Apesar de as raças de cavalo portuguesas serem consideradas como das mais belas e antigas do mundo, nem todas têm o mesmo reconhecimento, e algumas até enfrentam graves problemas de extinção.
A nível nacional e internacional, o puro sangue lusitano é uma das raças mais reconhecidas, até porque estes cavalos são considerados praticamente puros, sem terem origem nos cruzamentos com outras raças.
Mas a verdade é que existem outras raças de cavalos portuguesas que merecem ser igualmente reconhecidas. Mostramos-lhe algumas nesta lista:
1. Puro Sangue Lusitano
É o cavalo de sela mais antigo do Mundo, sendo montado há mais de 5 mil anos. A raça teve origem em Portugal, com ancestrais comuns aos da raça Sorraia e Árabe (raças que foram denominadas de cavalos ibéricos, e que descenderam de cavalos primitivos existentes na Península Ibérica). Assim, os Puro Sangue Lusitano descendem destes cavalos primitivos, tendo alguma influência de sangue árabe e de cavalos do norte de África.
A raça foi sofrendo uma seleção ao longo dos séculos, para a caça, combate, toureio, arte equestre e tiro leve. Mesmo os Gregos e Romanos da antiguidade reconheciam que eram os melhores cavalos de combate e sela do Mundo. Ao longo do tempo, foram também usados como cavalos de lazer em diversas Casas Reais europeias, tendo contribuído para a formação do Puro Sangue Inglês e desempenhado um papel preponderante no desenvolvimento da Equitação Académica.
2. Alter Real
Esta estirpe do cavalo lusitano foi inicialmente desenvolvida na coudelaria Alter-Real, em Alter do Chão, no Alentejo. A raça teve origem em inícios do século XVIII, quando trezentas éguas andaluzas foram trazidas de Jerez, em Espanha, para a Corte portuguesa. Entre 1809 e 1810, a raça viu-se em perigo, já que as tropas francesas, na sequência das invasões napoleónicas, roubaram os melhores exemplares. Os cruzamentos com cavalos Puro Sangue Inglês e árabe enfraqueceram ainda mais a raça.
Em inícios do século XX, foram tomadas medidas para se devolver ao Alter Real as suas caraterísticas antigas e cuidar da sua preservação. Hoje, a reprodução desta raça é controlada pelo Ministério da Agricultura. Estes cavalos, dóceis e inteligentes, são usados principalmente no adestramento, têm pelagem padrão castanha e uma altura entre os 1,52 e 1,62 m.
3. Sorraia
Esta raça, única no mundo, foi redescoberta em 1920 por Ruy d’Andrade. Os seus indícios remetem para a zona de confluência entre as ribeiras de Sor e da Raia (de onde vem o nome da raça), onde haveria uma extensa população destes animais, muito populares para trabalhos no campo. Tem um aspeto semelhante ao Puro Sangue Lusitano, mas crê-se que o Sorraia se terá originado de uma linhagem independente.
Apesar de serem cavalos extremamente fortes, resistentes e calmos de temperamento, a sua população é hoje muito reduzida, tendo aproximadamente 180 indivíduos. Existem somente em locais de criação e manutenção da raça, especialmente em Portugal e na Alemanha.
4. Garrano
Esta raça de equídeo é muito antiga, tendo sido separada das restantes desde o período Quaternário, enquadrando-se num grupo alargado conhecido como Cavalo Ibérico. O Garrano propriamente dito é o mais antigo entre as restantes raças irmãs do Norte da Península Ibérica e Sudoeste de França, como o Cavalo Monte da Galiza, o Asturcón das Astúrias e o Potok da Biscaia. Nativo do Minho e Trás-os-Montes, o Garrano é usado há muitos séculos como animal de carga e trabalho.
No entanto, devido ao seu tamanho menor que um cavalo comum, é considerado um pónei. Em tempos, habitou todo o Norte de Portugal, mas hoje encontra-se em estado semi selvagem em zonas da serra do Gerês, serra do Soajo, serra da Arga e serra da Cabreira. Trata-se de uma raça protegida, devido ao elevado risco de extinção a que esteve sujeito até há pouco tempo.