As ruínas de Conímbriga, em Condeixa-a-Nova, são dos mais conhecidos vestígios romanos em Portugal. Estendem-se por uma vasta área, apresentando todos os traços de uma cidade de grandes dimensões e que só foi parcialmente escavada. Os arqueólogos acreditam que Conímbriga é uma das maiores localidades romanas conhecidas em Portugal e na Península Ibérica, apesar de só conhecerem menos de um quinto do seu tamanho real.
No museu, construído nos anos 60 do século passado, podem encontrar-se achados que surgiram ao longo de vários anos de escavações, para além de modelos que reconstituem o Fórum, templos e outros edifícios importantes daquele complexo urbano. Conímbriga é visitada anualmente por cerca de 100 mil pessoas.
Antecedentes
Muitos estudiosos pretendem que a primitiva ocupação humana de seu sítio remonte a um castro de origem Celta da tribo dos Lusitanos. O que se sabe ao certo, entretanto, é que a campanha de escavações de 1913, encontrou testemunhos da Idade do Ferro, a eles podendo juntar-se peças de pedra e bronze que podem fazer recuar o início da povoação do local.
E, nesse caso teríamos que relacionar o povo conii, o que para muitos explica a origem do topónimo actual de Coimbra, com a cultura megalítica da região sul de Portugal.
A ocupação romana
Conímbriga localizava-se na via que ia de Olisipo (actual Lisboa) a Bracara Augusta (actual Braga). Foi ocupada pelos romanos durante as campanhas de Décimo Junio Bruto, em 139 a.C.. No reinado do imperador César Augusto (século I), a cidade sofreu importantes obras de urbanização, tendo sido construídas as termas públicas e o Forum.
As referências a seu respeito em fontes literárias antigas são escassas: ao descrever a Lusitânia, a partir do Douro, Caius Plinius Secundus refere a oppida Conímbriga; o Itinerarium de Antonino, menciona-a como estação viária na estrada que liga Olisipo (Lisboa) a Bracara Augusta (Braga).
Nos finais do século IV, e com o declínio do Império Romano, foi construída uma cintura muralhada de defesa urbana, com cerca de mil e quinhentos metros de extensão, possivelmente para substituir e reforçar a antiga muralha do tempo de Augusto. A maneira um tanto rústica como este muro está construído denota uma certa urgência na sua obra, evidenciando um clima de tensão e de eminentes ataques, por parte dos povos bárbaros.
As invasões bárbaras
No contexto das Invasões bárbaras da Península Ibérica, em 464 os Suevos assaltaram a cidade, vindo a destruir parte da muralha em novo assalto, em 468.
A partir da vitória dos Visigodos sobre os Suevos, a cidade acabou por perder o seu estatuto de sede episcopal para Aeminium (hoje Coimbra), que possuía melhores condições de defesa, e para onde se transferiu a sede episcopal, embora nos Concílios até ao século VII continue a aparecer o bispo da cidade. Os habitantes que permaneceram, fundaram Condeixa-a-Velha, mais ao Norte.
Visão geral da cidade
Conímbriga é uma das maiores povoações romanas de que há vestígios em Portugal. Classificada Monumento Nacional, é a estação arqueológica romana mais bem estudada no país. Conímbriga foi à época da Invasão romana da Península Ibérica a principal cidade do Conventus Scallabitanus, província romana da Lusitânia.
Localiza-se a 16 km de Coimbra, na freguesia de Condeixa-a-Velha, a 2 km de Condeixa-a-Nova. A estação inclui o Museu Monográfico de Conímbriga, onde estão expostos muitos dos artefactos encontrados nas escavações arqueológicas, incluindo moedas e instrumentos cirúrgicos.
A casa de Cantaber
A Casa de Cantaber ocupou todo um bairro da área total da cidade de Conímbriga. Na parte de trás, tinha banhos privativos que foram construídos num grande pátio que a casa possuía com uma área de mais de um terço do total da habitação. O resto das dependências foram articuladas em torno dos quatro peristilos (galeria de colunas que rodeia um edifício ou parte dele ou o recinto rodeado de colunas) que a casa possuía. O peristilo central, ao lado da entrada e do triclinium, tinha dimensões impressionantes. Poucas casas em todo o Império Romano são conhecidas com tais dimensões.
Insula do vaso fálico
A insula do vaso fálico ocupava um bloco inteiro na rua principal da cidade, entre o fórum e as fontes termais do sul. Foi formado por blocos de casas, independentes uns dos outros, em cujo piso térreo estavam localizadas as tabernas. O seu nome provém de um vaso ritual encontrado nas suas ruínas, que tinha três falos muito característicos.
Casa dos Esqueletos
A casa dos esqueletos era uma residência de dimensões relativamente modestas dentro do complexo arqueológico da cidade de Conímbriga. As suas dependências são organizadas em torno de seu peristilo central, com uma lagoa e um pequeno jardim dentro, seguindo o estilo arquitectónico romano da época. Na sua fachada ocidental tinha três tabernas independentes da casa e abertas para o exterior, e uma pequena porta usada como entrada secundária. Os restos humanos encontrados nas suas ruínas dão nome à casa.
Casa dos Repuxos
Antes de ser remodelada, a casa dos repuxos era um estabelecimento dedicado à indústria e ao comércio. Mas no segundo século de nossa era, os seus proprietários, uma família aristocrática, tornaram-na na sua residência privada.
O seu eixo principal foi formado pelo salão largo, ao qual se acedia através de uma êxedra, do peristilo central e do triclinium. Os destaques desta casa incluem os seus ricos mosaicos e o seu peristilo, abundantemente decorados e com várias fontes construídas sobre o implúvio.
Termas do sul
Foi um dos maiores edifícios construídos na cidade romana de Conímbriga, e segue o modelo da arquitectura imperial. Uma das principais características dos banhos termais é a impressionante vista para o sul que pode ser apreciada a partir do primeiro plano. Foi dividido principalmente em três blocos, e que podiam ser acedidas através de 3 áreas: A entrada onde se encontrava uma grande piscina de água fria (natatio); A zona central, onde as áreas balneares estavam localizadas; A arena, que estava no fim de uma grande escadaria.
Fórum Romano
O Fórum Romano de Conímbriga tinha um plano de chão rectangular de cerca de 90 metros de comprimento por 46 metros de largura. A sua grande praça central foi cercada por um pórtico cujas colunas originais ainda conservam as suas bases. No extremo norte, foi erguido um templo de quase 18 metros de altura e a 2 metros acima do nível da praça. Nos seus lados e costas e a uma distância de cerca de 9 metros, havia um pórtico duplo construído, por sua vez, sob um criptopórtico. A sua construção é baseada num esquema geométrico, o triângulo pitagórico, utilizando múltiplos de um módulo que media 2,96 metros.