Assim que chegamos a Quintandona, a paisagem e arquitetura desta aldeia recheada de história chamam logo à atenção. A aldeia pertence à freguesia de Lagares, no concelho de Penafiel e embora esteja próxima de grandes centros urbanos, isso não a impede de preservar a sua tradição. A arquitetura é singular, com as construções da aldeia a utilizar granito, xisto e lousa, numa mistura que confere ao local uma personalidade muito própria.
As suas casas típicas, construídas em xisto e com flores a enfeitar as janelas, conferem à aldeia um ambiente único de tranquilidade, ótimo para um passeio de fim de semana. As ruas são estreitas e iluminadas por candeeiros antigos, os becos convidam a passear à descoberta e a capela centenária é o monumento de destaque da aldeia.
A paisagem é rural e deve ser apreciada percorrendo o caminho que liga esta aldeia ao Monte da Pegadinha, que é o maior miradouro natural de toda a zona. Ao longo deste percurso, vá com calma e observe a paisagem bucólica, os lavadouros tradicionais, a capela com mais de 200 anos e o antigo cruzeiro, testemunhos de tradições que ainda vivem por estas bandas.
Os trabalhos de recuperação de Quintandona iniciaram-se em 2005, usando-se fundos da União Europeia, mas a população participou ativamente. Ao todo, vivem na aldeia cerca de 50 pessoas, embora haja espaço para mais, e existam novos projetos que continuam a surgir. Quintandona é assim um exemplo para outras populações semelhantes pelo país, um local pacato onde a vida continua, os visitantes chegam, e onde com pouco se fez muito.
A gastronomia é também variada, podendo-se apreciar o presunto, os enchidos de porco, o cabrito assado e o arroz de forno, bem como muitas sobremesas, como o pão podre, as tortas de Penafiel, o leite-creme, os bolinhos de amor e as tortas de São Martinho.
No mês de setembro, realiza-se a Festa do Caldo, uma festa típica onde se servem os caldos tradicionais da aldeia e se recriam um espaço e tempo próprios das décadas de 1950 e 1960, altura em que o caldo era precisamente a base da alimentação da população rural. Mas nesta festa pode aproveitar e experimentar as restantes especialidades gastronómicas da região.
Na Festa do Caldo estão também presentes os jogos tradicionais e as atuações do grupo de teatro comoDEantes, que tem sede na aldeia e que se assume na área da commedia dell’arte, um género que pressupõe o uso de máscaras e a criação de textos baseadas nas vivências do povo.
Não deixe de visitar Quintandona, esta autêntica aldeia de xisto preservada, que constitui uma viagem no tempo, com a simplicidade do mundo rural e do seu povo, bem longe do stress dos centros urbanos.
Aqui pode afastar-se a correria do dia-a-dia, respirar ar puro e desfrutar da paisagem. Aproveite a visita para passear pelas ruelas estreitas e observar as flores nas janelas, os antigos candeeiros e a capela centenária, num pulsar lento que se tem mantido ao longo de gerações.
O que visitar perto de Quintandona?
Se quiser explorar os arredores de Quintandona, é possível descobrir um pouco mais nesta região. Desde logo, comece pela vizinha aldeia de Cabroelo (outra das aldeias recuperadas do concelho de Penafiel). Localizada entre a serra da Boneca e o rio Mau, Cabroelo tem beneficiado de várias obras de reconstrução nos últimos anos.
A aldeia está cada vez mais bonita e conseguiu manter a sua traça original, típica de uma aldeia dedicada à agricultura. Aqui pode também visitar o fantástico Museu da Broa, que conta com um conjunto de 6 moinhos dedicadas à moagem de cereais. Ao contrário do que se possa supor, o Museu fica um pouco isolado da aldeia e portanto deve ir de carro.
Termine a sua visita no Castro de Monte Mozinho, um dos maiores da Península Ibérica. Trata-se de um povoado romano fundado no século I e que se manteve habitável até ao século V. Hoje restam apenas as ruínas e são estas que estimulam a nossa imaginação e nos levam a pensar como seria o dia-a-dia dos seus habitantes há 2000 anos.
Se é fã de história, monumentos e arquitetura, saiba que Penafiel faz parte, juntamente com outros concelhos, da Rota do Românico. Nesta região existem diversas construções, especialmente igrejas, dignas de referência e que merecem uma visita. Salientamos o Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa, o Mosteiro de São Pedro de Cête ou o Mosteiro de São Pedro de Ferreira, entre outros.