O Vale do Guadiana, que atravessa parte significativa dos concelhos de Mértola e de Serpa, conserva ainda o seu estado selvagem, com a natureza a destacar-se e a ganhar vida a cada curva. É o grande símbolo do Alentejo e cruza algumas das vilas e aldeias mais icónicas desta região.
Tem uma extensão com cerca de 70 mil hectares e é uma das zonas protegidas do país de maior importância, sendo lar de várias dezenas de espécies animais e vegetais, onde se inclui o raro trevo de quatro-folhas-peludo. É também o rio Guadiana que dá origem à Albufeira do Alqueva, o grande lago artificial do Alentejo e um dos maiores da Europa.
Ao longo do vale, pode encontrar diversas planícies, que se estendem ao longo da paisagem, mas também alguns dos pontos de interesse natural mais conhecidos do sul do país, como a queda de água do Pulo do Lobo. Por isso, recomendamos que faça uma visita à região e que tire o tempo que for necessário para a conhecer melhor.
Mas o Guadiana entra em Portugal bem mais a norte e são várias as localidades que atravessa. Longo no início, merecem destaque Campo Maior e Elvas (uma das mais bonitas cidades do Alentejo). O rio continua em direção a sul e o seu perímetro alarga-se assim que começa a entrar nos domínios da Albufeira do Alqueva.
É nesta região que se situam autênticas pérolas do Alentejo. Monsaraz é o grande destaque, com as suas casas caiadas de branco, no topo de um monte e rodeadas por muralhas. Bem perto, ficam Moura e Mourão. E seguindo um pouco mais para sul, encontramos outra agradável surpresa: Serpa, um local pouco visitado mas com muito encanto para mostrar.
A sul de Serpa começa a área do Parque Natural do Guadiana, com a sua icónica cascata do Pulo do Lobo e a belíssima Mértola. Trata-se de uma região muito pouco povoada e com muito ainda por explorar. Os turistas são poucos e por isso é uma opção ideal para quem procura uns dias de paz e sossego em contacto com a natureza.
O rio segue o seu caminho em direção ao mar, sempre para sul. A última povoação alentejana que atravessa é Alcoutim. Trata-se de uma pequena e isolada vila, típica do Alentejo mas com ligações estreitas com Espanha. Alcoutim é também outro dos locais quase secretos desta região e que merece uma visita mais demorada.
Como ponto de partida para explorar o Alentejo Interior e o Vale do Guadiana, sugerimos a vila de Mértola, que merece ser explorada antes de percorrer os trilhos que lhe sugerimos. Por isso, visite o seu castelo e desça as ruas rodeadas de casinhas caiadas deste autêntico museu ao ar livre, com uma longa e importante herança romana. Depois, siga caminho por estes trilhos:
1. Trilho PR9
O Pulo do Lobo é uma cascata de 20 metros, um local onde podemos apreciar a natureza no seu estado mais puro e observar a força das águas turvas (devido à argila) do Guadiana. Caso goste de caminhadas, siga o trilho PR9 entre a Escalda e o Pulo do Lobo, ao longo do qual encontra também a Anta das Pias. O percurso tem cerca de 5 quilómetros e meio e recomenda-se a caminhantes com alguma experiência.
2. Trilho PR8
Se procura algo de dificuldade mais baixa, o Percurso Ribeirinho (ou PR8) é perfeito para si. O caminho passa pela zona da ribeira de Vascão, um dos mais importantes afluentes do Guadiana, num percurso que se faz facilmente, mesmo sem experiência em caminhadas.
3. Rota do Minério
Se quer conhecer melhor a história da região e não tem medo a caminhadas, recomendamos a rota do minério, um caminho com 14 quilómetros que percorre antigas minas de exploração do cobre, zinco e enxofre. A exploração iniciou-se com os romanos, tendo a exploração moderna começado em 1858 pelas mãos da companhia “Mason&Barry”.
Ao longo do percurso, encontra vestígios dos 108 anos de trabalho mineiro na região. Dentro da mina, encontra diferentes pontos de interesse, como a Estação da Moitinha, a Central Elétrica e a Caso do Mineiro. Se tiver tempo (e energia), a aldeia do Pomarão merece um desvio, com o seu porto fluvial de onde partiam os carregamentos de minério para Inglaterra.
O percurso está também muito ligado ao contrabando, já que estas terras eram parte das rotas de contrabando de café, açúcar ou farinha. Depois de um longo dia de caminhadas, faça uma visita à praia fluvial da Tapada Grande e aproveite o areal vasto e as águas calmas da albufeira, num cenário que parece saído de um sonho.