No concelho de Vila Nova de Paiva, pode encontrar as minas de Queiriga, um autêntico tesouro ainda pouco conhecido pelos visitantes. No entanto, a verdade é que cada vez mais aventureiros e amantes de Geocaching se deslocam ao local, atraídos pelas particularidades únicas da gruta, e dando também a conhecer a sua beleza a outras pessoas.
Com 575 habitantes, a aldeia mais francesa de Portugal, conhecida por quadruplicar o número de moradores no verão com a chegada dos emigrantes, é agora também conhecida por outro motivo, que já circula em sites de viagens nacionais e internacionais: as minas de Queiriga.
A beleza natural das grutas de Queiriga é deslumbrante: existem espaços a céu aberto por onde entra alguma luz solar, causando um efeito de reflexão nas águas que acentua ainda mais o seu tom azul. Lá dentro, as galerias são separadas por colunas esculpidas pelos mineiros durante a procura por volfrâmio. Toda a estrutura se assemelha a clarabóias sustentadas por colunas naturais onde é possível passar de gruta em gruta por portas estreitas.
Existem várias lagoas, mas a maior delas todas é também a mais bonita, especialmente durante a hora do almoço, quando a luz natural entra na gruta e reflete na água, tornando a sua cor ainda mais intensa e brilhante. Um ambiente verdadeiramente mágico.
O acesso não é difícil mas pode ser um pouco perigoso se não tiver os devidos cuidados. Existem locais onde é fácil escorregar e ter um acidente mais aparatoso. Além disso, a falta de estruturas de apoio complica ao acesso a outras partes das grutas de Queiriga. Não existe qualquer tipo de vigilância e deve ter atenção especial por onde passa, sempre com o cuidado de não se aventurar por zonas onde pode resvalar ou onde podem ocorrer deslizamento de pedras.
A freguesia de Queiriga compõe-se das povoações de Queiriga, Lousadela, Minas de Lagares e Quinta das Valas. Dista 6 quilómetros da sede de concelho, situando-se entre a margem esquerda do Paiva e a margem direita do Vouga, numa área de 35 km2. Em inícios do séc. XX, mais concretamente na sua primeira metade, a atividade mineira era intensa no local, atingindo o seu apogeu na década de 40, altura em que se empregavam cerca de 500 operários essenciais, algo de relevo, já que era difícil encontrar mão de obra especializada.
Assim, não é de estranhar que entre estes operários se contassem várias dezenas de técnicos estrangeiros, principalmente britânicos. Daqui se extraíam principalmente Cassiterite (óxido de estanho) e volfrâmio.
Desde o apogeu mineiro que Queiriga não sofre grandes alterações, existindo ainda no limite norte da povoação as casas que na altura eram de britânico e que foram, entretanto, recuperadas para habitação permanente dos locais.
As características originais destas casas ainda se mantêm em muitos exemplares, destacando-se a arquitetura, a disposição, a caixa-de-ar acessível entre o solo e o rés-do-chão, a existência de um único piso, duas grandes águas na cobertura e generosos alpendres na fachada principal.
A comunidade mineira da altura era pequena, mas bastante homogénea em termos de nacionalidades, já que, para além dos referidos portugueses e britânicos, contratavam-se também belgas e franceses, especializados em engenharia de minas. O espírito comunitário tinha o seu apogeu no centro comunitário, de grande relevância na época, em que as pessoas se encontravam nos tempos livres para conviver e partilhar vivências.
As minas estão atualmente desativadas, mas estão a ser estudadas para fins de exploração turística por parte da Câmara Municipal de Vila Nova de Paiva e por uma empresa concessionária.
O seu interesse reside não só na sua história, mas também no seu formato invulgar, já que, não sendo a céu aberto, também não são propriamente galerias, sendo consideradas de desmonte da rocha. Este desmonte foi feito criando grandes espaços, sustentados por colunas naturais. A busca do filão levou igualmente a que tenha um desnível muito acentuado.