Por entre rios e montanhas, parques naturais e florestas, há muito para descobrir no chamado Reino Maravilhoso (como tão bem o chamou Miguel Torga) que é Trás-os-Montes. Além disso, os transmontanos sabem receber como ninguém e fazem qualquer estranho sentir-se na sua própria casa. Visitar Trás-os-Montes é uma experiência única.
Há sempre uma porta aberta, uma mesa cheia de comida e bebida para quem vem visitar, e um sorriso nos rostos, de uma forma genuína e verdadeira, como apenas os transmontanos sabem ser. Não é por acaso que este é um dos povos mais acarinhados e respeitados pelos portugueses.
Assim, se quiser fazer uma visita a esta região portuguesa, deixamos-lhe aqui 12 pequenos paraísos a não perder em Trás-os-Montes. E além dos visitar os locais e monumentos, não deixe também de provar a riquíssima e variada gastronomia transmontana.
1. Vidago
Em pleno nordeste transmontano, a pouco mais de 1 hora de viagem do Porto e a 16 km de Chaves, encontra-se Vidago, numa enorme depressão de terreno descrita pelas Serras do Alvão e da Padrela. Aqui confluem o Rio Avelames e a Ribeira de Oura, e a Norte encontra o Pico de Santa Bárbara, um local com um grande passado nacionalista.
A sua condição geográfica confere à vila um agradável microclima, que conta com ventos moderados, o que permite a prática de atividades ao ar livre durante praticamente o ano inteiro. No início do século XX, Vidago tornou-se uma vila turística de excelência, tendo sido a principal estância turística de Portugal e encontrando-se entre as principais vilas termais da Península Ibérica e até da Europa.
Foi destino de eleição da aristocracia portuguesa e europeia, que buscavam as propriedades terapêuticas das famosas águas termais. Aqui pode encontrar o famoso Vidago Palace, que ainda hoje é uma referência na hotelaria em Portugal.
2. Gimonde
Pelos limites ocidentais da aldeia de Gimonde, corre o rio Sabor, que recebe as águas dos rios Onor e Igrejas. Esta típica aldeia transmontana merece bem uma visita, especialmente se gosta de conhecer locais que mantêm as suas características típicas e o seu sossego, num cenário de grande beleza natural.
A freguesia de Gimonde está integrada na orla meridional do Parque Natural de Montesinho e é conhecida pelos seus atrativos turísticos, que se desdobram nas suas paisagens, pela vertente monumental, arqueológica, e até pela vertente gastronómica. Não deixe de visitar o Castro de Gimonde e a Ponte de Gimonde.
3. Pitões das Júnias
Localizada no extremo Norte de Portugal, o seu clima inóspito no Inverno e a consequente imigração contribuíram para que esta aldeia conservasse a sua população pequena e um característico aspeto medieval. Estas construções em pedra e a beleza natural do lugar deram início ao turismo ecológico na região, durante os anos 90.
A população da aldeia, tal como acontece noutros recantos de Trás-os-Montes, aumenta durante os meses de Verão, com a chegada dos seus descendentes, vindos principalmente de França e do Brasil. As principais atividades da população são a agricultura e a pastorícia. Infelizmente, e como acontece no interior do nosso país, Pitões das Júnias tem visto a sua população decrescer cada vez mais, o que se refletiu num crescente isolamento de quem cá vive.
4. Rio de Onor
Esta pequena aldeia do concelho de Bragança é atravessada pelo Rio Onor, que serve de linha de fronteira com Espanha, dividindo a povoação em duas partes, uma portuguesa e outra espanhola. A população vive essencialmente da agricultura e criação de gado e desloca-se e trabalha nos campos indiferentemente, quer de um lado, quer do outro da fronteira.
Em Rio de Onor pode encontrar um dialeto muito próprio, o rionorês, numa aldeia que mantém ainda o regime comunitário na administração rural, praticamente o único exemplo vivo do comunitarismo medieval.
5. Montesinho
Esta típica aldeia transmontana está situada nos contrafortes da Serra de Montesinho, a cerca de 1000 metros de altitude, em pleno Parque Natural de Montesinho. A serenidade da aldeia torna-se sedutora e convida-nos a passar os dias instalados numa das casas adaptadas para turismo, construídas em granito, com telhados de lousa e varandas em madeira totalmente abertas para a serra.
Pode passear pelas ruas da aldeia, que estão calcetadas e bem cuidadas, e descobrir a Igreja de Montesinho, o Núcleo Interpretativo de Montesinho, e o Museu, que está instalado numa casa típica transmontana, e onde pode conhecer a caracterização geológica de Montesinho e os modos de vida tradicionais desta aldeia e de Trás-os-Montes.
6. Chaves
Esta cidade do distrito de Vila Real conta com cerca de 18 500 habitantes no seu perímetro urbano, sendo por isso considerada a segunda maior cidade deste distrito. Chaves encontra-se num vale fértil junto ao Rio Tâmega, bem próximo da fronteira com Espanha. A cidade foi lar por variados povos, sendo que a presença humana na região remonta ao Paleolítico.
Existem inúmeros vestígios arqueológicos na região, atestando a presença de civilizações proto-históricas no alto dos montes que envolvem Chaves. Sob o domínio romano, a cidade passou-se a chamar Aquae Flaviae, e assim o seu nome passou para os habitantes, que ainda hoje são conhecidos como flavienses.
No património, destacamos a Ponte de Trajano, o castelo, o Forte de São Neutel, e as diversas estações arqueológicas que pode encontrar ao redor da cidade. Como a cidade é conhecida também pelas suas termas, procure fazer-lhes uma visita e provar estas águas de aroma e sabor únicos.
7. Bragança
O centro histórico de Bragança encontra-se num local compacto, que facilmente se percorre a pé. As pedras gastas são testemunhas de uma história atribulada, que remonta à Idade do Bronze, numa povoação que passou pelas mãos de romanos, suevos e visigodos, com combates que ajudaram a estabelecer as linhas de fronteira e a importância estratégica da região.
A torre de Menagem quatrocentista é o grande destaque de um dos mais harmoniosos e bem preservados Castelos de Portugal, num conjunto monumental digno de nota pela sua originalidade. Procure visitar também a enigmática Domus Municipalis, um edifício que se acredita ter acumulado as funções de cisterna e do local de reunião dos “homens bons” do concelho.
Ao lado, pode encontrar a Igreja de Santa Maria, com frontaria barroca, tipo retabular, que traduz no granito a talha dourada dos altares. Numa união singular entre épocas distintas, procure visitar o Pelourinho Medieval, que está incrustado num berrão, ou seja, numa estátua zoomórfica com origem em povos castrejos da proto-história.
8. Vilarinho de Negrões
Na margem sul da Albufeira do Alto Rabagão, pode encontrar a pitoresca aldeia de Vilarinho de Negrões, com o seu casario ainda relativamente bem preservado, que se encontra sobre uma estreita e bela península, um pedacinho de Terra que foi poupada à subida das águas da barragem. Vilarinho de Negrões é assim uma localidade que se vê diariamente ao espelho e que se distingue à distância pela sua simetria perfeita, numa espécie de Jardim do Éden Transmontano.
Bem perto daqui, pode encontrar a freguesia de Negrões, que possui um forno comunitário todo em granito, testemunho de um passado que teima em permanecer vivo por estas terras.
9. Pinhão
Esta vila da margem direita do Rio Douro é o centro da região demarcada do Vinho do Porto e um local onde estão localizadas várias quintas produtoras de vinho. A paisagem do Pinhão está classificada pela UNESCO como Património Cultural da Humanidade. A estação de caminhos de ferro é conhecida pelos seus 24 painéis de azulejos, que retratam as paisagens do Douro e aspetos das vindimas.
Estes azulejos em tons de azul são da autoria de J. Oliveira e foram encomendados em 1937 à fábrica Aleluia, situada em Aveiro. Procure visitar também as diferentes quintas de Vinho do Porto, para aprender mais sobre o processo de criação deste produto único, aproveitando para fazer uma degustação do vinho e gastronomia da região.
10. Arribas do Douro
O Parque Natural do Douro Internacional abrange 122 km de troço fronteiriço do rio Douro e do seu afluente, o rio Águeda, e integra os concelhos de Figueira de Castelo Rodrigo, Freixo de Espada à Cinta, Miranda do Douro e Mogadouro. Os desfiladeiros, escavados pelos rios, são extremamente profundos, podendo chegar a ultrapassar os 200 metros, e têm uma grande beleza, embora sejam diferentes, já que no troço internacional do Douro foram sendo construídas 5 barragens, enquanto o Rio Águeda corre ainda livre.
As margens escarpadas, denominadas de arribas, têm um riquíssimo valor faunístico, especialmente no que concerne às aves. Aqui pode encontrar grifos, abutres do Egipto, cegonhas-pretas, águias-reais e águias de Bonelli, entre outras espécies.
11. Ponte de Misarela
Também chamada de Ponte do Diabo, esta ponte está localizada sobre o Rio Rabagão, a cerca de 1 quilómetro da sua foz, no rio Cávado, na freguesia de Ruivães, concelho de Vieira do Minho. A ponte liga as freguesias de Ruivães à de Ferral, já no concelho de Montalegre.
A Ponte da Misarela encontra-se implantada no fundo de um desfiladeiro escarpado, assente sobre os penedos, e conta com alguma altitude em relação ao leito do rio, sendo sustentada por um único arco com cerca de 13 metros de vão. A Ponte da Misarela foi erguida na Idade Média e reconstruída no início do século XIX.
12. Miranda do Douro
Esta cidade portuguesa pertence ao distrito de Bragança e encontra-se nas chamadas Terras de Miranda. Nesta região, para além do português, fala-se o mirandês, que é a segunda língua oficial em Portugal e que é uma variante local da antiga língua asturo-leonesa, própria do antigo Reino de Leão. É também o lar dos famosos Pauliteiros de Miranda.
Não deixe de visitar a Sé de Miranda do Douro, o Castelo e o Ermitério os Santos. Para além disso, aproveite para se deliciar com a gastronomia da região e com as paisagens deslumbrantes, típicas do Douro, que por aqui pode encontrar.