebeu os títulos de Senhor da Covilhã e Duque de Viseu.
Em 1416, foi encarregue do governo de Ceuta, onde regressou em 1418, para acorrer à cidade, que tinha sofrido um grande cerco. Retornou a Portugal em 1419. Como dispunha de uma armada de corso, que atuava no estreito de Gibraltar, a partir de Ceuta, muitos dos seus homens habituaram-se à vida no mar. Mais tarde, alguns deles seriam usados nas viagens dos Descobrimentos, graças aos seus conhecimentos.
2. D. João II
Consolidou o poder real e construiu os alicerces para um estado moderno, tendo lançado também as bases de uma empresa colonial, cujos frutos viriam a ser colhidos nos reinados seguintes. Procurou alimentar um projeto de hegemonia peninsular, casando o seu filho, D. Afonso, com a herdeira dos reis de Castela e Aragão, a infanta Isabel. Esse casamento realiza-se em 1490, mas tudo cairá por terra com a morte do filho, pouco depois.
Apesar de ter ficado conhecido como o “tirano”, pela nobreza portuguesa, ficou para a história como um rei astuto e respeitado. O melhor elogio da sua figura foi o da sua prima Isabel, a Católica, Rainha de Espanha, que, quando soube da sua morte, disse “Murió el Hombre!”.
3. Vasco da Gama
Desde 1460, o objetivo dos esforços portugueses no mar era atravessar a extremidade sul do continente africano para assim chegar às riquezas da Índia, numa altura em que a República de Veneza dominava grande parte das rotas comerciais entre a Europa e a Ásia.
Quando Vasco da Gama tinha 10 anos, Bartolomeu Dias conseguiu dobrar o Cabo da Boa Esperança, tornando mais viável a concretização desses planos. As explorações feitas por terra corroboravam também esta hipótese.
Faltava apenas um navegador que conseguisse fazer essa ligação marítima, e essa tarefa foi atribuída a Estevão da Gama, pai de Vasco. Com a morte do pai, o comando da expedição foi delegado a Vasco da Gama, possivelmente graças ao seu desempenho ao proteger os interesses comerciais portugueses das depredações francesas, ao longo da Costa do Ouro Africana. O que é certo é que Vasco da Gama conseguiu chegar á Índia, onde chegou a ser vice-rei, e alterar assim o rumo da história.
4. Pedro Álvares Cabral
Não se sabe muito sobre a sua vida. Apenas se sabe que veio de uma família nobre da província interior, e que recebeu uma boa educação formal. Em 1500, foi nomeado para chefiar uma expedição à Índia, seguindo a rota recém-criada por Vasco da Gama.
O objetivo era trazer especiarias e estabelecer relações comerciais com a Índia. Talvez intencionalmente, a sua frota de 13 navios desviou-se bastante da costa africana, desembarcando no atual Brasil.
Como este território se encontrava dentro do hemisfério português, segundo o Tratado de Tordesilhas, reivindicou-o para a Coroa Portuguesa, antes de prosseguir a sua missão para a Índia. Assim, um suposto erro levou à “descoberta” do continente da América do Sul.
5. Afonso de Albuquerque
É reconhecido como um génio militar, graças ao sucesso da sua estratégia de expansão. Procurou fechar todas as passagens navais para o Índico e construiu uma cadeia de fortalezas em pontos-chave para transformar esse oceano num mare clausum português.
Nos últimos seis anos da sua vida, que passou enquanto governador, conseguiu estabelecer a capital do Estado Português da Índia em Goa, conquistar Malaca, chegar às ilhas Molucas, dominar Ormuz e estabelecer contactos diplomáticos com reinos da Índia, Etiópia, Sião, Pérsia e até da China.
Pouco antes da sua morte, foi agraciado com o título de vice-rei e nomeado “Duque de Goa”, sendo o primeiro português a receber um título além-mar e o primeiro duque nascido fora da família real. Foi também o segundo europeu a fundar uma cidade na Ásia (o primeiro foi Alexandre, o Grande).
6. Fernão de Magalhães
Nasceu no Porto, em 1480, e morreu em Mactan, nas Filipinas, a 7 de abril de 1521. Era descendente de uma família fidalga de Ponte da Barca, e aos 12 anos tornou-se pajem da Rainha D. Leonor. Em 1505, acompanhou D. Francisco de Almeida para a Índia, onde viveu 8 anos.
Em 1517, ao serviço do rei espanhol Carlos V, partiu de Sevilha com 5 navios e 250 homens, com o objetivo de atingir as ilhas Molucas navegando para Ocidente, procurando uma passagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Este plano tinha sido primeiro proposto a D. Manuel I, que o recusou.
Fernão de Magalhães acabou por alcançar as ilhas Filipinas em 1521, depois de ter passado por revoltas, fome e sede. Acabou por ser morto por indígenas, numa emboscada. A viagem foi terminada pelo espanhol Sebastião Delcano e por mais 18 homens, que conseguiram voltar a Sevilha em 1522, depois de terem dado a primeira volta ao mundo.
7. Francisco de Almeida
É, com toda a certeza, o nome mais desconhecido desta lista. Mas isso não significa que tenha sido menos importante do que os restantes. Francisco de Almeida foi vice-rei da Índia e participou na Batalha de Diu, que é considerada por alguns especialistas como uma das mais importantes na história da humanidade.
Francisco de Almeida atacou Diu e os seus aliados como vingança pela morte do seu filho e contra as ordens do rei português. Este ato ousado e intempestivo revelou-se, no entanto, crucial para o domínio português no Oceano índico.
A batalha foi um êxito absoluto para os portugueses. A partir desse momento, o Oceano Índico passou a estar sob total domínio nacional e, quando Portugal perdeu força como império, foram outros impérios europeus que o dominaram.
Acabava assim o controlo dos asiáticos e dos muçulmanos do lucrativo comércio de especiarias, pormenor que contribuiu para que, nos próximos séculos da história da humanidade, as grandes potências mundiais tenham sido sempre países europeus, relegando os muçulmanos e os asiáticos para a irrelevância.
Não esquecer D. Afonso Henriques que lançou as bases do primeiro estado com fronteiras bem definidas no mundo, inventando o conceito de nação, assim como D. Dinis que pela primeira vez na historia do mundo interveio na modificação do biotopo em grande escala, transformando a banda arenosa do litoral em uma frondosa floresta de pinhal.
Hoje precisamos de homens assim. Corajosos e lutadores. Mas o que temos? Não me atrevo a dizer.