Se algum dia for à praia nos arredores de Lisboa e encontrar uma pepita de ouro, não se espante. Apesar de hoje já não ser tão comum por aqui esse metal precioso, o ouro era tão abundante na região que chegou a dar o nome ao concelho de Oeiras. A cada achado mais expressivo, havia uma verdadeira corrida de garimpeiros em busca de fortuna na região, sendo que houve exploração aurífera no Tejo durante mais de 1800 anos.
Pensa-se que foram os romanos, ainda antes de Cristo, que descobriram o ouro e o aproveitaram, não só na foz, mas também ao longo de todo o percurso do rio, peneirando a areia das margens ou cavando galerias para alcançar os filões. O ouro acabou por ser dos metais mais procurados no nosso país pelos povos que pelo nosso território passaram.
No caso do Tejo, o ouro apresentava-se isolado e com uma grande pureza, tendo enriquecido muita gente, estimando-se que durante muito tempo se recolheram toneladas deste. Ainda hoje existem vestígios dessa mineração, em locais como Vila Velha de Ródão, Abrantes, Vale de Gatos (Seixal) e Constância.
No século XIX, ficaram famosas as minas da Adiça (em Almada), e de São Julião da Barra (em Oeiras), embora se pudesse encontrar ouro nas praias de toda a margem Sul. Só na mina da Adiça, entre 1814 e 1826, obtiveram-se quase 90 quilos de ouro, que foi usado para cunhar moeda.
Por outro lado, em São Julião da Barra, e na mesma época, apenas se recolheu um quilo de ouro, naquela que foi a última exploração sistemática da zona. A ideia de explorar ouro nesta localidade foi rapidamente abandonada, apesar de alguns episódios de falsas informações e de confusão geral.
Foi por esta altura que se gerou um enorme rebuliço em Lisboa, já que começou a circular o boato de que foi encontrada em São Julião da Barra uma mina de ouro riquíssima, rumor que teve de ser desmentido pelo Barão de Eschwege, Intendente-Geral das Minas e Minerais do Reino, por forma a evitar correrias inúteis, uma vez que o filão estava já esgotado.
Mas se existia ouro no Tejo, o mesmo é válido para outros locais do país, tendo Portugal sido relativamente rico em jazidas de ouro até há bem pouco tempo. Ainda hoje existem minas de ouro abandonadas desde o tempo dos romanos, desde o Norte até ao Tejo.
As últimas minas de ouro em Portugal foram as minas de Jales, no distrito de Vila Real, que fecharam atividade na década de 1990. No entanto, foram transformadas num museu e, hoje em dia, podem ser visitadas por qualquer pessoa.
Onde encontrar Ouro em Portugal?
Por estranho que possa parecer, ainda hoje é possível encontrar algumas pepitas de ouro em Portugal. Não irá ficar rico se as encontrar (porque são muito pequenas e em pouca quantidade), mas o garimpo de ouro pode ser um passatempo interessante.
Alguns dos locais mais famosos para a exploração de ouro têm sido Montemor, Valongo, Penedono, Jales e Vila Pouca de Aguiar. O rio Zêzere, na zona de Constância, o rio Ponsul, em Idanha-a-Nova e o rio Tejo (junto a Abrantes e a Vila Velha de Ródão), estão também identificados pela Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) com ocorrência de ouro.
Existem ainda indícios da presença de ouro em Boa Fé, no concelho de Évora. Na Serra da Lousã, onde outrora havia muitas minas de ouro, também é possível encontrar algumas pepitas, com alguma sorte.
No Algarve há indícios de ouro e prata no maciço da Serra de Monchique e, assim sendo, não é só o medronho que leva as pessoas a Monchique mas sim uma corrida ao ouro a que se estende também ao estuário do Rio Guadiana na zona de Castro Marim.
Nas margens do Rio Erges, em Salvaterra do Extremo, na fronteira com Espanha, são também famosas pela presença de pequenas pepitas deste minério. Existem relatos da presença deste minério no Ribeiro da Lousã, em Vila de Rei. Também já foram relatados indícios nos cascalhos das remanescentes das minas de ouro de Jales e Castromil (minas de ouro romanas).
Em Castelo Branco há rumores da presença deste minério na Ribeira do Alvito e nas antigas minas de ouro da Partida. Em Marrancos, Vila Verde, no Distrito de Braga, existem também suspeitas da presença de ouro. Também foram encontradas pepitas em Ponte de Lima no Distrito de Viana do Castelo.
Na zona do Porto, há relatos de pepitas encontradas no Rio Ave em algumas zonas de Gondomar. Na zona de Lisboa há indícios de ouro próximo à Costa da Caparica e em Oeiras sendo que, mesmo em pequena quantidade, é extremamente cativante e emocionante o seu garimpo.