O rio Douro é conhecido pelas suas paisagens e pelo seu vinho do Porto, mas tem também vários tesouros, incluindo algumas das aldeias vinhateiras menos conhecidas. Uma dessas aldeias é precisamente Ucanha, que não é muito reconhecida pela maioria das pessoas, mas que é um local imperdível.
A aldeia está localizada na margem direita do rio Varosa, numa bonita encosta que desce até ao rio, e foi classificada como aldeia vinhateira do Douro em 2001. Segundo se diz, é das aldeias mais antigas da região, tendo o seu nome surgido de “cucanha”, palavra usada até ao século XVII que significava “casebre” ou “local de diversão”.
Dizem os historiadores que uma das primeiras civilizações a povoar a zona de ucanha foram os romanos, que aqui viram terrenos férteis, onde podiam desenvolver explorações agrícolas. Ainda hoje se pode aqui ver uma via romana, que ligava Ucanha a Braga. Séculos depois, os monges da Ordem de Cister mudam-se para a então Vila de Ucanha, unindo esforços para a desenvolver.
Hoje, a aldeia vinhateira tem 400 habitantes. Assim, este local é perfeito para quem procura uns dias de pura tranquilidade, no coração do Douro. A paisagem única circundante, aliada às vinhas, grandes protagonistas, e como tem poucos habitantes, Ucanha é um sítio muito pacato e pacífico.
Não pode deixar de visitar a torre e a ponte de Ucanha. Segundo se sabe, a torre de Ucanha foi mandada construir pelo clérigo D. Fernando em 1465 e tinha a função principal de defesa da aldeia, bem como o controlo de pessoas e bens e a cobrança de portagens. Estas portagens foram abolidas em 1504, e esse facto retirou alguma importância à torre, que acabou por ficar entregue ao declínio, e passou a ser usada como armazém de produtos.
Já a ponte é considerada das mais bonitas pontes medievais do país, estando situada à entrada do antigo couto de Salzedas. Assumiu particular importância na defesa deste couto monástico e tornou também mais fácil a cobrança dos direitos de portagem.
A ponte encontra-se perfeitamente enquadrada na paisagem, e, entre essa ponte e a ponte nova, há uma ínsua que é usada nos dias de maior calor como praia fluvial.
Procure visitar também as ruínas românicas de Salzedas e da Abadia Velha, a Igreja Paroquial de Ucanha e as casas da antiga Judiaria. Como a aldeia é pequena, conseguirá absorver bem a magia do local e fazer o percurso a pé através da única rua que atravessa a aldeia, que é também conhecida por ter sido o local de nascença do etnólogo e filólogo José Leite de Vasconcelos.
Se ficou com curiosidade de visitar Ucanha, aconselhamos que leve o seu tempo para chegar à aldeia, absorvendo bem a passagem a paisagem do Douro e as cidades, aldeias e vilas pelas quais vai passar, indo um pouco mais além dos locais turísticos e criando memórias únicas em locais menos conhecidos, mas que valem muito a pena a sua visita.
Nos arredores de Ucanha poderá encontrar outra das aldeias vinhateiras do Douro: Salzedas. Famosa pelo seu Mosteiro, possui também uma pequena judiaria onde pode passear e apreciar cada detalhe.
Outra opção de passeio é Lamego e o seu famoso Santuário de Nossa Senhora dos Remédios. Subir as escadas do santuário e olhar para a paisagem que o rodeia é uma experiência única. E por falar em paisagens, são também vários os miradouros que pode visitar nas redondezas. Um dos mais próximos é o miradouro de São Domingos.
Se ficou com curiosidade por conhecer outras aldeias do Douro Vinhateiro, recomenda-se uma visita até Provesende, Barcos ou Favaios, por exemplo. Em qualquer uma delas, tal como em Ucanha, irá encontrar uma comunidade cujas tradições estão fortemente ligadas à produção do famoso Vinho do Porto.
E no fim da sua visita a Ucanha, não vá embora sem antes comprar uma pequena lembrança ou um produto regional. Além de ajudar o comércio local, irá também contribuir para que os seus habitantes possam continuar a viver aqui e a recebê-lo sempre de braços abertos.