Val de Poldros é uma pequena aldeia do concelho de Monção, que se encontra às portas do Parque Nacional da Peneda-Gerês, e que tem apenas um habitante. Mas a verdade é que esta não é uma aldeia qualquer e, em bom rigor, nem deveria ser chamada de aldeia, mas sim de branda, já que nunca foi um local de habitação permanente.
As brandas eram pequenos aglomerados de habitações temporárias, que se encontravam a altitudes elevadas, espalhadas um pouco por todo o parque. Eram o local para onde os pastores traziam o seu gado durante os meses mais quentes da primavera e verão. Para trás, deixavam as inverneiras, que se situavam a altitudes mais baixas, locais onde a população vivia durante os meses mais frios.
Essa constante mudança de habitação estava relacionada com os locais que tinham melhores condições, consoante a época do ano. Portanto, durante o inverno, a população abrigava-se a baixas altitudes, onde o clima era menos extremo, e onde se podiam cultivar alguns vegetais.
Durante o verão, os pastores levavam o gado para as zonas mais altas, locais onde havia bons pastos, libertando os terrenos das inverneiras para as plantações agrícolas. Este fenómeno chama-se transumância, e foi praticado durante séculos pelas populações que viviam no Parque Nacional da Peneda-Gerês.
Hoje em dia, já quase não se pratica a transumância, apesar de ainda existirem aldeias no parque que mantêm viva esta tradição. Um bom exemplo é Fafião, onde, a cada ano, os homens transportam os seus rebanhos para o alto da montanha. No caso de Val de Poldros, a sua inverneira era a aldeia de Riba de Moura, que se encontra a 10 km de distância.
Hoje, Val de Poldros é uma das brandas mais bem conservadas, tendo-se tornado especialmente conhecida nos últimos anos por ser o local de habitação permanente de uma única pessoa. Trata-se de um antigo emigrante em Andorra, que decidiu regressar à sua terra natal e aqui viver a tempo inteiro.
De modo a combater a solidão, abriu um restaurante, que serve pratos típicos feitos com produtos regionais. Aqui não existe menu, e quem chega come aquilo que houver, o que ajuda a tornar o local ainda mais especial.
São cada vez mais os visitantes que partem à descoberta de Val de Poldros, especialmente durante o fim de semana. Para além do seu único habitante, encontram ainda as cardenhas, antigas habitações dos pastores, que abrigavam o gado no rés-do-chão.
Algumas destas cardenhas foram recuperadas e reconvertidas em unidades de turismo rural, sendo uma ótima opção para quem decide visitar a região e quer pernoitar numa típica e tradicional habitação de pedra.
Se pretende explorar a região mais a fundo, não deixe de descobrir o percurso pedestre “trilho de Santo António de Val de Poldros”. Este trilho tem pouco mais de 10 km e dificuldade moderada, permitindo-lhe conhecer as cardenhas e os caminhos percorridos pelos carvoeiros, que antigamente se dirigiam à montanha em busca de urze, de modo a produzir um carvão de qualidade superior.
Ao longo do percurso, poderá avistar manadas de éguas, o que explica o nome da terra, até porque “poldros” significa potro, cavalo novo com menos de 1 ano de idade.
Poderá também ver os “quartéis”, que eram os locais de abrigo dos romeiros que aqui chegavam para benzer o gado, todos os anos, no dia de Santo António.
Feito o percurso, nos arredores de Val de Poldros poderá também conhecer uma outra branda, a Branda da Aveleira, que tem sido bastante dinamizada nos últimos anos, com diversas casas a serem recuperadas para turismo rural e com muitos turistas a explorar esta povoação.