Num local onde o Gerês revela o seu máximo esplendor, numa explosão de vegetação, lagos e repuxos de água, encontra-se a aldeia do Soajo, que pertence a Arcos de Valdevez, e que integra cada vez mais os roteiros de passeios pelo único parque nacional em Portugal, o Peneda-Gerês. Trata-se de uma das aldeias mais bonitas de bem conservadas de todo o parque.
Soajo remonta ao século XVI, altura em que foi sede de concelho (cargo que se manteve até meados do século XIX), mas a sua origem é bem mais antiga. Prova disso são as inúmeras antas e mamoas que por aqui se encontram, sem esquecer o Santuário Rupestre do Gião.
Entrar na aldeia de Soajo é voltar atrás no tempo, com o omnipresente granito a marcar forte presença nas construções. Pode encontrar diversas construções que atestam o passado da aldeia, como a Casa da Câmara, o moinho, a Igreja Paroquial, a Casa de Eanes e o pelourinho, que se concentram num raio relativamente pequeno e que convivem na perfeição com as diversas casas de turismo rural que por aqui têm surgido.
Mas além da aldeia, a paisagem envolvente é igualmente atrativa, com a natureza a apresentar-se no seu estado mais puro. Nos arredores, não faltam poços e cascatas onde dar um mergulho nos dias mais quentes de Verão e vários trilhos e percursos pedestres para caminhar em comunhão com o mundo rural que domina estas paragens do Gerês.
Se está a planear visitar Soajo, não pode perder certas atrações. Uma delas são os espigueiros, símbolo da aldeia, que tem 24 no total. Encontram-se no Eido do Penedo, em cima de uma enorme laje granítica, e refletem a vida comunitária da aldeia. Foram construídos para armazenar o milho e protegê-lo assim dos roedores. Ainda são utilizados hoje em dia pela população.
O mais antigo espigueiro data de 1782. Todos eles são encimados por uma cruz e dominam a paisagem. Na região envolvente, pode encontrar mais aglomerados de espigueiros, sendo que o maior se encontra em Lindoso, tendo cerca de 60 espigueiros. Um verdadeiro símbolo e cartão postal destas aldeias do Gerês e de várias outras do Norte de Portugal.
Na aldeia em si, procure visitar o pelourinho, que se encontra no Largo do Eiró. Não se sabe quando foi construído, mas as teorias apontam para o século XVI como a época mais provável. O pelourinho é simples, tendo como única decoração uma espécie de cara sorridente, que a tradição local diz ser um pão a esfriar na ponta de uma lança.
E uma vez que se encontra no Gerês, procure também visitar a região envolvente. Recomendamos que visite o Poço Negro, uma das lagoas menos conhecidas, mas das mais profundas, chegando a atingir os cinco metros. Nos meses de inverno, a força das águas forma uma cascata.
Para chegar aqui, basta seguir em direção a Paradela ou Cunha, partindo do Soajo. Visite também a aldeia de Lindoso, onde encontra um castelo e o Castro de Cidadelhe, bem como o trilho dos Moinhos de Parada, um percurso de sete quilómetros a não perder.
Muito perto do Soajo, encontra uma das cinco portas de entrada no Gerês, a do Mezio, inserida num território que é Reserva Mundial da Biosfera. Procure fazer a caminhada do Mezio até Branda de Mosqueiros e respetivo miradouro, para observar a paisagem e vários monumentos pré-históricos. O passeio começa junto ao Centro de Interpretação do Mezio, dura cerca de uma hora e não é de grande dificuldade.
Já está convencido a fazer uma visita ao Soajo? Se sim, saiba que chegar à aldeia não tem que saber. Partindo do Porto, basta apanhar a A3 até Braga, e a partir daí a Nacional 101 até Ponte da Barca, seguida da Nacional 203 até Paradamonte. Depois, siga a M530 até ao Soajo. Se vem de Viana do Castelo, tome a A27 e o IC28 até Ponte da Barca. A partir daí, o percurso é o mesmo.
Uma vez aqui chegados, não lhe vai faltar comida com a qual se deliciar. Sugerimos que prove os enchidos, o cabrito à moda do Soajo, o arroz de cabidela, os charutos de ovos moles, o pão de ló e, claro, o vinho verde. Quanto à dormida, encontrará diversas casas de turismo rural que o conseguem acomodar com conforto, e sempre com as vistas que só o Gerês pode dar.
No final da sua visita, não vá embora do Soajo sem comprar uma pequena lembrança ou um produto regional. Para além de estar a comprar um produto de qualidade, estará a ajudar a economia local e os produtores locais. Trata-se de um pequeno gesto que irá ajudar a que os habitantes do Soajo possam continuar a viver aqui, no Gerês, e a recebê-lo como tão bem sabem fazer.