Podemos ser crentes ou podemos ser ateus, mas uma coisa é certa: teremos todos que reconhecer que, na história da Humanidade, existiram pessoas que alcançaram a admiração de muita gente por causa das suas obras, dos seus pensamentos, das suas acções ou dos seus sacrifícios. A estes, a Igreja Católica convencionou declarar santos. São pessoas que se caracterizaram por ter abdicado da sua própria vida em prol dos outros e por terem evidenciado, ao longo da sua vida e durante vários momentos, os princípios que regem o catolicismo.
Para serem ainda Santos é necessário que seja comprovado que realizaram milagres. Se no passado, os milagres eram mais “facilitados” e resultado apenas de relatos de pessoas próximas ao Santo, nos dias de hoje, é considerado com sendo milagre algo que foge a qualquer explicação científica e, para tal, tem que ser devidamente e longamente estudado e certificado por um conjunto de cientistas e especialistas. Conheça os 18 santos portugueses.
São Teotónio
É considerado o primeiro santo português. Natural de Ganfei, em Valença, foi para padre e tornou-se próximo de D. Afonso Henriques ainda antes da fundação do reino de Portugal, vindo a ser conselheiro do rei, que repreendeu por fazer escravos os moçárabes, cristãos que viviam sob o governo muçulmano. Foi canonizado em Roma pelo Papa Alexandre III em 1163.
Martinho de Soure
São Martinho é um herói da reconquista cristã e do povoamento de Soure, para onde se mudou, já cónego, com seu irmão Mendo, também eclesiástico do mesmo cabido. Acredita-se que quando o castelo de Soure foi destruído numa investida muçulmano, Martinho de restaurar a igreja e de ajudar os moradores, uma missão muito perigosa porque Soure se situava no limite do território cristão e a população era composta de cristãos e de mouros. Em 1144, o governador de Santarém Abu-Zakaharia ocupou Soure, que destruiu e levou cativa parte da população para Santarém, com excepção de São Martinho, que foi levado para Córdoba, onde permaneceu preso, sendo torturado e onde sofreu o martírio.
Santo António de Lisboa
Natural de Lisboa, nascido Fernando Martins, foi frade no Convento de São Vicente de Fora e depois no Convento de Santa Cruz, em Coimbra. Teólogo, é considerado o primeiro doutor da Ordem Franciscana, tendo trabalhado com Francisco de Assis. É um dos santos mais populares da igreja. O seu poder de comunicação era famoso e tornou-se o santo devoto das solteiras. Embora não pregasse sobre o cupido, conta-se que ajudaria famílias mais desfavorecidas a pagar os dotes das filhas. Foi canonizado em 1232.
Os 5 Mártires de Marrocos
Estes mártires foram cinco franciscanos enviados a pregar em Marrocos por S. Francisco de Assis em 1219. O zelo da sua fé levou-os a exagerar a sua actuação por lá e o Miramolim decidiu expatria-los, mandando prendê-los, lograram escapar-se e logo voltaram a pregar por toda a parte. Um dia, cruzaram-se com o Miramolim de Marrocos e, abordando o carro em que seguia, insistiram importunamente com o líder muçulmano para se converter ao Cristianismo de imediato. O Miramolim, chefe de Estado, chefe religioso e poder judicial, não cuidou de mais tolerâncias e ali mesmo os puniu e degolou por suas próprias mãos. Os restos mortais foram enviados para Portugal pelo infante D. Pedro, filho de D. Sancho I, que lá residia na altura e lhes tinha dado guarida e apoio à chegada. Estes restos mortais foram recebidos com grandes manifestações públicas de luto e de dor. Levados em procissão, foram depois sepultados na Igreja de St.ª Cruz, em Coimbra.
Santa Beatriz da Silva
Nasceu em Campo Maior em 1424 e foi enviada para a corte espanhola para ser dama de companhia da rainha Isabel, segunda mulher do rei João II de Castela. A beleza da jovem terá causado inveja à rainha, que a mandou fechar numa arca. Reza a história que Beatriz sobreviveu depois de rezar a Virgem Maria, foi juntar-se às monjas dominicanas em Toledo e escondeu o rosto para o resto da vida. Morreu em 1492 e conta a lenda que, quando lhe destaparam o rosto, tinha uma luz brilhante na cara. Foi canonizada em 1976.
Rainha Santa Isabel
Isabel de Aragão, rainha consorte de Portugal, casou com D. Dinis aos 12 anos. O milagre das rosas é uma das lendas em torno da sua figura, símbolo de piedade. Um dia em que saiu para distribuir pães, surpreendida pelo rei, terá dito que levava rosas e elas apareceram. Foi canonizada em 1625 pelo Papa Urbano VIII. O corpo de Isabel está preservado num túmulo de prata e cristal no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, em Coimbra. A sua mão esteve exposta no ano passado.
São João de Deus
João Cidade nasceu em Montemor-o-Novo em 1495 e é patrono dos hospitais, doentes e enfermeiros. Fundou a Ordem Hospitaleira, depois de trocar a vida militar pela assistência a doentes mentais. Ver como eram tratados os loucos quando foi internado pela forma como a conversão ao ouvir um sermão de S. João de Ávila tinha mudado o seu comportamento foi o momento de viragem. Foi beatificado pelo papa Urbano VIII em 1630 e elevado a santo pelo papa Alexandre VIII em 1690.
São Gonçalo Garcia
Frade franciscano natural de Bazaim, na altura território português na Índia, Gonçalo Garcia foi morto em 1597 no Japão, onde estava ao serviço como intérprete de missionários. Foi preso e torturado junto com os franciscanos a mando do imperador Toyotomi Hideyoshi e morreu crucificado em Nagasaki, aos 40 anos. Foi canonizado em 1862 pelo Papa Pio IX.
São João de Brito
São João de Brito nasceu em Lisboa a 1 de Março de 1647. Foi sacerdote jesuíta e trabalhou em missões na Índia, num período de perseguições religiosas. Foi morto em Ordur depois de ter dado assistência espiritual a um príncipe que se converteu ao cristianismo. O processo de beatificação ficaria parado durante os anos em que o Vaticano suprimiu a Companhia de Jesus. Acabaria por ser beatificado em 1853, 160 anos depois da sua morte. A canonização teve lugar em 1941, depois de lhe serem reconhecidos milagres.
São Nuno de Santa Maria
Nuno Álvares Pereira, Santo Condestável, nasceu no Alentejo em 1360 e comandou as tropas reais contra o exército de Castela, sendo por isso um dos símbolos da independência do país. Depois de enviuvar, juntou-se aos irmãos carmelitas. Foi canonizado a 26 de Abril de 2009, no Vaticano, pelo Papa Bento XVI. Na altura, a igreja ainda dava pormenores sobre os milagres no processo de canonização. Guilhermina de Jesus, a mulher de 65 anos que recuperou a visão depois de ter pedido a intervenção do Santo Condestável, esteve presente na cerimónia.
São José Vaz
Conhecido como José Vaz de Sri Lanka, foi o último santo de origem portuguesa na igreja católica, já pelo Papa Francisco. Foi canonizado no dia 14 de Janeiro de 2015 no Sri Lanka, onde trabalhou como missionário. Nasceu em 1651 em Goa, na altura território português e morreu de doença aos 59 anos em Sri Lanka, depois de ter trabalhado na assistência a cristãos perseguidos.
Ambrósio Francisco Ferro
O sacerdote de origem portuguesa, pensa-se que natural dos Açores, foi morto no Brasil a 3 de Outubro de 1645 durante perseguições aos católicos. Está entre os 30 padres brasileiros mártires que serão canonizados pelo Papa Francisco a 15 de Outubro e passará também a figurar entre os santos da igreja católica. Ambrósio Francisco Ferro foi torturado e morto no chamado massacre de Uruaçú, no estado de Goiás, onde hoje existe um monumento dos mártires.
São Francisco Marto e Santa Jacinta Marto
Das curtas vidas de Francisco e de Jacinta Marto, «as duas candeias que Deus acendeu para iluminar a humanidade nas suas horas sombrias e inquietas», como João Paulo II lhes chamou, há poucos registos biográficos. A mais importante fonte para o conhecimento sobre eles é constituída pelas Memórias de sua prima. Nascidos ambos em Aljustrel, com menos de dois anos de intervalo, morrem pouco tempo depois das Aparições, tal como Nossa Senhora lhes tinha anunciado: «a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu [Lúcia] ficas cá mais algum tempo» (13 de Junho de 1917). Vidas breves, mas suficientes para que a Igreja Católica reconhecesse, pela primeira vez na sua história de 2000 anos, a “heroicidade das virtudes e a maturidade de fé de crianças não-mártires”, por decreto de João Paulo II, de 13 de maio de 1989, que abriu o precedente para o reconhecimento da sua santidade.
Nesta lista podem ainda ser incluídos os Santos que viveram no território que hoje corresponde a Portugal mas numa época ainda anterior à formação do nosso país. São eles:
- Pedro de Rates, (?-60) primeiro bispo de Braga entre os anos 45 e 60
- São Manços
- Santos Veríssimo, Máxima e Júlia, mártires de Lisboa
- São Dâmaso, Papa do século IV, (305 – 11 de Dezembro de 384)
- Santa Irene, irmã de São Dâmaso, Papa do século IV
- São Vítor de Braga, mártir do século IV
- Susana, Cucufate, Torcato e Silvestre, mártires do século IV
- Santos Vicente, Sabina e Cristeta
- São Vicente de Saragoça
- Engrácia de Braga
- São Pantaleão de Nicomédia
- São Tiago Interciso, cujas relíquias se encontram na Sé de Braga
- São Martinho de Braga (518-579), bispo de Dume e de Braga
- Santa Iria de Tomar (?-653?), freira e mártir
- São Torcato Félix (?-715?), arcebispo de Braga, Porto e Dume
- São Vítor de Braga, arcebispo de Braga
- São Brissos, bispo de Évora
- São Frutuoso de Braga
- São Gaudêncio de Évora
- São Geraldo de Moissac
- São Jordão, Santa Anonimata e Santa Comba do Alentejo
- Santo Ovídio
- Santa Vilgeforte, Liberata ou Comba de Coimbra
- São Rosendo de Celanova
- Santa Senhorinha de Basto, São Gervásio e Santa Godinha
- Santa Engrácia de Braga