Não podemos falar dos Açores sem falarmos da sua origem vulcânica. Afinal, a génese deste arquipélago assenta sobre 1766 vulcões, 26 dos quais ainda ativos (e 8 deles são submarinos). Não admira que tenha nascido assim o Geoparque dos Açores, parte da Rede Europeia de Geoparques, e o único no mundo que engloba 121 geossítios dispersos por 9 ilhas e zona marinha envolvente.
Das 9 ilhas do arquipélago, apenas Santa Maria não tem um vulcão ativo. As restantes têm estruturas vulcânicas que poderiam entrar em erupção, embora todos os sistemas vulcânicos sejam regularmente monitorizados por organismos nacionais e internacionais.
Assim, se quiser conhecer alguns dos mais importantes vulcões do arquipélago dos Açores, deixamos-lhe aqui as nossas sugestões. Trata-se de uma lista com os mais importantes vulcões dos Açores e de como eles originaram as ilhas onde se inserem.
1. Vulcão dos Capelinhos
Está localizado na Ponta dos Capelinhos, na freguesia do Capelo, ilha do Faial, e é uma das maiores atrações turísticas desta ilha, graças à sua singularidade paisagística. De 16 a 27 de setembro de 1957, a ilha do Faial sentiu mais de 200 abalos de terra, com intensidade em média fraca. No dia 27 de Setembro, a erupção submarina iniciou-se, a cerca de 1 km de distância da Ponta dos Capelinhos.
Esta erupção evoluiu e formou uma primeira ilha que, com o aparecimento de um istmo (porção de terra estreita, cercada por água de 2 lados que conecta 2 grandes extensões de terra) se ligou ao Faial. O vulcão esteve ativo até outubro de 1958, e o tremor e a queda de cinza e materiais de projeção destruíram grande parte das habitações e campos do Oeste do Faial.
Hoje, o Vulcão dos Capelinhos é um marco na vulcanologia mundial, já que foi uma erupção submarina que foi exaustivamente estudada, avaliada e documentada até ao fim. A área em torno do vulcão está classificada como paisagem protegida e integra a Rede Natura 2000, sendo um dos sítios do Geoparque dos Açores.
2. Vulcão das Sete Cidades
Está situado no extremo ocidental da ilha de São Miguel e é um vulcão poligenético com caldeira. O interior da caldeira é hoje ocupado por diversas estruturas vulcânicas e quatro lagoas. Duas destas lagoas, as conhecidas Lagoa Azul e Lagoa Verde, comunicam entre si. Apesar de, historicamente, o vulcão não ser palco da atividade eruptiva, o sistema vulcânico é, provavelmente, o vulcão com maior frequência eruptiva nos últimos cinco mil anos.
Nesse período, ocorreram pelo menos 17 erupções explosivas na caldeira. Faz parte do Geoparque dos Açores e tem uma grande relevância nacional e internacional, graças ao seu valor turístico, científico e pedagógico.
3. Vulcão das Furnas
Está situada no setor leste da ilha de São Miguel e é também um vulcão poligenético com caldeira, que está parcialmente ocupada pela Lagoa das Furnas. Este é potencialmente um dos três vulcões mais ativos da ilha de São Miguel, e está rodeado a Oriente pelo Vulcão da Povoação e a Ocidente pela zona fissural do Planalto da Achada.
Após o povoamento da ilha, a partir de 1439, houve registo de duas erupções. Uma terá ocorrido em 1440, e a segunda, mais bem documentada, aconteceu em 1630, a sul da caldeira. A erupção de 1630, que iniciou no dia 3 de setembro, foi a maior das erupções registadas após a colonização dos Açores.
O fumo obscureceu o Sol e cobriu a ilha durante três dias, ficando esta coberta com uma camada de cinzas que, em zonas distantes de erupção, excedeu os 1,5 m de espessura. A erupção durou 61 dias e causou algumas centenas de mortos.
4. Vulcão do Fogo
É também conhecido como Maciço Vulcânico da Serra da Água de Pau e formou-se ao longo dos últimos 300 mil anos. Esta é a caldeira mais jovem da ilha de São Miguel, tendo-se formado há cerca de 15 mil anos. A atual configuração resultou do colapso que ocorreu no topo do vulcão há aproximadamente 5.000 anos, sendo que a última erupção data de 1563.
A depressão vulcânica encontra-se preenchida em parte pela Lagoa do Fogo e por algumas praias de pedra pomes nas suas margens. É um importante recurso hídrico da ilha e, ao mesmo tempo, é a caldeira menos humanizada e modificada pelo homem. A praia da Lagoa do Fogo foi eleita uma das melhores praias selvagens do nosso país no concurso 7 Maravilhas de Portugal.
5. Vulcão de Santa Bárbara
Situa-se na extremidade ocidental da ilha Terceira e apresenta duas caldeiras, aproximadamente concêntricas. A caldeira externa resultou de um colapso ocorrido entre os 30 mil e os 25 mil anos. A caldeira interna, mais recente, teve a sua formação há menos de 10 mil anos, e foi posteriormente palco de diversas erupções, que causaram o seu preenchimento parcial. Pensa-se que este vulcão evoluiu de um vulcão em escudo para um edifício cónico de carácter mais explosivo.
Nos últimos 20 mil anos, identificaram-se 30 erupções, sendo a mais recente em 1761. O vulcão de Santa Bárbara faz parte da Reserva Natural da Serra de Santa Bárbara e dos Mistérios Negros, incluída no Parque Natural da Terceira.
6. Vulcão do Pico Alto
Este vulcão ocupa grande parte da zona central da ilha Terceira, estando a norte do vulcão Guilherme Moniz. Teve um período de intensa atividade explosiva, que conduziu à formação de uma caldeira de colapso, mas a partir daí, a sua atividade tem alternado entre efusiva e explosiva.
Não se verifica nenhuma erupção histórica neste vulcão, mas a atividade eruptiva é bastante recente, tendo ocorrido a última erupção há cerca de mil anos ou menos. As manifestações secundárias mais relevantes localizam-se a sudoeste do aparelho, no campo fumarólico das Furnas do Enxofre.
7. Vulcão Caldeira da Graciosa
Está situado no concelho de Santa Cruz da Graciosa, na Ilha Graciosa, e tem um diâmetro basal de cerca de 4,4 km e altura máxima de 405 m, sendo um vulcão relativamente baixo. A caldeira teve origem por subsidência e assentação dos materiais e está associada a erupções siliciosas explosivas que terão ocorrido há cerca de 12.200 anos.
No interior da caldeira existe uma gruta vulcânica com consideráveis dimensões, resultado de lavas que deram origem à denominada Furna do Enxofre, que, na prática, é um respiradouro vulcânico onde há saída de gases sulfurosos, tendo no fundo uma lagoa de água fria.
8. Vulcão do Pico
Aquele que é o ponto mais alto de Portugal é uma montanha de origem vulcânica, com 2351 m de altitude, situado na ilha do Pico, a segunda maior ilha do arquipélago. No topo da montanha, encontra a cratera central, o Pico Grande. No interior, encontra um cone de lava de 70 m, conhecido por Pico Pequeno, de onde saem fumarolas.
O vulcão do pico é o terceiro maior do Atlântico e é recente, com cerca de 750 mil anos de idade. A sua história eruptiva desenvolveu-se ao longo de cerca de 270 mil anos, e foram identificadas neste sistema vulcânico cerca de 22 erupções nos últimos 1500 anos. A mais recente ocorreu no ano de 1718 e deu origem aos mistérios de Santa Luzia e de São João.
9. Vulcão do Corvo
Toda a ilha do Corvo (a mais pequena dos Açores) corresponde a um edifício vulcânico com uma caldeira no topo, com cerca de uma vintena de cones secundários nos seus flancos e intra-caldeira. Assim, o Corvo é a única ilha-vulcão do arquipélago. A ilha tem uma assinalável diversidade de rochas e estruturas geológicas e vulcânicas, sendo o Caldeirão o principal elemento paisagístico e vulcânico.
A caldeira tem um diâmetro máximo de 2,3 km e profundidade de 320 m, tendo uma lagoa no seu interior. Tendo em conta a erosão marinha a que está sujeito, à natureza dos produtos vulcânicos e ao facto da ilha não ter vulcanismo histórico nem qualquer atividade vulcânica recente, o litoral da ilha do Corvo apresenta-se muito escarpado e alto. A exceção é a fajã lávica da Vila do Corvo, onde ocorreu a última erupção vulcânica da ilha.
10. Vulcão Caldeira do Faial
O vulcão corresponde a um grande edifício vulcânico central que ocupa a maior parte da área do Faial. Formou-se a partir de numerosas erupções, intercaladas com períodos de acalmia, ao longo dos últimos 400 mil anos. Apresenta no topo uma grande depressão com cerca de 2 km de diâmetro, que corresponde à caldeira.
No interior desta, existe um cone piroclástico, um domo traquítico e uma zona alagada de regime intermitente. Esta zona foi antes uma lagoa, que foi drenada em 1958, durante a atividade sísmica associada à erupção dos Capelinhos, dando origem a uma erupção hidromagmática no interior da caldeira.
No lado sul da caldeira, no Cabeço Gordo, atinge-se a maior altitude da ilha do Faial, com 1043 m, de onde se pode desfrutar de uma paisagem única que envolve o Faial e as ilhas vizinhas.