É um dos rios menos conhecidos do Norte de Portugal e, talvez por isso, é também um dos mais belos. Em Ribeira de Pena, no distrito de Vila Real, o rio Poio deslumbra-nos pela pureza das suas águas e pelo percurso que segue, repleto de grandes rochas, cascatas e lagoas onde nos podemos refrescar nos dias quentes.
Não é de admirar que este rio, que até há pouco tempo era apenas conhecido pelos habitantes da região (em especial da aldeia de Cerva) esteja agora a dar que falar e a atrair cada vez mais curiosos.
O rio Poio é um rio quase mágico, parte fundamental das memórias de infância dos habitantes da zona, que mantêm as suas memórias de mergulhos refrescantes nas suas lagoas. Mas desengane-se quem acha que o rio é fácil de percorrer – afinal, este é um puro rio de montanha, situado num vale estreito e com escarpas a rodear as suas margens.
Apenas é possível subir o rio no seu leito, mas este está repleto de enormes penedos (alguns do tamanho de carros e casas). Aliás, segundo os habitantes, Poio significa socalco, nome muito adequado para este belíssimo rio.
Portanto, saiba que é possível realmente subir o rio, mas que, devido às rochas, um pequeno percurso se transforma numa viagem de, no mínimo, 3 horas até chegar à cascata Cai d’Alto, ponto mais sublime do percurso do rio.
E, como o único caminho é pelo leito do rio, terá de voltar a fazer o mesmo percurso de 3 horas para voltar para trás. Por isso mesmo, é importante ter em conta o seu estado físico antes de iniciar este percurso.
Se, mesmo assim, quiser percorrer o percurso do Poio, recomendamos que comece na pequena aldeia de Cabriz. Ao passar a aldeia, vai encontrar uma pequena ponte. Estacione aí o carro e comece a subida pelo rio.
Outra hipótese é atravessar essa ponte e continuar até encontrar uma subida íngreme. Suba pela estrada empedrada até encontrar um pequeno largo onde pode estacionar. Lá em baixo, à sua esquerda, encontra-se o Poio. Se escolher esta última opção, lembre-se que, no final de um percurso de 6 horas, essa subida íngreme vai ser a machadada final nas suas pernas cansadas.
Ao longo da subida do Poio, vai encontrar muitas cascatas e lagoas, mas nem todas são adequadas a banhos. Muitas delas podem até ser bastante perigosas. Portanto, analise bem o local antes de se lançar à água.
Caso tenha a energia para fazer o percurso até ao fim, irá chegar a uma das mais altas cascatas de Portugal Continental, a cascata Cai d’Alto, com 60 metros de altura.
Como é óbvio, o Poio não acaba aqui, mas é impossível continuar a pé para o outro lado, já que o local está rodeado de escarpas altas e perigosas. Portanto, descanse e prepare-se para fazer o mesmo percurso de volta.
É importante ressaltar que este rio não é para todos, e que mesmo os mais bem preparados devem ter todos os cuidados possíveis para garantir que o passeio corre bem. Portanto, nunca faça o percurso em sandálias, mesmo que seja verão, já que saltar de rocha em rocha exige calçado resistente e aderente.
Verifique a meteorologia antes do percurso, e, se tiver chovido ou orvalhado nos últimos dias, adie o passeio, já que as rochas podem estar escorregadias e a corrente mais forte que o costume.
Nalgumas zonas do percurso, não terá rede de telemóvel, pelo que deverá ter isso em conta, já que, se houver um acidente, pode ser difícil pedir ajuda. Leve sempre comida suficiente para algumas horas, mas não leve a mochila demasiado pesada, para não o atrapalhar quando estiver a saltar as rochas.
Leve também protetor solar e um chapéu, especialmente nos meses de verão. Caso não queira carregar mais a mochila, pode sempre beber a própria água do rio, muito pura e limpa.
Convém igualmente lembrar que o percurso não é adequado a crianças, mesmo que estas já tenham alguma agilidade. Caso queira levar crianças, faça o trajeto apenas até às primeiras lagoas, a cerca de 200 metros depois de descer a encosta onde estacionou o carro.
Por fim, lembre-se que este é um dos rios menos poluídos de Portugal. Respeite isto e recolha todo o lixo que fizer, de forma a preservar este belíssimo rio e permitir que ele continue a fazer parte da vida e das memórias dos mais novos.