As raças de cães portuguesas são antigas e rústicas, tendo sido principalmente usadas em atividades como a pastorícia e caça, algo que levou à sua preservação genética. São também excelentes animais de companhia, por serem dóceis, inteligentes e com um temperamento fácil.
Segundo a Federação Cinológica Internacional (FCI), um organismo que está encarregado de reger e fomentar a cinologia em todo o mundo, existem 8 raças portuguesas, devidamente reconhecidas e documentadas.
No entanto, o Clube Português de Canicultura, entidade reconhecida pelo FCI e encarregue de gerir o Livro de Origens Português (LOP), existem onze raças de origem portuguesa reconhecidas:
1. Cão de água Português
Este cão de companhia tem porte médio (16 a 25 kg), é avio, inteligente e apresenta um pelo longo, ondulado e espesso (hipoalergénico). A raça teve origem na pesca no Algarve e, por isso, são exímios nadadores, com uma corrida enérgica.
Quando mergulham, conseguem fechar as narinas e travar a respiração. São cães obedientes, mas requerem cuidados e companhia. Segundo o Livro do Guinness de 1981, são a raça mais rara do mundo.
2. Cão da Serra da Estrela
Estes mastins de tamanho grande (35 a 60 kg) são muito corajosos e são inseparáveis do pastor. Tiveram origem nos cães pastores da Serra da Estrela, usados também como cães de tração. Apesar de meigo com a família, pode ser territorial e desconfiado com estranhos.
São animais independentes e que requerem muito exercício e espaço, assim como escovagens regulares. Esta é a raça portuguesa mais reconhecida internacionalmente e com mais registos no Clube Português de Canicultura.
3. Cão Fila de São Miguel
São cães de guarda com um tamanho médio (entre os 20 e os 35 kg), com um temperamento dominante, independente e muito inteligentes, aliado a uma grande robustez física, o que requer um cuidador experiente.
Apesar de fiel e protetor, pode ser desconfiado com estranhos. A raça originou-se a partir dos cães pastores da ilha de São Miguel. Têm um aspeto rústico e musculado, com pelagem densa e raiada. São usados pelas forças de segurança pública nas equipas cinotécnicas.
4. Perdigueiro Português
Este é um perfeito cão de família, sendo meigo, sociável e muito afetuoso. Tem uma grande resistência, porte médio (entre 16 a 27 kg), corpo robusto, movimentos leves e pelagem curta e cerrada. Eram usados na caça da perdiz (de onde lhe vem o nome).
Estes animais energéticos precisam de passeios diários e de exercício físico. Apesar de se poderem mostrar relutantes com animais que não conhecem, adaptam-se bem à vida citadina e a famílias com crianças.
5. Podengo Português
Pode apresentar-se em 3 tamanhos (pequeno, médio e grande) e pode ter pelagem lisa ou cerdosa. São sociáveis e ágeis, adaptando-se na perfeição à vida dentro de casa. Apesar disso, são animais que não gostam de ficar sozinhos e que são muito ativos.
O Podengo Português é um caçador nato, usado como “cão de tapada” na caça aos coelhos e em tempos usado como caçador de ratos nas caravelas. Já foi estrela de diversos filmes e séries televisivas americanas.
6. Cão da Serra de Aires
Este é um cão de companhia e de guarda bastante ativo, inteligente, brincalhão, vigilante e reservado. Têm um tamanho médio (entre 11 e 30 kg) e são originários de cães dos pastores da Serra d’Aires em Monforte, no Alentejo.
Estes animais precisam de bastante exercício físico, sendo ágeis e rápidos. Têm pêlo comprido e áspero, liso ou ondulado, e não têm subpelo (algo único nos cães pastores), que deve ser escovado uma vez por semana.
7. Cão de Castro Laboreiro
Tem um porte médio (25 a 40 kg), e é uma raça rústica e com pelo curto que teve origem em Castro Laboreiro, Melgaço. São bons cães de guarda, muito leais à família e desconfiados na presença de estranhos.
Têm um ladrar caraterístico, que transita dos tons graves para agudos. Era usado como cão polícia e militar no Corpo de Fuzileiros, pode ser usado como cão-guia e já foi Campeão do Mundo de Agility em 1990.
8. Rafeiro do Alentejo
Este cão de grande porte (35 a 60 kg) é rústico e é mais comprido que alto. É um cão de guarda excecional, por ser territorial, ajudando a proteger os rebanhos no Alentejo. O seu temperamento dominante exige um bom plano de treino.
Este cão é dócil com a família, embora seja pouco sociável com outros animais. A sua maturação é tardia, atingindo a idade adulta aos 4 anos. Hoje, apenas existem entre 200 a 500 rafeiros do Alentejo, sendo uma raça em recuperação.
9. Barbado da Terceira
É um ótimo cão de guarda e de companhia, com porte médio (21 a 30 kg) e pelagem comprida e ondulada. É bastante conhecido pela sua capacidade de aprendizagem e instinto de proteção.
A raça evoluiu na Ilha Terceira, nos Açores, a partir de cães usados na pastorícia. Deve o seu nome à sua caraterística “barba”. São cães musculados e muito ágeis, que necessitam de passeios regulares e de cuidados com o seu pelo.
10. Cão de gado transmontano
Estes são cães de porte grande (entre 50 a 75 kg), rústicos, imponentes, energéticos e com pelo liso e denso. São conhecidos pelo seu temperamento dócil, calmo e reservado. Tinham como função guardar os rebanhos contra os ataques de lobos, na região de Trás-os-Montes.
Estes animais requerem muito espaço exterior e estão habituados a campos íngremes e a baixas temperaturas. Esta é a raça portuguesa com maior estatura e corpulência.
11. Barrocal Algarvio
Têm porte médio (15 a 25 kg), são rústicos, energéticos e ágeis. Apresentam pelo médio liso e uma caraterística cauda em caracol (em cimitarra). Este cão de caça é muito rápido e resistente, mas também inteligente, vivo, meigo e brincalhão, o que o torna um bom cão de família.
A raça originou-se no Barrocal Algarvio (os barrocos são elevações calcárias) e esteve quase extinta nos anos 60. Localmente, é conhecida como cão “abandeirado”, “fraldado”, “felpudo” ou “gadelhudo”.