O Vale da Rosa é uma herdade alentejana, que se encontra entre a vila de Ferreira do Alentejo e a aldeia do Alfundão, ocupando cerca de 300 hectares de área. Este vale encontra-se no sopé da Serra do Pinheiro, e a história desta herdade é a história de um pai e de um filho, homens de ideias e de trabalho, que deixaram a sua marca na terra.
O pai, Silvestre Ferreira, era natural do Oeste português, e tinha dedicado parte da sua vida à plantação de uva num terreno para os lados de Ferreira do Alentejo. O negócio corria bem, e a vinha dava uva suficiente para a venda nacional e até para a exportação.
Assim, cada filho ocupava-se de determinada parte do trabalho, até que chegou 1974 e a revolução, período de incerteza para os latifundiários. Em 1976, as terras de Silvestre Ferreira foram ocupadas, fenómeno repetido um pouco por todo o Alentejo. Assim, Silvestre decide emigrar para o Brasil.
2 anos depois, um dos filhos de Silvestre Ferreira, de seu nome António Silvestre Ferreira, decide emigrar também para o Brasil. É nos contactos criados neste país e na sua aplicação em solo português que se encontra a raiz do que é o atual Vale da Rosa.
O pai, depois da estadia forçada no Brasil, regressa à pátria quando a herdade ocupada lhe é restituída. Decide aplicar algumas inovações de que o filho lhe tinha falado, como uma forma particular de trabalhar a vinha, através de uma proteção, que garantia o adiamento da colheita e obrigava a uva a ficar maior e com mais sabor.
Por sua vez, o filho António mantém uma vida académica no Brasil enquanto professor, o que lhe vai permitir absorver conhecimentos fundamentais para a evolução da Herdade.
Assim, por cá, Silvestre Ferreira pai escalava a produção e, no Brasil, o filho estudava variedades de uva que tinham a particularidade de não ter grainha. Em 1999, António Silvestre Ferreira decide voltar a Portugal com a intenção de produzir a uva sem grainha em que trabalhou no Brasil, plantando vinhas para esse efeito.
Em 2000, depois da morte do pai, herda parte da herdade e constitui a empresa Vale da Rosa. 5 anos depois, as videiras trazem boas notícias: a uva sem grainha adaptou-se muito bem ao local.
Desde aí, a história do Vale da Rosa tem sido um desenrolar de sucessos, com o crescimento das vendas, a diversificação do produto, a exportação para novos mercados e a abertura da herdade para quem a pretende visitar.
O programa da visita inclui acompanhamento por um guia, uma viagem à herdade num trator da casa, deambulações pelas galerias de parra e uva, e uma sessão de degustação do produto. Pode-se também participar em atividades especiais, como almoços com chefs convidados, concertos de cante alentejano, passeios de bicicleta e charrete ou a participação no trabalho da colheita, que é pago em uva.
O principal produto da herdade é a famosa uva sem grainha, que, ao contrário do que se possa pensar, não é produto do Homem. A uva sem grainha é produto da natureza e existe há séculos, mas sofria de um problema: era muito mirrada.
Para resolver esse problema, investigadores californianos procuraram aumentar o seu tamanho, mantendo a ausência de semente. Ao fim de muitos testes, a uva sem grainha foi ganhando valor comercial, e começou a espalhar-se pelo mundo, e em particular para a cabeça de um alentejano, chamado António Silvestre Ferreira.
É claro que a herdade também tem uva normal, com grainha, de diferentes variedades, até porque estas uvas continuam a ser de grande importância para mercados como o do vinho.
No entanto, o Vale da Rosa procura concentrar-se sobretudo na uva de mesa e, portanto, a prioridade está na produção de uvas sem grainha, até porque estas não são necessárias para o seu consumo simples, como acompanhamento de saladas ou em doces.
E uma vez que se encontra em Ferreira do Alentejo, não deixe de conhecer o seu património, no qual destacamos a Capela do Calvário, a Igreja da Senhora da Conceição, a Igreja Matriz e o Museu Municipal.
Nos arredores, poderá visitar o Lagar do Marmelo, que disponibiliza visitas pedagógicas, a Lagoa dos Patos, que se encontra perto da Albufeira da Ribeira de Odivelas, e a pequena povoação de Peroguarda, ainda hoje celebrada entre os locais como sendo a mais alentejana do Alentejo.